Em um século a população brasileira praticamente decuplicou. Saltou de aproximadamente 17 milhões, em 1.900, para 170 milhões, em 2.000. Quem vivenciou certamente irá lembrar os “90 milhões em ação”, em 1.970, na Copa do México. Os números não mentem, trinta anos depois a populaçào brasileira cresceu mais de 80%. Se considerarmos que no início da década de 60 o Brasil era um país de população predominantemente rural, no final do século o processo se inverteu. O êxodo para as cidades fez com que os municípios crescessem desordenadamente, com todas as consequências possíveis. Principalmente nas condições de moradia.
Para se ter uma ideia, só no Rio de Janeiro, entre 1.970 e 2.000, a quantidade de moradores de favela aumentou consideravelmente. Em 1.970, o censo apurou o equivalente, em números redondos, a 700 mil moradores de favela, para 3,7 milhões habitantes. Três décadas depois, em 2.000, apurou 1,1 hum milhão e cem mil moradores de favela, para 4,8 milhões de habitantes. Hoje, no Brasil todo, não existe um número preciso. Mas são milhões os moradores de favelas. São tantas as favelas que somos o terceiro país do mundo em quantidade.
Segundo alguns cálculos, se o processo de crescimento populacional e de favelização continuar no mesmo ritmo, em 2.020, seis anos após a Copa do Mundo e quatro após os Jogos Olímpicos, ambos os eventos a serem realizados em nosso país, a quantidade de favelados saltará para 55 milhões. Ou alguém duvida da utilização de recursos da área social, da educação ou da saúde para a reforma e construção de equipamentos esportivos superfaturados?
Foi o que aconteceu com a realização do Pan no Rio de Janeiro, estado que concentra uma grande quantidade de favelas e de esgoto sem tratamento que corre a céu aberto. São 20 mil toneladas por minuto que correm em direção às praias e lagoas cariocas. Lá, os equipamentos construidos para o Pan estão sendo subutilizados ou utilizados para outras finalidades. Isso por falta de programas, planejamento e por terem sido construidos muito afastados das zonas mais carentes. Segundo o TCU, existem ainda vários problemas com a prestaçào de contas. Aliás, o Tribunal de Contas da União, instituiçào de fiscalização que deveria ser fortalecida, até para apurar o que vem pela frente, já está sendo alvo de fritura.
A verdade é que somos um povo festeiro. E quem toma conta do nosso dinheiro sabe disso. Não importa se falta moradia, comida trabalho ou educação, alicerces para uma nação forte, pujante, inclusive no esporte. O que importa é fazer obras e fazer festa.