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sábado, 2 de julho de 2011

PROGRAMA SEGUNDO TEMPO

O Programa Segundo Tempo do Ministério do Esporte surgiu logo após o TCU apurar que o desporto de rendimento era quem recebia a maior parcela dos investimentos federais na área do esporte. Investimentos, cujo montante, segundo aquele órgão, ultrapassava em muito os destinados às categorias de base. Procedimento que contrariava a Constituição Federal, cujo Artigo 217 é claro: A prioridade dos investimentos públicos têm de ser no desporto educacional. Em casos específicos no desporto de alto rendimento.
Se o Programa Segundo Tempo veio para suprir essa lacuna, o tiro saiu pela culatra. E como sempre, o prejudicado é o povo que paga as contas. Indignado, o professor Ernani Contursi, presidente do Sindicato dos Professores de Educação Física do Rio de Janeiro, afirmou que de cada dez professores que atuam no Programa Segundo Tempo, apenas dois sâo formados em Educação Física. Fez esta afirmação preocupado, naturalmente, com o descaso com que a categoria que preside é tratada. Mas o descaso vai muito além. Passa pelo desrespeito à nossa Constituição no momento em que a prioridade continua sendo o alto rendimento. No âmbito federal, Copa do Mundo e Olimpíadas. No estadual e municipal, Jogos Regionais e Jogos Abertos. A fortuna que é gasta e será gasta nestes eventos com a construção de estádios, arenas e outros complexos esportivos é absurda. E pior. Sem planejamento, erguidos em locais inadequados e com manutenção precária, a maioria se transforma em verdadeiros elefantes brancos.
A massificação da prática esportiva, o fortalecimento da base, isso é o que menos importa. Um programa que envolve millhões de reais, no mínimo, deveria estar sendo utilizado com planejamento e critério. É o que se poderia esperar de um país que se diz olímpico. Mas , infelizmente, a nossa realidade é outra. A apresentadora Regina Casé foi feliz quando disse que o país está se especializando em realizar festas, eventos. Afinal, somos um povo festeiro. A revelação feita pelo presidente Ernani Contursi, em audiência pública na Comissão de Turismo e Desporto da Câmara dos Deputados em Brasília, no mínimo deveria provocar a criação de uma CPI.