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segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

ANIMAL DE ESTIMAÇÃO E DE ABATE

O descaso com a administração pública transformou-se num eterno problema. Fecham-se os acordos antes das eleições objetivando a partilha do bolo orçamentário. A intenção não é nobre, muito pelo contrário. O objetivo sempre foi e continua sendo a utilização da coisa pública em benefício próprio, em benefício da coisa privada. É o setor onde a maldita hipocrisia reina absoluta. Tão absoluta que a verdade, a seriedade e a honestidade são ironizadas.
É com essa distorção secular que o estado vem sendo administrado. Setores inchados e chefiados por pessoas despreparadas é algo corriqueiro. Da mesma forma que se tornou corriqueiro, até para conseguir algum cargo e melhorar o salário, o funcionário de carreira servir a alguém e não ao público. Conseqüência também da ausência de um Plano de Cargos, Carreiras e Salários.
A questão é que ao abrir mão de princípios, tornando-se obediente e manso, verdadeiro animal humano domesticado, a sua transformação em animal de abate também é uma realidade. O que já não acontece com o gato ou o cãozinho de estimação.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

AGRESSÃO AMBIENTAL

A questão do herbicida contra-indicado para áreas urbanas, levantada pelo leitor Alberto Nóbrega no Jornal A Tribuna, merece ser apurada com mais rigor. Inclusive pelo COMDEMA. A preocupação do leitor com os cães e com as crianças pode ser estendida também às plantas, aos pássaros e as libélulas. Predadores naturais do mosquito.
Lembro que plantamos várias mudas de árvores ao longo da R. Luiz Di Renzo, no bairro São Jorge. Cedidas pelo Jardim Botânico, todas tinham aproximadamente um metro de altura. Adubadas e protegidas por grades de madeira, as arvorezinhas ainda frágeis não sentiram muito a mudança. Logo começaram a dar sinais de vida. Porém, passado algum tempo, quase todas secaram. Morreram. Coincidentemente, após a aplicação de herbicida em volta delas.

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

PETROBRÁS: LUCRO OU PREJUIZO?


O leitor Nestor Jesus de Sant'anna faz uma denúncia no Jornal A Tribuna que merece providências e reflexão. Trata-se da ocupação das encostas dos morros, conforme foi publicado no dia 24 passado, mais especificamente das encostas do Monte Serrat.
Há algum tempo, conheci um cidadão que nasceu e continua morando no município de Macaé, estado do Rio de Janeiro. Portanto, aos sessenta anos, conhece Macaé antes e depois da chegada da Petrobrás. Segundo ele, conheceu a Macaé tranqüila; Macaé das casas de muros baixos, onde se podia dormir com as janelas abertas. Após a chegada da Petrobrás, a população duplicou. A maioria, sem qualificação profissional, chegava e não conseguia emprego. Sem ter onde ficar, foi se acomodando em barracos. E assim proliferaram as favelas. E na mesma proporção, proliferaram a violência e o tráfico de entorpecentes.
Em uma análise lúcida de quem não tem a experiência de um sociólogo, de um cientista político ou de qualquer outra profissão afim, a não ser a de ter vivenciado as duas situações, ele terminou sugerindo cautela na divulgação das descobertas feitas pela Petrobrás na bacia de Santos. A notícia já chegou e continua chegando lá, assim como em outras regiões, e já está causando frisson entre a população. Principalmente entre a população desempregada e desqualificada. O que torna a migração em massa uma possibilidade. E com todas as conseqüências já conhecidas

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

SELEÇÃO BRASILEIRA

Escrever sobre futebol não é fácil. Além de polêmico, a impressão que se tem é a de que tudo já foi discutido. Tal é a quantidade de colunas e programas esportivos que só abordam o assunto. Porém, provocado por um amigo, aceitei o desafio para dar o meu pitaco nas convocações da Seleção Brasileira.
Para começar, questiono a convocação de jogadores que estão atuando no exterior. Muitos não disfarçam o mal estar ao serem convocados. É o que está ocorrendo, freqüentemente, com jogadores que se transferiram para os grandes clubes europeus. Um indício são os casos de jogadores com dupla cidadania defendendo a nossa seleção. Outro, são as seleções de outros países sendo defendidas por jogadores brasileiros naturalizados.
Salvo raras exceções, percebe-se que não há motivação entre os convocados para a Seleção Brasileira. O que não aconteceria se a convocação priorizasse os profissionais que estivessem jogando no Brasil. Todos treinariam mais e o surgimento de novos craques estaria sendo fomentado. Aliás, aconteceu algo parecido na convocação para a Copa de 1958. E o exemplo não veio da Comissão Técnica. Partiu do melhor ponta-direita da época: Julinho Botelho. Durante a Copa de 1954, na Suiça, Julinho teve uma atuação soberba. Ocasionando assim a sua transferência em 1955 para a Fiorentina, tradicional clube italiano. Ganhando vários títulos pelo clube de Florença, Julinho tornou-se ídolo italiano. Ao ser convocado para a Copa de 1958, achou injusto alguém no futebol europeu representar o país naquela competição. Afirmou que no Brasil havia muitos craques na sua posição e indicou Joel Martins, do Flamengo. Era o mínimo que se poderia esperar de um profissional extremamente digno e ético.
Muitos pesquisadores não hesitam em afirmar que o fenomenal Garrincha surgiu e explodiu naquela Copa, graças à atitude de Julinho. É para se pensar...

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

IMPOSTO SINDICAL

Enquanto todas as atenções estão voltadas para a famigerada CPMF, a tal contribuição provisória que está se tornando permanente, uma outra discussão, não menos importante, está acontecendo no Senado. Trata-se do escorchante e vergonhoso Imposto Sindical.
Criado por Getúlio Vargas, esse imposto subrai todos os anos o salário de um dia de todo trabalhador, sindicalizado ou não. Dinheiro que tem servido, salvo exceções, para encher os bolsos ou para financiar as campanhas políticas da maioria dos dirigentes sindicais ao longo desses anos todos. A discussão sobre o assunto, fruto da iniciativa iluminada que sugere um imposto facultativo, está gerando incômodo entre os atuais dirigentes sindicais. E como era de se esperar, assim como fizeram no Congresso, estão pressionando também o Senado para que nada seja alterado. Ou seja, numa época em que o sindicalismo está em desuso, enfraquecido e inerte, só sai da inércia para lutar pela permanência das mordomias com o suor da labuta do povo. E a inércia, muitas das vezes, conseqüência de um relacionamento muito próximo e equivocado com os patrões.
Não vejo, sinceramente, outra saída a não ser deixar que o trabalhador decida se deve ou não contribuir com o sindicato.

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

SOBERANIA

Em outras circunstâncias seria um discurso de estadista. Refiro-me ao recente pronunciamento do Senador Fernando Collor, em que ele denuncia um crescente movimento antibrasileiro, liderado por Hugo Chávez, na América Latina. O Senador, em tom solene, ao mesmo tempo em que se mostrou preocupado com uma Venezuela se armando cada vez mais, denunciou o sucateamento e o desânimo reinante nas nossas Forças Armadas.
O detalhe é que o Senador aponta para um hipotético inimigo externo. A realidade é que o maior e mais perigoso inimigo está aqui dentro. E neste momento também no Senado, contaminado pelo maldito vírus da corrupção que se propaga também por estados e municípios. Vírus que vem debilitando cada vez mais a nossa já fragilizada democracia. Contribuindo para sucatear, desanimar e enfraquecer as nossas Forças Armadas e a força de todos os homens de bem desta Nação. A tal ponto que a figura de Hugo Chávez começa a ganhar simpatia em muitos setores.
A verdade é que a guerra de interesses mesquinhos dos (des)governos que se sucedem, onde reina soberana a hipocrisia, ocasiona a guerra pela sobrevivência dos sem-terra, dos sem-teto, dos sem-água, dos sem-floresta, dos sem-saúde, dos sem-trabalho, dos sem-educação, dos sem-justiça e dos sem-família. A continuar assim, não há por que se preocupar com uma ameaça externa. Não haverá nada para ser ameaçado.

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

INCLUSÃO E EXCLUSÃO NO ESPORTE

Todos sabem que o esporte é uma ferramenta de inclusão social. Porém, transformá-lo de fato em uma ferramenta de inclusão social é que é o problema. A sua utilização, infelizmente, sempre foi para a captação de votos ou de recursos financeiros. Em outros casos, como produto de maquiagem para encobrir as mazelas existentes. E com esse viés, uma minoria pratica e é beneficiada. Enquanto que a maioria assiste e é marginalizada. É a inversão que se dá quando se prioriza o alto rendimento e a pirotecnia das grandes e absurdas realizações. A base, o desporto educacional, prioridades constitucionais, acabam prejudicados. E o pior é que tudo isso acontece com o respaldo de grande parte da mídia. Afinal, a audiência se dá com a minoria praticando e a maioria assistindo.
E por falar no processo de inclusão que o esporte propicia, algumas modalidades acabam sendo mais inclusivas do que outras. Sem nenhuma dúvida, o Atletismo é a mais inclusiva de todas. Além de ser a mais fácil de ser praticada. Eu não me canso de repetir de que no Atletismo todos têm vez: o veloz, o resistente, o gordinho(nos arremessos) e o mais alto(nos saltos). Só por isso já deveria ser uma atividade obrigatória em todas as escolas. Tese reforçada com o índice altíssimo de obesidade infantil. Paralelamente, poderíamos utilizar em Santos as pistas da ADPM e do Portuários que, somadas às pistas do Brasil FC , do SESI e, possivelmente, à do Dale Coutinho, formariamos cinco núcleos. Locais para onde seriam encaminhados os alunos que se destacassem nos Jogos Escolares e no Campeonato Santista de Atletismo. Evento que poderia ser criado e realizado paralelamente ao Campeonato Santista de Pedestrianismo. Aliás, o Atletismo dos Jogos Escolares deste ano já foi adiado duas vezes por ausência de escolas inscritas. O mesmo Atletismo que já revelou para o mundo Elias Fonseca, Luíza Felix e Sanderlei Parrela. Já dá para imaginar quantos Elias, Luízas e Sanderleis surgiriam com um programa desses.
Para se ter uma idéia da importância desse esporte, terça-feira passada, 30/11, foi realizado o Pró-Atletismo em Praia Grande. Evento da Delegacia Regional de Esportes, em que dois nomes se destacaram pelas circunstâncias e pelos resultados obtidos. Foram eles: Tamires Aparecida(campeã dos 600 metros, com o tempo de 1m58s34) e Pedro Henrique(campeão dos 60 metros, com o tempo de 9s29). Ambos com dez anos de idade, foram classificados para a Fase Final Estadual a ser realizada em Presidente Prudente. A menina, moradora dos morros, já pratica há algum tempo com o Prof. Daniel. O menino, da região central da cidade(das mais carentes), foi encaminhado há dez dias para o SESI pelo inspetor da escola onde estuda. Tanto é que ele foi inscrito fora do prazo, precedente aberto pela Delegacia de Esportes e que merece elogios. Tamires e Pedrinho deverão fazer história. E o mínimo de que necessitam, além de atenção e afeto, é de transporte, reforço alimentar(inclusive para a família) e alguns apetrechos básicos. Nada impossível diante dos milhões, bilhões, gastos em eventos megalomaníacos por todas as esferas de governo .

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

OÁSIS URBANO

A definição de oásis é a de um local aprazível contrastando com a aridez de outros locais. Eu lembro dos gibis e dos filmes de aventura da minha infância em que os palcos eram os desertos. Locais onde os aventureiros enfrentavam um calor medonho, só amenizado quando encontravam um oásis. Até quem estava lendo o gibi ou assistindo o filme, sentia-se aliviado.
Hoje, quarenta anos depois, a sensação é pior porque é real. O Saara é aqui. O Saara de concreto e de asfalto. O Saara urbano. E se o asfalto e o concreto predominam, os poucos bolsões verdes ainda existentes podem ser considerados oásis. Oásis urbanos. Alguns são públicos. Outros, não. Os hospitais Guilherme Álvaro e a Beneficência Portuguesa, o Orquidário, os Morros, o Jardim Botânico e algumas residências com quintais arborizados, são alguns dos locais que ainda resistem.
Mas, se existe um local que se destaca pelo contraste e pelo fato de ser um estabelecimento comercial, ele está localizado na esquina da Av. Senador Feijó com a Rua Joaquim Nabuco, em Santos. Um pequeno oásis na cinzenta e árida Senador. Naquele local, o comerciante abriu mão da publicidade do seu comércio para plantar árvores, arbustos e trepadeiras ao redor da sua loja. O que acabou se tornando mais atraente do que um luminoso. Local aprazível, cujo proprietário já foi advertido pelas autoridades por estar fazendo o que todos deveriam fazer. Inclusive o poder público.
Ainda bem que tem gente que faz.

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

CRIANÇA

A probabilidade de uma criança feliz se transformar em um adulto saudável e equilibrado é muito grande. O que acaba resultando também na diminuição dos índices de violência. O problema consiste em fazer uma criança feliz numa sociedade materialista, desigual e de valores tão invertidos como a nossa. Uma sociedade onde crianças abandonadas pelos pais e dormindo nas calçadas despertam menos compaixão do que um cão abandonado.
Um outro lado triste são as instituições educacionais se omitindo ou contribuindo ainda mais para o agravamento da situação. Já comentamos sobre as monitoras de creches sem nenhuma formação ou empatia para trabalhar com crianças. E, também, sobre as escolas extremamente materialistas. Preocupadas somente com a formação intelectual dos alunos. Pouco ou nada com a formação emocional.
Um triste exemplo de toda essa realidade ocorreu no Jardim Botânico de Santos. Na ocasião, um menino de nove anos de idade "bolava" aula juntamente com dois meninos mais velhos. Conversando com outras crianças, soube que ele agia sempre assim na aula de música. Fato que eu estranhei pela ludicidade que envolve essa disciplina. Ele tinha verdadeiro pavor da professora. Sentimento que era compartilhado por outros alunos e que levei ao conhecimento da direção da escola em questão.
Durante a conversa, lamentavelmente, fui informado que o menino era um aluno "problema". Respirei fundo e lembro de ter respondido que não existia criança "problema". O que existia era uma sociedade cada vez mais problemática. Administrada e sustentada por adultos problemáticos. Dentre eles, pais, políticos, e professores.
Na verdade, o que a criança necessita está sobrando para alguns animais de estimação. É de atenção, carinho e afeto. Na família e na escola.

domingo, 14 de outubro de 2007

INFÂNCIA X VELHICE

No mês em que comemoramos o Dia da Criança, as discussões e os projetos voltados para a Terceira Idade é que predominam. Eu não tenho a menor dúvida que uma das melhores contribuições para uma vida adulta e uma velhice saudável, principalmente no aspecto psicológico, é fazer uma criança feliz. Infelizmente não é o que está acontecendo com as gerações atuais.
Se antes a criança não tinha a presença constante do pai, agora não tem a da mãe. Justamente na fase em que ela mais necessita da segurança de ambos e do aconchego de um lar. É nesta fase em que os estímulos sensoriais fazem a diferença. Estímulos de afeto, de carinho e de amor. Só para isso ela está preparada. Nunca para absorver regras disciplinares. Principalmente de estranhos sem nenhuma qualificação, sem nenhuma afinidade ou empatia. E na balança da vida esse detalhe fará a diferença. Ou será um adulto equilibrado, ou não.
Eu tive acesso aos resultados de um trabalho executado por alunos da UNICAMP, quando foi constatado que uma grande parcela das monitoras e recreacionistas das creches mantidas por aquela universidade não tinham as qualificações ideais. E aqui eu estou falando de creches mantidas por uma das mais tradicionais e importantes universidades do mundo. Imaginem o que se passa nas milhares de creches espalhadas por este país. Onde, funcionárias contratadas sem nenhum critério, a não ser o político, são designadas para iniciar o processo de lapidação das nossas jóias mais caras.
Ora, se a educação é a solução para todos os nossos problemas, inclusive para os relacionados à violência através de práticas que desenvolvam a empatia, a afetividade, a solidariedade e o amor, é óbvio que temos de começar pelas creches. O assunto é palpitante e deveria ser objeto de uma ampla e elucidativa matéria jornalística. Além de ser abordado nos Conselhos da Criança e do Adolescente.

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

O ÁLCOOL E AS SUAS CONSEQÜÊNCIAS

A Câmara Legislativa de Santos tem realizado várias audiências públicas. Eu mesmo já participei de algumas. E todas em que eu participei a quantidade de pessoas sempre esteve aquém do esperado. Um dos motivos, na minha opinião, é a inibição das pessoas mais simples diante da suntuosidade do prédio da Prefeitura. O outro é o horário e o dia escolhido. Na maioria das vezes, no meio da semana e no horário comercial.
Foi exatamente o que aconteceu com uma das audiências mais importantes. A que discutiu os malefícios do álcool e as medidas para minimizá-los. O assunto foi debatido numa segunda-feira à tarde. O que inviabilizou a minha presença e a de outras pessoas. Uma audiência dessas era pra ter a participação maciça daqueles que têm alguém na família dependente do álcool. E também daqueles que perderam parentes ou amigos em acidentes no trânsito causados pelo álcool. Com toda a certeza as galerias da Câmara seriam insuficientes e o resultado da audiência seria outro. Até porque está cada vez mais difícil encontrar uma família que não tenha passado ou esteja passando por esse problema. Eu mesmo tive o meu pai e agora tenho o meu irmão. E a minha mulher teve o pai e alguns primos.
Para se ter uma idéia do tamanho do problema, vinte e três por cento dos motoristas abordados durante uma blitz noturna em Santos estavam alcoolizados. Fato veiculado pela Rádio Bandeirantes. Não é à toa que numa escala de malefícios, o álcool ocupe o quinto lugar. Cerca de 60% dos casos de violência nos lares, têm na sua origem o álcool. É pior que a maconha e o crack e não existe nenhum controle social sobre ele. Muito menos sobre a sua propaganda. Um outro dado impressionante é a quantidade de pontos de disbribuição. Mais de um milhão de bares. Pode faltar pão e leite em muitos deles, mas a cervejinha e a cachaça não! E tudo começa com uma cervejinha que agora virou atração turística. Por isso a "lei seca" que proibiria a venda de bebidas alcóolicas à noite não vinga na nossa cidade. É mole!

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

MEIO-AMBIENTE

Embora não sendo conselheiro, a minha particípação na última reunião do COMDEMA (Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente) foi extremamente positiva. Além de ter assistido à excelente palestra sobre as espécies de pássaros ainda existentes na região insular de Santos, contribui com algumas sugestões sobre questões afins. Falei sobre a importância dos quintais arborizados, cada vez mais raros, e das dificuldades dos moradores em descartar os galhos provenientes das podas. E do quanto seria importante a prefeitura recolher também os galhos das residências para serem triturados e transformados em adubo orgânico. Motivado pelas manchetes veiculadas nos jornais da região, nas quais a SABESP pede que se economize água, comentei sobre os abusos cometidos nos chuveiros das praias. Dei também a idéia de se anexar projetos de jardinagem e paisagismo em todos os projetos de reforma ou construção de equipamentos esportivos, culturais ou educacionais. Tais projetos seriam elaborados e acompanhados, na sua execução, pelos técnicos da SEMAM e do COMDEMA. Sugeri, ainda, a proibição de novas instalações de estabelecimentos dotados de forno à lenha. E, paralelamente, a criação de incentivos que possam motivar os proprietários a substituir os já existentes por fornos elétricos. Neste caso, o benefício seria duplo. Estaríamos deixando de contribuir com o desmatamento e com a liberação de carbono na atmosfera através da queima de lenha.
Resta saber se as propostas serão aceitas. Ou ao menos discutidas.

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

PRIORIDADE NO ESPORTE

O último editorial do Jornal do Esporte foi na mosca. Fato que merece elogios. Isso porque as ações públicas na área do esporte sempre tiveram o apoio da mídia. E as ações sempre tiveram esse viés pirotécnico apontado na matéria. Principalmente por parte dos municípios mais abastados. Contratações de atletas e até de equipes inteiras de outras regiões, inclusive do exterior, tornou-se comum. O que além de ser um absurdo, sob o ponto de vista da lisura e da ética, contraria a nossa Constituição. Está lá no Art. 217: é dever do Estado aplicar os recursos públicos prioritariamente no desporto educacional, em casos específicos, no alto rendimento. O detalhe é que o descumprimento da nossa Constituição começa pelo Governo Federal. Há algum tempo atrás, o TCU apurou que cerca de 95% de todos os recursos federais para o esporte eram aplicados no alto rendimento. Recursos do Ministério, das Empresas Públicas e das Loterias. Com os gastos realizados com os Jogos Pan-Americanos, aquele índice foi para a estratosfera. Imaginem aonde irá parar com a realização da Copa do Mundo de Futebol no Brasil.
Voltando para o nosso Estado, eu lembro que nos Jogos Abertos do Interior de 2003, realizados em Santos, o então Secretário Estadual de Esporte e Lazer, Lars Grael, manifestou-se várias vezes contrário à política de contratações feita por alguns municípios. Ótimo, pensei. Ele vai fazer alguma coisa para mudar esse quadro. Ledo engano. Tudo continua como dantes porque os regulamentos dos Jogos permitem. Foi o que eu disse pessoalmente ao Secretário durante um seminário acontecido em São Paulo.
E sejamos francos, o que os Jogos Abertos de 2003 deixaram de positivo para o município? Absolutamente nada. A não ser o prejuízo com as reformas do piso e do telhado do Clube de Regatas Santista e dos aluguéis pagos àquele clube, além de outras despesas. A extinção da matriz esportiva que eram os próprios clubes, por exemplo, não foi contida. Conseqüência da conjuntura econômica e das administrações incompetentes de muitos deles. Fenômeno que deveria estar fomentando uma outra discussão e outras ações no nosso município, ao invés de se lançar candidato à sede de mais uma edição dos Jogos Abertos do Interior. Por exemplo, para onde deve ser transferida a matriz esportiva que era clubística? Tanto o Editorial quanto a nossa Constituição já estão apontando o caminho.
Por outro lado é alentador saber que o novo Delegado Regional de Esportes está preocupado com a atual situação. Da mesma forma que acho positivo a Comissão Permanente de Esportes e Lazer da Câmara Legislativa do Estado de SP estar sendo presidida por um deputado da nossa região. Resta saber se eles terão poder de fogo para alterar esse quadro. Até porque envolve muitos interesses corporativos. Além de envolver a própria estrutura educacional com a definição e a implementação de programas de Educação Física e de Esporte na rede escolar.
A grande verdade é que o esporte sempre foi uma moeda de troca política. E uma moeda desvalorizada, bem chinfrim. Ou então um produto de maquiagem para esconder desmandos administrativos. O que é triste e irônico porque todas essas pirotecnias esportivas acabam se transformando também em desmandos administrativos. E tudo isso acontece porque somos muito passivos. Conseqüência de uma formação extremamente técnica e pouco questionadora. E aí a discussão também envolve a quantidade e a qualidade dos cursos de Educação Física existentes.

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

PRIVATIZAÇÃO DA AMAZÔNIA

E por falar em Agenda 21, o Governo Federal privatizou a Amazônia. Logo o governo do PT que é contra as privatizações. Uma prova é o seu envolvimento na campanha para reverter o processo que privatizou a Companhia Vale do Rio Doce.
A Amazônia contém um terço das florestas tropicais do mundo, um quinto dos recursos hídricos e um terço de toda a biodiversidade do planeta. Para se ter idéia da grandiosidade amazônica, são mais de cinco mil espécies de árvores. E tudo isso tem um papel importante no clima do planeta. Elas retiram uma média de 150 milhões de toneladas por ano de carbono da atmosfera, contribuindo para o resfriamento do planeta. Alguns outros dados mostram que a Amazônia possui 427 espécies de anfíbios; 3.000 de peixes; 378 de répteis; 427 de mamíferos e l294 de aves.
O Governo argumenta que a privatização acabará com o desmatamento predatório. Será substituído pelo "manejo florestal sustentável". Ou seja, é a oficialização do desmatamento. E aqui nós encontramos um outro paradoxo. Se o Governo não tem condições de fiscalizar e conter o desmatamento predatório, como fiscalizará o "manejo florestal sustentável"? Até porque não fiscaliza nem o que acontece na sala ao lado.
Um outro fator a ser considerado é o da origem das empresas interessadas na exploração das florestas. As estrangeiras, segundo fontes que vêm acompanhando todo esse processo, são as mesmas que fizeram um baita estrago na Ásia. Especialmente na Malásia. Lá também havia o compromisso de reposição das espécies retiradas, o que nunca ocorreu. Sobrando um gigantesco desastre ambiental. O consolo é que depois de tudo dizimado o Congresso se manifesta e resolve tudo(sic) com uma CPI.
É a mensagem do Cacique Seattle se profetizando.

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

AGENDA 21

Sem dúvida, a Agenda-21 foi o melhor resultado obtido na Eco-92. É um documento que estabelece a importância do envolvimento de cada governo, empresa ou qualquer outro setor da sociedade na busca de soluções para os problemas sócio-ambientais. E a época não poderia ser melhor para o lançamento do documento. Envolveu todo o misticismo da mudança de século que se avizinhava. Iríamos preparar o planeta para o Século 21.
A realidade é que já adentramos o novo século, o novo milênio e os resultados continuam pífios. Na nossa região, somente Cubatão tem uma Agenda-21 implantada. Santos já teve uma que já não existe mais. O que fez surgir um movimento que articula já há algum tempo a sua reimplantação no nosso município. As discussões preliminares vêm acontecendo quase sempre no Fórum da Cidadania. De onde surgiu a idéia de um seminário que irá acontecer no SENAC da Av. Conselheiro Nébias, 309. A abertura será às 19h de sexta-feira, 05/10. E no sábado, 06/10, durante o dia todo. Quando então acontecerão as discussões para a obtenção de propostas.
Compareçam.

terça-feira, 2 de outubro de 2007

ESTADO PAQUIDÉRMICO

O Presidente Lula já disse que se tiver de contratar mais gente ele irá contratar e ponto. E ninguém duvide, porque é assim mesmo. É um processo autofágico incontrolável que vem corroendo a Nação. E não é só no âmbito federal. O fenômeno está presente em todos os estados e municípios. É a coisa pública utilizada descaradamente em benefício da coisa privada, da coisa pessoal. Cuidar do patrimônio público e trabalhar para o público virou motivo de deboche. O certo é assaltar os cofres públicos ou trabalhar para alguém.
Na condição de funcionário público municipal, prestes a me aposentar, solicitei uma audiência pública na Câmara Municipal , através do Fórum da Cidadania, para discutir a última reforma administrativa. Obviamente, antes do projeto ser votado. Na época, argumentei que uma reforma administrativa no setor público sem um Plano de Cargos, Carreiras e Salários, fomentaria a inércia, o desânimo. Principalmente entre os funcionários com algum princípio ético. Para os demais, haveria motivação. Porém, somente para servir a alguém e não ao público. Porque é assim que funciona. Principalmente nos setores considerados inexpressivos. Aqueles utilizados como "moedas" de troca política. Para se obter algum cargo que possa ser incorporado ao salário e até melhorar a aposentadoria, o funcionário tem de fazer o "jogo político" de alguém influente para ser nomeado. Quando não é assim, salvo raras exceções, alguém sem nenhuma afinidade com o setor é nomeado para chefiar profissionais com vários anos de experiência.
O que também empaca a máquina.

domingo, 30 de setembro de 2007

SOCIEDADE DESESTRUTURADA

Se é uma realidade que o número de adolescentes grávidas vem aumentando, também é uma realidade a quantidade crescente de famílias desestruturadas. E numa sociedade cujos valores são determinados pela marca do carro e pela marca da roupa, as conturbações sociais aumentam na mesma proporção.
Mas existem os programas sociais, dirão alguns. Concordo, existem vários programas sociais. Cada um com as suas respectivas chefias e assessorias. E com um custo administrativo muitas vezes superior ao que se gasta com os necessitados. E, na maioria das vezes, sem sucesso algum.
Lembro de uma jovem que se envolveu com drogas e que usava o corpo para sustentar o vício. O que é muito comum, infelizmente. Veio a primeira gravidez e o primeiro filho. A seguir, a segunda e a terceira. Não sei se houve uma quarta gravidez. O que eu sei é que ela sempre foi assistida pelos programas sociais existentes.
Diante da gravidade da situação, por que não responsabilizar o pai ou os pais? E a adolescente? Numa situação dessas não caberia uma cirurgia logo após a primeira gravidez? Até porque o organismo social está doente. E a doença é grave. Assim como existem medicamentos diferentes para doenças diferentes, para os problemas sociais não deve ser diferente. Remédios fortes que devem ser utilizados paralelamente aos programas sociais de prevenção. Sendo que a prevenção passa obrigatoriamente pelo sistema educacional. A começar das creches. Assunto que fica para uma outra oportunidade.

sábado, 29 de setembro de 2007

MEDO

O Fernando disse que estamos vivendo a era do medo. O medo de tudo. Faltou ele citar o medo de ser autêntico, ser verdadeiro. Freud já dizia que a humanidade é triste e que não existe remédio. Alguns especialistas afirmam que a humanidade é triste porque não consegue ser autêntica. Estamos sempre vivendo em função de regras. Hoje, muito distorcidas por interesses pessoais e materiais. Na política, então, a autenticidade inexiste totalmente.
Fala também do relacionamento a dois cada vez mais deteriorado sob o ponto de vista da emoção, do romance. Hoje é o sexo pelo sexo sem qualquer compromisso. E aqui cabe mencionar o número crescente de adolescentes grávidas. Muitas levadas pelo modismo da gravidez independente. Propagado e estimulado pela "ex-rainha dos baixinhos". Isso numa época em que ela exercia muita influência entre os jovens. Principalmente entre as meninas.
E o resultado é óbvio. Filhos que nascem sem ninho, sem o calor e o aconchego de um lar formado e estruturado, sem a referência de um pai. Filhos que são criados pelos avós, ou em creches e orfanatos. E a conseqüência lá na frente é aquela que a Luciane se referiu. Seres humanos insensíveis e solitários.
E violentos, também.

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

AFETIVIDADE

Nunca é demais discutir os assuntos que envolvem o relacionamento humano. Aqui mesmo já fizemos algumas reflexões sobre a "Animalização do homem" e a "Humanização do animais". Em uma delas, o Fernando lamenta que os seres humanos se relacionam tão bem com os animais mas não conseguem dar bom dia para o vizinho no elevador. Concordo com ele e me lamento também. Tanto é que venho sugerindo a prática da empatia, da afetividade e da compaixão nas escolas. Afinal, o fenômeno que está ocorrendo é resultado do materialismo científico implantado há séculos nas universidades. Local onde a competitividade e a produtividade não deixam espaço para sentimentos. E é assim em todos os setores. Até as igrejas, salvo raras exceções, estão a serviço do capital.
Lembro de ter assistido a entrevista de uma professora que foi homenageada com o título de "Professora nota lO". Na entrevista, ela afirmou ter modificado totalmente o seu método de ensino, após ter lido a carta de uma das suas alunas solicitando uma cesta básica. Sensibilizada, a professora passou a interagir mais com os seus alunos e a encorajá-los a falar dos seus problemas diante dos colegas. A seguir, sai em busca da solução com a ajuda de todos. O que faz com que a solidariedade, a afetividade e a compaixão passem a fazer parte do dia-a-dia na sala de aula. E o mais incrível aconteceu: o rendimento de todos os alunos melhorou. São os milagres do amor!
Pena que são iniciativas isoladas.

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

LEIS INÓCUAS

Eu não tenho idéia, até porque nunca soube de nenhuma pesquisa a respeito, mas são muitas as leis existentes. São tantas e poucas colocadas em prática. E existem leis excelentes. Se a metade funcionasse, dizem os especialistas, o Brasil estaria numa situação melhor do que a Suiça. Com exageros ou não, outra verdade é que existem também muitas leis obsoletas e até esdrúxulas. As quais já deveriam ter sido extintas há muito tempo.
Mas por que será que muitas leis teoricamente boas não emplacam? Não saem do papel? Falta comando? Falta fiscalização? Ou falta planejamento e experiência prévia? Eu acredito que um pouco de tudo. Principalmente de planejamento e experiência prévia. De se criar ou determinar os setores responsáveis pela sua implementação e experimentá-las previamente. O que também envolve um planejamento orçamentário.
Faço este comentário pela experiência vivenciada no dia a dia. Um exemplo de lei inócua é a que obriga a utilização de guia e focinheira em algumas raças de cães. Um dia desses, correndo pelo Canal 6, em Santos, tive que desviar da calçada do canal porque um cidadão estava passeando com o seu Rottweiler sem focinheira. Isso em frente ao quartel da Polícia Militar. No âmbito municipal existe uma lei que obriga o recolhimento dos dejetos dos animais. Quem fiscaliza? Uma outra lei, criada recentemente, é a que possibilita o recolhimento dos galhos das podas e a sua transformação em composto orgânico. Ótimo, eu pensei. Até que enfim uma lei que favorece a manutenção dos quintais arborizados em processo de extinção. Conseqüência do crescimento imobiliário, muitos também estão desaparecendo porque os seus proprietários não sabem o que fazer com os galhos das podas. Ao ler a publicação da lei, enviei imediatamente um ofício à Ouvidoria solicitando a retirada de alguns galhos da casa de minha mãe. A resposta foi a de que os galhos a serem recolhidos e triturados para serem transformados em adubo, são os provenientes de logradouros públicos. Continuando por conta dos moradores o destino dos galhos das residências. É uma pena porque um vizinho já cortou as árvores e cimentou o seu quintal. Um outro já disse que vai fazer o mesmo.
Alguém sabe me dizer se os galhos estão sendo triturados? E onde está e como está o triturador da Prefeitura? No caso desta lei, faltou planejamento e sensibilidade ambiental. E assim como as outras, ser executada.

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

MARAVILHAS DO MUNDO

Alguns programas deveriam ser extintos. Um deles, sem dúvida, o que elegeu o "Cristo Redentor" como uma das "Maravilhas do Mundo". Transformar uma obra feita pelo homem em "Maravilha do Mundo" é questionável. A impressão que se tem é que há uma orquestração para incentivar a construção de obras faraônicas. Existe até um canal à cabo que transmite só programas sobre esse assunto. Ou seja, por trás disso tudo pode estar havendo uma campanha de marketing para transformar as verdadeiras maravilhas, obras Divinas e naturais, em obras de concreto e asfalto.
Aqui em Santos já está acontecendo uma competição, induzida pela mídia, para saber qual o edifício mais alto, mais imponente. Isso após a alteração do Plano Diretor para permitir esse tipo de construção. E na época não houve sequer a preocupação de se fazer quaisquer exigências de preservação ambiental. Por exemplo, exigências técnicas que permitam o "reuso" da água, a captação de energia solar, a manutenção de áreas verdes, dos espaços para ventilação, etc.
As torres foram surgindo, a princípio na orla da praia, agora avançando ilha adentro. O que acaba prejudicando a ventilação, além de sobrecarregar a rede coletora de esgoto, o abastecimento de água, o fornecimento de energia elétrica, a coleta de lixo, o trânsito (cada vez mais caótico), etc. E se o avanço dessas torres é uma realidade, outra realidade é a expulsão gradual dos moradores das periferias para outros municípios. O que demonstra que qualquer alteração e decisão desse tipo tem de ser feita também no âmbito metropolitano.

domingo, 23 de setembro de 2007

HUMANIZAÇÃO DOS ANIMAIS

Era uma manhã de segunda-feira e o comércio ainda estava fechado. De passagem pela Rua D. Pedro II, no centro de Santos, parei diante de duas crianças que dormiam na calçada. Eu estava anotando o endereço para poder acionar o Serviço Social da Prefeitura, quando ouvi alguns gritos. Ao me virar, vi uma senhora bem vestida correndo atrás de um cãozinho abandonado. Gritava e acenava para que o segurassem, sem êxito. O animal fugiu em disparada. Ofegante, ela comentou o quanto sofria ao ver animais abandonados. Recuperando o fôlego, desviou-se com cuidado das duas crianças que continuavam dormindo na calçada, despediu-se e continuou o seu caminho.
Neste mesmo espaço eu comentei sobre a "animalização do homem". Um fenômeno crescente que se completa com a "humanização dos animais". E a saída para essa inversão cruel de valores está na escola. A mesma escola que tem se dedicado quase que exclusivamente para a competição. Em preparar o aluno para competir e vencer. E assim ele acaba vendo o seu semelhante como um adversário, um inimigo. Urge que se comece a discutir também a questão sentimental na escola. E o assunto não pode e não deve ficar somente nas discussões. É necessário que se criem metodologias que possam desenvolver a prática da camaradagem, da amizade, da empatia e do afeto.

sábado, 22 de setembro de 2007

CIDADANIA

Hoje é dia de reunião do Fórum da Cidadania. Todos os terceiros sábados do mês elas acontecem na Estação da Cidadania, sempre às 15 h. O local é o mesmo da antiga Estação do Trem, localizada na Av. Ana Costa.
Naquele local, um grupo de pessoas, quase sempre o mesmo, reúne-se para discutir políticas públicas. Movimento que surgiu com o intuito de propiciar ao cidadão a oportunidade de participar mais das decisões que interferem no seu próprio destino. Eis porque algumas das decisões do Fórum terem essa característica. O Orçamento Participativo, a Tribuna Cidadã e a adoção do Referendo e do Plebiscito, são alguns exemplos.
Um outro motivo do surgimento do Fórum é a inércia ou o funcionamento equivocado das instituições que cuidam dessas políticas. A começar pelos Legislativos. Todos, em todas as esferas, nas mãos do Executivo. E custeados com recursos públicos que não são poucos. Aqui em Santos, por exemplo, vamos gastar milhões com a nova sede da Câmara Municipal. E o argumento são os gastos com o aluguel da sede atual. Se levarmos em consideração os relatórios anuais do Movimento Voto Consciente, nenhuma das duas despesas tem justificativa.
Diante de tanta submissão e inércia, surgiram os Conselhos. Tem Conselho até para direcionar os rumos das Sociedades de Melhoramentos de Bairros. E, ironicamente, parece ser o único que funciona. Porque os demais, salvo um ou outro, a inércia é que predomina. E predomina porque não deixam. E não adianta fazer curso de capacitação para conselheiros. É mais uma despesa e um contrasenso. Até porque existem Conselhos que são obrigados por lei a terem na presidência o Secretário Municipal. Um deles, importantíssimo na conjuntura atual, o COMDEMA (Conselho do Meio Ambiente), tem na sua presidência um diretor da SABESP. A pergunta que fica é se esses Conselhos têm poder de fogo para agir livremente? Mesmo com toda a capacitação?
É uma luta desgastante. E o pior é que o desgaste atinge a própria Democracia. Só não vê quem não quer.

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

ÁRVORE

Eu sempre quis ter um pinheiro no quintal de casa para poder enfeitá-lo no Natal. Escolhido o local do plantio, adquiri uma muda com aproximadamente vinte centímetros de altura. Isso há alguns anos atrás. Plantado e adubado com carinho, cresceu imponente e frondoso. Resolvi então enfeitá-lo no Natal passado. De posse da escada e das centenas de lâmpadas interligadas por fios, subi e iniciei a tarefa.
Confesso que estava concentrado no trabalho e não percebi os vôos rasantes que alguns pássaros faziam ao meu redor, até ser avisado pelo meu filho. Aflitos, eles tentavam alimentar seus filhotes e eu estava atrapalhando. Foi quando notei vários ninhos espalhados pelos galhos. Naquele momento, retirei os enfeites que já havia colocado e desci da escada com muito cuidado.
Desde então nunca mais cogitei enfeitar a nossa árvore. O brilho das luzes foi substituído pelo canto dos pássaros. Tornou-se insignificante diante do surgimento da vida! O verdadeiro espírito natalino despertado e propiciado pelo meu velho e querido pinheiro!
Hoje ele se encontra cada vez mais cercado de outras árvores. Todas frutíferas, aninhando e alimentando os sanhaços, os tiés-sangue, os biquinhos de lacre, as rolinhas, os pardais...

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

VALORES INVERTIDOS

Escrever sobre o Cacique Seattle me fez recordar um fato ocorrido há algum tempo atrás, protagonizado por uma socialite carioca muito decantada pela mídia. A mesma mídia que transmitiu a festa de aniversário da sua cadelinha de estimação. Festa na qual estavam presentes convidados famosos. Atores, atrizes e outros expoentes da sociedade. Todos, extremamente afinados, com os seus animaizinhos de estimação, latiram o "parabéns pra você". Logo após foram abertos os presentes. E o presente dado pela socialite à sua cadelinha foi uma correntinha com um brilhante no valor de R$ 17.000,00. Valor anunciado com estardalhaço na mídia quando ela doou(com um toque de ironia) a mesma correntinha para a campanha "Fome Zero".
Passado algum tempo, a socialite reapareceu no Programa Fantástico visitando uma aldeia indígena. E por mais que tentasse dissimular, era patente o seu mal estar naquele ambiente simples, natural. Tão diferente do mundo superficial e hipócrita do qual emerge e faz parte.
Abordei o assunto por acreditar que ele vem de encontro à finalidade deste blog. Ele retrata muito bem a distância abissal que se formou entre a natureza e a sociedade moderna. Sociedade regida pelo consumismo predatório, trocou os altares das igrejas pelas vitrines dos shoppings. E ao se afastar da natureza, o homem vê nela algo a ser extinto. O que tem valor é a marca do carro, da roupa ou do celular. Até o cãozinho de estimação deixou de ser natural.

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

CACIQUE SEATTLE

E pensar que todos os problemas ambientais que estão assolando o nosso Planeta já haviam sido previstos na mensagem profética que o Cacique Seattle, dos Suquamish, enviou ao presidente americano, Franklin Pierce, em 1855. Eis alguns trechos da mensagem de Seattle em resposta à proposta de compra das terras do seu antigo território: "cada parte desta terra é sagrada para meu povo. Cada arbusto brilhante do pinheiro, cada porção de praia, cada bruma de floresta escura, cada campina, cada inseto que zune. Todos são sagrados na memória e experiência do meu povo". E, ainda sobre a natureza, Seattle questiona: "ensinarão vocês às suas crianças o que ensinamos às nossas? Que a terra é a nossa mãe? Que o que acontece a terra acontece a todos os filhos da terra? " E ele mesmo dá as respostas: "O que sabemos é que a terra não pertence ao homem, o homem é que pertence a terra. Todas as coisas estão ligadas, assim como o sangue que une a todos. O homem não teceu a rede da vida, é apenas um dos fios dela e o que fizer à rede fará a si mesmo". E ainda mais profético, Seattle continua: "o destino de vocês é um mistério para nós. O que acontecerá quando os búfalos forem todos sacrificados? Os cavalos selvagens, todos domados? O que acontecerá quando os cantos secretos da floresta forem substituidos pelo odor de muitos homens? Quando a vista dos montes floridos for bloqueado pelos fios que falam? Onde estarão as matas? Onde estarão as águias? E a caça? Será o fim da vida e o início da sobrevivência".

terça-feira, 18 de setembro de 2007

ZONA NOROESTE

Que a Zona Noroeste tem recebido e deverá receber mais investimentos, eu não tenho a menor dúvida. Como eu também não tenho a menor dúvida do potencial de votos daquela região. O problema está em como fortalecer a identidade dos bairros e a auto-estima dos seus moradores. Tornando-os mais críticos e participativos na condução dos seus próprios destinos. Por exemplo, terem sido consultados quando da transferência do Carnaval para aquela região. Processo, aliás, nunca ocorrido antes. Caso contrário, o antigo Matadouro, os Cemitérios, o antigo Lixão, o IML e o 5" DP não teriam sido construídos ali tão facilmente.
O resgate da história é muito importante. Paralelamente é necessário resgatar também a função das Sociedades de Melhoramentos. Tornando-as mais participativas das políticas públicas. Por exemplo, poderiam participar da elaboração e da execução orçamentária. Dentre outras participações. Outro exemplo seria acabar com o aniversário da Zona Noroeste e comemorar os aniversários dos bairros. Fazer exatamente o que se faz com os bairros das outras regiões. Nestas são os bairros que têm os aniversários comemorados. Pouco se ouve falar de Zona Leste, Sudeste ou Nordeste. Só se ouve falar em Zona Noroeste. Na maioria das vezes em tom jocoso e depreciativo.

MÃE TERRA

O último relatório do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) traz alguns dados preocupantes. Um deles é a possibilidade da Floresta Amazônica se transformar numa grande savana. O outro é o nível do mar que pode subir até 7 metros se toda a lâmina de gelo da Groelândia derreter. Para minimizar os problemas, entre outras medidas, o IPCC sugere um amplo reflorestamento do planeta e a redução no consumo do petróleo e do carvão.
Além dos problemas citados acima, outros eventos poderão ocorrer. Alguns até já estão ocorrendo e podem ser relacionados com as mudanças climáticas. Aqui no Brasil, por exemplo, a maior incidência de dengue; o furacão Catarina que destruiu 20.000 residências no Sul do país em 2004; a estiagem na Bacia Amazônica que secou os igarapés e fez baixar de maneira preocupante o nível dos rios; e uma forte tempestade ocorrida em 2005 na região de Campinas. Sendo que no mesmo dia a cidade de Indaiatuba foi atingida por um tornado, atingindo e danificando prédios, torres de transmissão, indústrias e mais de 400 residências.
Tudo isso que foi colocado acima é para lembrar que estão chegando as eleições municipais. Antes delas, os debates com a apresentação dos programas de governo pelos candidatos. A triste realidade em todo esse processo é que a questão ambiental nunca foi levada a sério. Pelo contrário, sempre foi considerada um obstáculo nos modelos de crescimento predatório. Aqui em Santos mesmo existia uma Agenda 21, na administração passada deixou de existir por quê?
Particularmente eu vou ficar atento às apresentações dos programas de governo. Diante de tudo o que tem ocorrido e que poderá ocorrer, eu não acredito em nenhum candidato que se diz sério sem um programa consistente para o setor.

domingo, 16 de setembro de 2007

ESTRANHA DEMOCRACIA

Estou convencido de que o excesso de informação acaba sendo prejudicial. Aliás, tudo em excesso é prejudicial. Até água. Digo isso em função dos absurdos ocorridos ultimamente na política. Da reeleição de todos os envolvidos em escândalos, até a absolvição do presidente do Senado. Eu sinto que o excesso de informação teve um efeito anestésico naqueles casos. São tantas as informações e durante tanto tempo que o assunto se torna rotineiro, natural e sem muita importância. E esse fenômeno se consolidou ainda mais após a chegada da internet. Ela chegou e transformou todos os usuários em agentes de comunicação. Hoje se recebe um e-mail com algum conteúdo social, passa-se adiante e pronto. Têm-se a sensação do dever cumprido, da cidadania exercida. Eu mesmo tenho essa sensação ao escrever neste blog.
Diante de tanta apatia, o consolo é que o mesmo fenômeno também ocorre nos EUA. Na nação mais democrática do planeta, todos podem e têm o direito de se manifestar. A favor ou contra. Contanto que nada seja alterado. A política belicista do capital industrial é quem dá as cartas. Independentemente de quem estiver no poder.
É estranha essa democracia...

sábado, 15 de setembro de 2007

COMPARAR E DECIDIR (II)

Comparar para poder decidir é importante em todas as nossas ações. Principalmente quando a decisão vem em beneficio da maioria. Se tivéssemos o hábito de agir sempre assim e obedecêssemos a nossa Constituição que prioriza o desporto educacional, os Jogos Pan-Americanos não teriam sido realizados no Brasil. Principalmente no Rio de Janeiro. Evento orçado inicialmente em R$ 400 milhões, pulou para 3,7 bilhões de reais. Quase dez vezes mais direcionados para uma minoria de atletas de alto rendimento e para a geração de dividendos políticos. Atletas de alto rendimento que não têm o mesmos resultados nos Mundiais e nas Olimpíadas. O que quer dizer que o nível dos Jogos Pan-Americanos não é lá essas coisas.
Ainda comparando para decidir, três piscinas públicas na praça Rebouças é outro exemplo de que não houve esse procedimento. Não houve porque a cem metros dali tem outra piscina pública. Ou seja, quatro piscinas públicas no bairro mais nobre de Santos. Bairro que além de abrigar vários clubes, grande parte das residências têm aquele equipamento.

COMPARAR E DECIDIR (I)

É necessário comparar para poder decidir, já dizia o saudoso Oswaldo Justo. E fazia essa afirmação com muita insistência e muita propriedade. Lembro muito bem de uma das ações em que esse princípio foi utilizado pelo ex-prefeito. Foi quando ele ampliou as calçadas do centro de Santos. Na época, ele alegou que era necessário facilitar a vida dos pedestres. Deixando nas entrelinhas que os automóveis seriam prejudicados. Atitude que um administrador dificilmente tem coragem de tomar. E é necessário que algo seja feito para diminuir a circulação de veículos. O problema é enfrentar a indústria automobilística e a comodidade das pessoas. É mais fácil e lucrativo sob o ponto de vista político, construir viadutos, abrir túneis e ampliar e asfaltar ruas e avenidas. Além, é claro, de facilitar cada vez mais o comércio de veículos. Não importa se o pobre coitado vai pagar dois ou três carros de juros. Tampouco se ele tem onde morar ou o que comer. E essa política já vem sendo construída lá atrás com a desativação dos bondes e dos trens. A continuar assim, vazaremos a Terra com túneis e alcançaremos a Lua com viadutos e o problema só se agravará.

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

PEDESTRIANISMO

Quando o Campeonato Santista de Pedestrianismo surgiu, lembro que não havia nada parecido. Estávamos na década de 80, época em que o método de Cooper ganhava fama e chegava ao Brasil. Aqui em Santos, chegou junto com o seu criador, o Dr. Keneth Cooper. A partir de então o Campeonato Santista ganhou as ruas. Inédito no seu formato, teve no início a participação maciça dos alunos do Projeto "Ginástica na Praia". Para se ter uma idéia da importância do Campeonato Santista de Pedestrianismo, a prova 10 KM A Tribuna surgiu com ele e fez parte do seu calendário durante muitos anos. E hoje é uma das provas pedestres mais importantes do cenário nacional.
A realidade é que a quantidade de adeptos da caminhada e da corrida vem aumentando significativamente. O que tem despertado interesses políticos e financeiros muito grandes. A conseqüência é a quantidade crescente de eventos que está surgindo. Muitos de qualidade duvidosa e com o apoio logístico e até financeiro de algumas prefeituras. O que tem ocasionado uma situação no mínimo dúbia. Os munícipes esportistas que pagam as taxas de inscrição para participar nesses eventos, pagam também os impostos que os financiam. Tendo ainda que se deparar muitas vezes com o descaso da organização. A mesma organização que direciona toda a atenção e o grosso da premiação para os atletas de elite.

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

INFÂNCIA EM EXTINÇÃO

Aconteceu, recentemente, um debate sobre os problemas causados pelas pipas na rede elétrica do Distrito de Vicente de Carvalho, no município do Guarujá. Todas as opiniões, inclusive a questão formulada pelo mediador, tinham o viés da repressão. Por exemplo, proibir que crianças empinem pipas na região. Ao me manifestar, com exceção do cerol, coloquei-me totalmente favorável às pipas, às bolinhas de gude, ao pega-pega, à queimada, ao gol-caixote, etc. A favor da infância, antes que seja extinta definitivamente. E assim como o cerol, também manifestei o meu repúdio ao emaranhado de fios e de postes que tanto enfeiam as nossas ruas e avenidas. Já era tempo de substituir tudo isso por uma rede elétrica subterrânea e de plantar árvores no lugar dos postes.

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

FRUSTRAÇÃO

Durante toda a minha vida eu aprendi que o equilíbrio é fundamental em qualquer situação. Principalmente nas questões que envolvem a razão e a emoção. A tendência demasiada para um ou outro lado será sempre problemática. Nos casos em que a emoção prevalece, a razão parece ser absorvida por um buraco negro. Seja nos casos de ódio ou de felicidade extrema. E o resultado será sempre desastroso.
Eu confesso que me deixei envolver emocionalmente pelo resultado do julgamento dos 40 (...). Foi uma sensação de alívio. De que nem tudo estava perdido. Respirei fundo e me permiti sonhar novamente. Daqui pra frente, tudo será diferente! Agora será a vez do Ali Babá. Ou de um deles. Acredito que tenha mais de um. Mas eis que depois da bonanza veio a tempestade! O Ali Babá escapou! E eu estou aqui numa frustração dos diabos.
E pensar que um ex-presidente das Filipinas foi condenado à prisão perpétua por corrupção.
Só implodindo. O último a sair acende o estopim e fecha a porta.

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

A FORÇA DAS MULHERES

Katherine Graham, na época proprietária do Jornal The Washington Post, apesar das pressões que recebeu, autorizou a publicação das reportagens sobre o caso Watergate. Causando, na época, a queda do então presidente Richard Nixon. Foi um belo exemplo de como as instituições devem funcionar. E de como os homens devem agir. Só que naquele caso o exemplo veio de uma mulher.
Hoje, confesso que estou me sentindo como um asfixiado recebendo uma lufada de ar, de oxigênio. Sinto-me revigorado com o resultado do julgamento dos quarenta impostores.. E, mais uma vez, o exemplo veio de outra mulher.
Parabéns, Ministra Ellen Gracie! V. Exa., está cumprindo com o que prometeu na sua posse.

RESGATE DA INFÂNCIA

No esporte é muito comum crianças ainda na tenra idade praticando modalidades específicas. Desenvolvendo habilidades prematuramente, quando deveriam estar desenvolvendo suas capacidades inatas. Explicando melhor, é o mesmo que construir um prédio em cima de um alicerce frágil. Ou de nenhum alicerce. Elas ainda não têm condições nem físicas, nem psicológicas, para receberem cargas repetitivas de movimentos e de informações. O que possibilita a ocorrência de problemas físicos e de saturação psicológica.
E quais são essas capacidades? E quando devem ser desenvolvidas? São as capacidades de força, de velocidade, de resistência, de flexibilidade e de reação, dentre outras. E devem ser desenvolvidas durante toda a vida. Mas é na infância que este processo deve ser intensificado. Principalmente através do resgate e da adaptação de atividades lúdicas para o desenvolvimento de cada uma delas. Na realidade, precisamos resgatar a infância e dar a ela um toque científico. E, no rol das capacidades, existe uma que não consta nos livros e que eu considero a mais importante: a atitude.
É uma obrigação de todos os profissionais da Educação Física ou Motora criar metodologias lúdicas que possam desenvolver todas essas capacidades.

FÓRUM DA CIDADANIA

Considerando-se o tempo de existência do Fórum da Cidadania e o tanto que ele já produziu, o saldo é imensamente positivo. É uma criança produzindo como gente grande. E o reflexo da sua importância foi ter sido homenageado pela Câmara Municipal de Santos. Gesto nobre do Legislativo Santista, já que o Fórum surgiu há cinco anos atrás em razão do descrédito das instituições que representam o cidadão. Dentre elas, o próprio Legislativo.
O detalhe preocupante é que o fortalecimento do Poder Executivo, em relação aos demais poderes, vem se acentuando demasiadamente. Chamado de coalizão, o modelo político adotado pelo Planalto, cujos resultados já conhecemos e acompanhamos todos os dias pela imprensa, vem se tornando exemplo para estados e municípios. Na verdade, o termo mais adequado seria cooptação. E o preço é o bolo orçamentário partilhado através de Ministérios, Empresas Públicas, Secretarias e Departamentos. O que transforma em algo normal legislar em causa própria. E anormal, fiscalizar e legislar em causa pública. Numa relação assim, fidelidade e confiança passam longe. Comando, muito mais. E ética, nem pensar.
Na realidade, o povo necessita, está sedento da verdade. Só ela emociona e arrasta. Pode até demorar, mas só ela prevalece. Só por isso não vale à pena correr riscos em nome de uma pretensa maioria. O preço da unanimidade, do jeito que é conseguida, pode se tornar muito alto. Pondo em risco a própria democracia. É impossível um sistema se sustentar indefinidamente de mentiras e de hipocrisia.
François Miterrand, ao responder a pergunta de um jornalista sobre o que faria se pudesse voltar no tempo e governar novamente a França, afirmou que valorizaria mais as críticas.

ANIMALIZAÇÃO DO HOMEM

Estive presente em uma das sessões da Câmara Legislativa de Santos, na qual foi apresentado um requerimento solicitando a remoção de desocupados que ingerem álcool e estavam incomodando os moradores de uma determinada região do município. Coincidentemente, estavam presentes também na sessão alguns representantes e ativistas da Causa Animal. Dá para imaginar o que aconteceria se o requerimento fosse para a remoção de cães ou gatos.
Não é pelo fato do homem ser hoje o único "vira-lata" existente que ele tem de ser tão discriminado. Notem que já não vemos mais cães revirando lixo. O que vemos fazendo isso são crianças, adultos e idosos. O que nos leva a uma reflexão sobre a eficiência e a ineficiência de algumas instituições. Aquelas que cuidam da Causa Animal e aquelas que cuidam da Causa Humana.

ATLETISMO

Eu cada vez me convenço mais que a prática do Atletismo deveria ser obrigatória em todas as escolas. Uma disciplina organizada com princípio, meio e fim. E são vários os motivos e exemplos. Um deles veio recentemente da República Tcheca. Local onde a jovem Débora Leôncio, 15 anos, conquistou o título mundial de menores nos 200 metros rasos. Atleta forjada pelo trabalho e iniciativa pessoal de um obstinado professor. Um outro motivo, ao contrário de outras modalidades, é o princípio de inclusão que o Atletismo propicia. Modalidade em que o veloz, o resistente, o gordinho (nos arremessos e lançamentos) e o mais alto (nos saltos), têm vez. Além de ser o Esporte-Base, utilizado em todos os outros.
Existe ainda o fato de ser a modalidade mais fácil de ser praticada. O que pode ser feito numa quadra, na praia, num terreno baldio, na rua ou num corredor. O que contraria o argumento do Ministro dos Esportes em recente programa de televisão. Na ocasião, ao responder a pergunta de um repórter sobre a inexistência de um programa de desporto escolar, prioridade Constitucional, o Ministro alegou a carência de profissionais especializados e a falta de equipamentos esportivos nas escolas. Bem falante, tentou assim justificar os maciços investimentos no desporto de alto rendimento. Segundo o que foi apurado há algum tempo atrás pelo Tribunal de Contas da União, algo em torno de 95% de todos os recursos federais para o setor. Recursos oriundos do Ministério, das Loterias e das Empresas Públicas. Números que devem ter aumentado substancialmente com os gastos estratosféricos realizados na organização dos Jogos Pan-americanos. E podem ter a certeza de que o céu será o limite com o megalomaníaco projeto de realização da Copa do Mundo de Futebol no Brasil.
Além de todas as vantagens já citadas, a prática do Atletismo nas escolas atacaria também a obesidade infantil. Problema detectado, através de pesquisa, nas escolas de Santos. As mesmas escolas que poderiam utilizar as pistas de Atletismo existentes no município, além das praias para a prática da modalidade. Mas a realidade infelizmente é outra. Nos Jogos Escolares deste ano o Atletismo foi adiado por insuficiência de escolas inscritas. Somente duas se inscreveram. E nós estamos falando do município que ainda tem a fama de ser o mais esportivo do Brasil. O que gera controvérsias em função da sua matriz esportiva que era clubística já não existir mais.

MESTRE

Confesso que já tive vários professores com cursos de especialização, mestrado e até doutorado. Todos eruditos e profundos conhecedores das suas áreas de atuação. Mas nenhum me marcou mais do que o Mestre Shinzato. Paradoxalmente, o menos erudito. Porém, o mais sábio. A prova é a sua extrema simplicidade, ressaltada pelo Prefeito Papa na homenagem recente que o Mestre recebeu da Prefeitura de Santos. Simplicidade que caracteriza a suprema sabedoria.
Estávamos no ano de 1988 e o prefeito era o saudoso Oswaldo Justo. Naquela época eu ocupava um relevante cargo na administração municipal e me deparei com algumas situações de difícil solução. Difícil porque decidir na administração pública é complicado. Principalmente se a decisão visa defender o patrimônio público. Gera descontentamento. Geralmente de pessoas influentes que vivem mamando nas tetas já desgastadas daqueles órgãos. Eis o porquê da maioria dos políticos ficar sempre em cima do muro. Se bem que esse não era o caso do prefeito Justo.
Preocupado com a situação, procurei o Mestre Shinzato e comentei sobre o assunto. Com o seu sorriso característico, de forma simples e direta ele respondeu que a solução estava dentro de mim mesmo. Agradeci. A seguir informei ao prefeito o que precisava ser feito e fui autorizado a agir. Daí o motivo pelo qual o ex-prefeito Justo também se diferenciava.
Forjar homens reais, homens autênticos, é a missão do verdadeiro Mestre. Sem muitas palavras, sem muita erudição, ele não terá respostas para a maioria das dúvidas dos seus discípulos. Inclusive as existenciais. O que ele poderá fazer é auxiliá-los a encontrá-las dentro de si mesmos. É essa a grande diferença.
Banzai, Mestre!