Todos sabem que o esporte é uma ferramenta de inclusão social. Porém, transformá-lo de fato em uma ferramenta de inclusão social é que é o problema. A sua utilização, infelizmente, sempre foi para a captação de votos ou de recursos financeiros. Em outros casos, como produto de maquiagem para encobrir as mazelas existentes. E com esse viés, uma minoria pratica e é beneficiada. Enquanto que a maioria assiste e é marginalizada. É a inversão que se dá quando se prioriza o alto rendimento e a pirotecnia das grandes e absurdas realizações. A base, o desporto educacional, prioridades constitucionais, acabam prejudicados. E o pior é que tudo isso acontece com o respaldo de grande parte da mídia. Afinal, a audiência se dá com a minoria praticando e a maioria assistindo.
E por falar no processo de inclusão que o esporte propicia, algumas modalidades acabam sendo mais inclusivas do que outras. Sem nenhuma dúvida, o Atletismo é a mais inclusiva de todas. Além de ser a mais fácil de ser praticada. Eu não me canso de repetir de que no Atletismo todos têm vez: o veloz, o resistente, o gordinho(nos arremessos) e o mais alto(nos saltos). Só por isso já deveria ser uma atividade obrigatória em todas as escolas. Tese reforçada com o índice altíssimo de obesidade infantil. Paralelamente, poderíamos utilizar em Santos as pistas da ADPM e do Portuários que, somadas às pistas do Brasil FC , do SESI e, possivelmente, à do Dale Coutinho, formariamos cinco núcleos. Locais para onde seriam encaminhados os alunos que se destacassem nos Jogos Escolares e no Campeonato Santista de Atletismo. Evento que poderia ser criado e realizado paralelamente ao Campeonato Santista de Pedestrianismo. Aliás, o Atletismo dos Jogos Escolares deste ano já foi adiado duas vezes por ausência de escolas inscritas. O mesmo Atletismo que já revelou para o mundo Elias Fonseca, Luíza Felix e Sanderlei Parrela. Já dá para imaginar quantos Elias, Luízas e Sanderleis surgiriam com um programa desses.
Para se ter uma idéia da importância desse esporte, terça-feira passada, 30/11, foi realizado o Pró-Atletismo em Praia Grande. Evento da Delegacia Regional de Esportes, em que dois nomes se destacaram pelas circunstâncias e pelos resultados obtidos. Foram eles: Tamires Aparecida(campeã dos 600 metros, com o tempo de 1m58s34) e Pedro Henrique(campeão dos 60 metros, com o tempo de 9s29). Ambos com dez anos de idade, foram classificados para a Fase Final Estadual a ser realizada em Presidente Prudente. A menina, moradora dos morros, já pratica há algum tempo com o Prof. Daniel. O menino, da região central da cidade(das mais carentes), foi encaminhado há dez dias para o SESI pelo inspetor da escola onde estuda. Tanto é que ele foi inscrito fora do prazo, precedente aberto pela Delegacia de Esportes e que merece elogios. Tamires e Pedrinho deverão fazer história. E o mínimo de que necessitam, além de atenção e afeto, é de transporte, reforço alimentar(inclusive para a família) e alguns apetrechos básicos. Nada impossível diante dos milhões, bilhões, gastos em eventos megalomaníacos por todas as esferas de governo .
4 comentários:
É necessário mesmo definir qual é o papel da Educação Física na escola. Sou professora de Matemática e até hoje não sei porque a aula de Educação Física não tem a mesma importância que as demais disciplinas.
Ana Paula
Definir o papel da E.Física e do Esporte. Até aonde vai uma e começa outra. Avaliação periódica. Participar dos eventos existentes. Recompensar os professores, etc.
Beijos
Meu caro Ibrahim.
Talvez seja a vida moderna que esteja acabando com o esporte popular.
esporte no Brasil só é futebol, ao menos o que a grande maioria do nosso povo pensa.
Afinal 2014 está aí e a maior emissora de TV do Brasil nos noticiários só fala sobre isso, até samba já compuseram para um evento que poderá acontecer daqui a uns 6 anos.
Os meninos pobres e sem futuro desta nação, quando perguntados querem ser jogadores de futebol, assim como as meninas querem ser modelos.
O que vemos aí, fama, dinheiro a rodo, mulheres, carrões prestígio, poder de compra, etc.
Acontece que o que nós não vemos na verdade são crianças de qualquer classe social brincando, andando de bicicletas, ou mesmo jogando bola pelas ruas e até nas praias da cidade, o mundo moderno, a violência e o medo fizeram com que os nossos jovens se tornassem pequenos "NERDS" virando feras em informática e idiotas em relacionamento interpessoal.
Sempre que uma criança ou adolescente sai a rua para brincar e se relacionar é saudável, não precisamos de atletas mas sim de gente com saúde, física e mental.
Uma criança hoje só anda de bicicleta pela ciclovia da praia se for acompanhado por um adulto, pois corre o risco de ter sua bicicleta roubada ou o que é pior de ser agredido por gangs dos "futuros" jogadores de futebol, que saem em bandos apenas com o espírito de ferir e agredir a todos aqueles que tem um pouco mais do que eles.
O esporte e a saúde nesta nação só voltarão as ruas e escolas quando a desigualdade social diminuir e este país ser governado em todas as esferas por gente decente, enquanto isso não acontece, teremos campeões de videogame e de tempo navegado em Orkuts da vida.
Certo, Fernando.
Se a vida moderna, como você diz e com razão, está acabando com o esporte popular. Se a vida moderna também está acabando com os clubes, que eram as nossas matrizes esportivas. Era nos clubes que surgiam os nossos atletas. E hoje eles estão dando espaço para os espigões de concreto. O problema consiste em encontrar uma nova matriz. A meu ver, são as escolas. São elas os braços de maior alcance social que o poder público dispõe. É o que a Ana Paula disse: é necessário definir o papel da E.Física e do Esporte na escola. Até aonde vai uma e começa a outra. Atividades com princípio, meio e fim. Naturalmente, sem deixar de priorizar o caráter lúdico. Essencial na infância.
Um forte abraço e obrigado
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