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segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

RUAS DE TERRA E CAMPOS VARZEANOS

As ruas de terra que marcaram a minha infância já não existem mais. Da mesma forma que estão deixando de existir os campos da várzea. No estradão, alguns dos últimos campos estão sendo ocupados por prédios de apartamentos. Ambos, as ruas e os campos, eram fontes inesgotáveis de craques. Cenários naturais onde predominava a ludicidade no aprendizado do futebol.
Nas ruas, iniciávamos as nossas atividades com o "pega-pega", o "garrafão", o "jogo de taco", etc. A seguir, o tão esperado "gol-caixote". Eram movimentos naturais e prazerosos. Momentos em que desenvolvíamos todas as nossas capacidades inatas. Capacidades de força, de flexibilidade, de reação, de velocidade, etc. Alicerces para o aprendizado e o desenvolvimento das habilidades com a bola. As ruas estreitas, com valas de esgoto a céu aberto, ajudavam ainda mais no desenvolvimento das várias habilidades. E a ascensão para os campos era natural. Os meninos que se destacavam eram convidados para jogar nos vários times existentes. E como surgiam craques! Dali para um clube profissional era um pulo. Tudo era lúdico, natural e criativo!
Com o desaparecimento daqueles cenários, surgiram as escolinhas de futebol. E junto com elas, profissionais despreparados para trabalhar com crianças. A partir daí, em detrimento do lúdico, a disciplina, a regra e o rendimento passaram a ser as prioridades. A atividade que mais contemplava a infância sob o ponto de vista lúdico, tornou-se mais uma atividade obrigatória(todos os pais desejam para os filhos), maçante e pouco criativa. No esporte mais popular do mundo a infância também passou a ser considerada um entrave para a produtividade.
Talvez seja esse o motivo da profusão de craques naquela época, contra a profusão de atletas na época atual. Fenômeno reforçado ainda mais a partir da aplicação de métodos científicos na preparação física dos jogadores. O que eu não critico. A minha crítica vai para todas as instituições, da família às universidades, que desconsideram a infância e a sua rica motricidade. Ao invés de descartá-la, deveriam considerá-la como a fase mais importante do ser humano. É o mínimo que se pode exigir. E as universidades deveriam considerá-la como objeto de estudos para gerar subsídios à rede de ensino e às escolinhas de esportes.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

MODELO DE DESENVOLVIMENTO

Um dos meus sonhos de infância era conhecer a cidade de São Paulo. Desejo alimentado pelas conversas que ouvia sobre o tamanho e a imponência daquela metrópole. Acostumado com a tranqüilidade das ruas de terra do bairro onde morava, ansiava pisar no asfalto da maior e mais movimentada cidade do país. No fundo, no fundo, o que eu desejava era conhecer um pouco o mundo desenvolvido. Afinal, bonde, trem e rua de terra eram sinônimos de subdesenvolvimento. Sinônimo de desenvolvimento era e continua sendo a quantidade de asfalto, de concreto e, principalmente, de automóveis. É o progresso simbolizado eternamente pela indústria automobilística. Incentivada em todos os governos.
A verdade é que esse modelo precisa ser repensado. Principalmente no seu sistema viário. Sistema erguido para contemplar o transporte individual, há muito deixou de satisfazer o motivo da sua própria existência. Existem estudos do Instituto de Energia e Meio-Ambiente demonstrando a queda da velocidade média do trânsito em São Paulo. Por exemplo, de 24,8 Km/h em 1980, para 18 Km/h em 2006. E, paradoxalmente, a pesquisa aponta um decréscimo no sistema de transporte coletivo. Segundo o Instituto, em 1967, ônibus e trens eram responsáveis por 2/3 do transporte de massa. Em 2002, mesmo com a construção do metrô, 53% do transporte era feito por automóveis. Para ajudar ainda mais a compreensão do fenômeno, a quantidade de veículos particulares em São Paulo aumentou 280% nos últimos trinta anos. E, no mesmo período, o crescimento populacional foi de 23%. As conseqüências disso são os congestionamentos monstruosos e os problemas causados à saúde pública. Inclusive problemas psicológicos. O mesmo Instituto aponta os veículos automotores como os maiores responsáveis pela poluição atmosférica em São Paulo. O que representa 73% do monóxido de carbono, 80% dos hidrocarbonetos e 21% do óxido de enxofre. Poluição que provoca problemas respiratórios e cardíacos. Aponta também índices impressionantes de acidentes de trânsito. Uma morte a cada seis horas.
Eu não conheço nenhum estudo parecido em Santos. O que sei é fruto da experiência de ter utilizado o bonde como transporte. E tínhamos aqui uma ampla malha de linhas do transporte mais rápido, não poluente e econômico que existe. E que deixou de existir em nossa região, conseqüência do "desenvolvimento". Lembro, saudoso, do meu pai acertando o relógio na passagem do Bonde 1. Tomara que a linha turística implantada na atual administração continue a ser ampliada. Na verdade, estou torcendo para que ela atinja todas as nossas regiões. Da mesma forma que torço pela contínua expansão das ciclovias. O alargamento, a nivelação, a qualidade do piso e a arborização das calçadas, contemplariam também o pedestre.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

FELICIDADE AMBIENTAL

Dizem que nos Estados Unidos tudo é pesquisado. Eu não tenho dúvidas disso. Ainda recentemente foram publicados os resultados de uma pesquisa que aponta índices maiores de felicidade nas regiões de maior preservação ambiental. No topo dessa lista estão os países europeus. Na rabeira, os países pobres mergulhados em conflitos. Também numa situação ruim estão os países com densa população e muita poluição(Índia e China). Dos cento e quarenta e nove países avaliados, o que se deu melhor foi a Suiça.
O critério da pesquisa envolveu indicadores de políticas ambientais. Tais como: poluição do ar, recursos hídricos, biodiversidade, recursos naturais, mudança climática, dentre outros. Os Estados Unidos também obtiveram um índice fraco. O que contraria a teoria de que os ricos são mais felizes do que os pobres. E que só vem confirmar o descaso secular daquela nação com as questões ambientais. Os indicadores de felicidade dos brasileiros também não têm sido muito bons. E pioram à medida que devastamos as nossas matas, contaminamos os nossos rios e poluimos o nosso ar.
É por isso que o meu humor melhora quando visito a minha mãe. Lá, mantenho várias árvores frutíferas. O que acaba atraindo pássaros e alguns insetos em extinção. Uma noite dessas vimos dois vaga-lumes. No outro dia, uma libélula. Aquela mesma que se alimentava das larvas de mosquitos. Daí a importância dos quintais arborizados, também em extinção. Onde estou morando é apartamento e a rua é muito árida. Com mais de dois quilômetros, a Rua Oswaldo Cruz tem somente noventa árvores.
Freud já afirmava que a sociedade era triste e que não havia remédio. Alguns pesquisadores atuais afirmam que a sociedade é triste porque não é autêntica. Estamos sempre vivendo em função do que os outros pensam ou determinam. Agora as pesquisas apontam também para a questão ambiental. Talvez seja isso mesmo. O resgate da felicidade passa pelo resgate da personalidade e do meio ambiente.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

CLUBES

Aconteceu recentemente um debate sobre os clubes santistas. E no calor das discussões, sobrou também para os clubes de futebol. Na realidade, para alguns clubes, só milagre! Porque já morreram, faz tempo! Conseqüência da incompetência administrativa e da pressão imobiliária. E no lugar de um administrador, só um ressuscitador resolveria! Para aqueles que ainda sobrevivem, uma administração competente seria o bastante. E competência passa pela capacidade de se tomar atitudes. De cortar regalias. Trocando em miúdos, de economizar. Até por que não existe sucesso sem economia. Economia de tempo, energia e dinheiro. Seja no esporte, nos negócios ou na administração pública.
Um dos exemplos da incompetência administrativa nos clubes foi a criação do chamado sócio remido. Uma condição que desobriga o sócio, após algum tempo, de pagar qualquer taxa. Ou seja, chega uma época em que há mais sócios isentos do que pagantes. Já nos clubes de futebol, a contratação descabida de ex-jogadores para funções técnicas e administrativas é um outro exemplo de incompetência através do paternalismo. Incompetência que também passa pelo descaso com as categorias de base e pelo modismo das "pré-temporadas". Se para um cidadão comum manter-se em forma é uma questão de saúde pública, por que um jogador PROFISSIONAL pode relaxar e abusar nas férias? A ponto do clube ter de gastar milhões com viagens, hospedagens e muito mais, para colocá-lo em forma. Bastaria fazer uma avaliação física em cada um antes das férias e estabelecer um percentual de tolerância. Na retorno, aqueles que transgredissem seriam multados.
Afinal, é possível relaxar nadando, caminhando, cavalgando e até participando de uma pelada despretensiosa.

sábado, 9 de fevereiro de 2008

OS CUSTOS DA CARNE BOVINA

O rebanho bovino brasileiro já ultrapassou em muito a casa das duzentas milhões de cabeças. E isso tem um preço ambiental enorme com a destruição das florestas para a formação de pastos, com o consumo exorbitante de água e com a emissão de gás metano na atmosfera.
Ocupando vastas áreas, sistema considerado pouco produtivo, a maior parte do nosso gado é criada solta no campo. Considerando-se que cada animal necessita de um hectare para engordar, a área necessária para um rebanho de mais de 200 milhões de cabeças é estimada em aproximadamente 2 milhões de km2. O equivalente a 1/4 do território nacional. Com o tempo, florestas só em filmes e fotografias! E a água? Existem estimativas que apontam um consumo de 43 mil litros para cada quilo de carne. Cálculo que envolve a água que o animal bebe, cerca de 50 lts/dia, e a água utilizada na produção do seu alimento. Isso do nascimento ao momento do abate. Matas destruídas, água consumida em excesso e uma das maiores fontes de gás metano. É isso mesmo. Um dos gases que está causando o aquecimento global e que é expelido através do "pum" dos bois.
E com tudo isso o preço da carne ainda é inacessível para a maioria dos brasileiros. E o que fazer? Sinceramente, não sei bem! Talvez diminuindo o consumo de carne bovina. Fonte de proteína que poderia ser substituída pela carne de coelho, dentre outras, produzida e popularizada através de incentivos governamentais. Isso por que o coelho tem a fama de ser um animal que se reproduz bastante e pode ser criado em cativeiro.