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sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

POUPAR OU GASTAR?

Confesso e confirmo publicamente que estou descumprindo uma recomendação presidencial. Não só não estou indo às compras, como sempre resisti à tentação do consumismo exacerbado. Na minha modesta opinião, é a essência da crise que se alastra pelo mundo todo.
Baseado na produção em série, o processo demanda matéria prima infinitamente. Sendo finito o nosso planeta, o problema está instalado. Principalmente com outros países produzindo e consumindo cada vez mais. Problema agravado pelas seqüelas deixadas pelo desflorestamento, pela desertificaçào e pela poluição causada por toda espécie de lixo. Inclusive o lixo tecnológico. Como se pode notar, o processo é insustentável e precisa ser revisto.
Aproveito, também, para fazer algumas recomendações. Porém, ao contrário de incitar o consumo, eu recomendo prudência. Aliás, prudência e economia, mesmo na época das vacas gordas, é a receita do sucesso em todos os setores. A começar pelo setor público. Portanto, poderíamos começar extinguindo Ministérios, Secretarias e Departamentos obsoletos. E de carona, cancelar a realização de uma Copa do Mundo e abandonar a idéia irracional de uma Olimpíada aqui.
O momento não poderia ser melhor. Serviria de exemplo para os milhares de prefeitos eleitos e reeleitos que tomarão posse no ano que vem.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

TRÂNSITO NA AV. NOSSA SENHORA DE FÁTIMA

"Das 17 às 20 horas de terça-feira, o excesso de carretas que chegavam às empresas da Zona Noroeste bloqueou o tráfego na Avenida Nossa Senhora de Fátima. O congestionamento chegou à Via Anchieta, na altura do Jardim Casqueiro, perto da entrada de Cubatão. Os caminhões que chegavam à entrada de Santos visavam alcançar as empresas instaladas na Zona Noroeste. A maioria delas está localizada nas ruas Ana Santos, Boris Kauffmann e Júlia Ferreira de Carvalho, vias transversais da Avenida Nossa Senhora de Fátima. A lentidão ocorreu porque os caminhões permaneciam enfileirados. Com a vinda de mais veículos, a fila aumentou e se estendeu para a Nossa Senhora Fátima, bloqueando todo o trânsito de veículos".
O trecho da reportagem, veiculada no Jornal A Tribuna de 17/12/2008, retrata o verdadeiro caos em que se transformou o trânsito na Av. Nossa Senhora de Fátima. Principalmente após a instalação de várias empresas de transporte naquela avenida e nas ruas transversais. A pergunta que se faz é se houve planejamento quando foram dadas as autorizações para as empresas se instalarem naqueles locais? Problema que será agravado mais ainda com a verticalização daquela região.




terça-feira, 16 de dezembro de 2008

CPMI DO ESPORTE BRASILEIRO

Existe um movimento em Brasília para se instalar uma CPMI do Esporte Olímpico. Segundo algumas fontes, a resistência é maior na Câmara do que no Senado. Influência do COB, dizem as mesmas fontes, que não quer saber de investigação nenhuma. Já no Senado, 33 assinaturas estão garantidas. Seriam necessárias 27. Vamos torcer para que 1/3 dos deputados se sensibilizem e resolvam abrir essa verdadeira "caixa preta" que envolve o esporte brasileiro.
Afinal, tem que se fazer uma CPMI sim! E ir FUUUNDOOO. Revirar Ministério, COB, Confederações, Federações, Ongs e tudo o mais. Foram bilhões gastos no Pan, para quê? Foi só pirotecnia. Pequim desmascarou. E é assim nos estados e municípios também. O esporte é a velha moeda de troca. E das mais chinfrins. A base, a matriz, continua abandonada. E está lá na Constituição: “a prioridade é o desporto Educacional”. Falar em desporto educacional, não entendo por que a verba oriunda da Lei Piva para o desporto escolar tem de ir para o COB? E o MEC, onde é que fica nisso?
Aproveitando, já que o Senado está preocupado com essa questão, seria o momento de se questionar a realização de uma Copa do Mundo aqui. Principalmente com a crise, batizada de "marolinha", que se anuncia. Até por que já estão preparando o terreno. Uma entidade nacional dos arquitetos já declarou que não existe um só estádio em condições de receber jogos da Copa. Muitos terão que ser demolidos e reconstruidos, os outros reformados. É brincadeira. E ainda querem trazer uma Olimpíada

sábado, 6 de dezembro de 2008

ESTADO DE PUTREFAÇÃO

"O Conselho se curvou" foi o título de um dos editoriais do jornal O Estado de São Paulo publicado sexta-feira passada, 05/12. A matéria trata da absolvição do deputado Paulo Pereira da Silva pelo Conselho de Ética da Câmara, cujos tópicos principais transcrevo a seguir:
"Protegido pelo governo Lula e pelo poder de coação das falanges do sindicalismo de resultados, o deputado pedetista Paulo Pereira da Silva, chefe da Força Sindical, safou-se da perda do mandato por quebra de decoro parlamentar. Pela ampla margem de 10 votos a 4, o Conselho de Ética da Câmara rejeitou o parecer do relator Paulo Piau, do PMDB de Minas Gerais, que acusou "Paulinho da Força" de participar de um esquema fraudulento para a liberação de verbas do BNDES para prefeituras e empresas. Um segundo inquérito, também envolvendo o deputado, foi instaurado no Supremo para apurar irregularidades cometidas pela Força Sindical no uso de verbas do Fundo de Amparo ao Trabalhador(FAT).
No mesmo dia em que o relator pediu a cassação de Paulinho, o deputado-sindicalista foi recebido pelo presidente Lula para jantar na Granja do Torto, depois de se reunirem no Planalto, onde o anfitrião proclamou a sua solidariedade a ele. Anteontem, como era esperado, os governistas no Conselho de Ética votaram em bloco por sua absolvição (que contou ainda com o apoio de dois parlamentares da oposição, ambos da Paraíba). Lula tinha fechado um negócio com o turbulento aliado, que alardeara a intenção de se candidatar a prefeito de São Paulo. Em troca da desistência, em favor da petista Marta Suplicy, o governo não lhe faltaria na hora do aperto".
O editorial discorre ainda sobre a participação da mulher do deputado: "Uma das figuras mais entusiasmadas ao seu redor era a própria mulher, Elza Pereira, indiciada pela Polícia Federal por lavagem de dinheiro, em inquérito aberto por determinação do STF. A polícia concluiu que a ONG que ela preside, Meu Guri, fez parte da grande armação destinada a ordenhar o BNDES. O lobista João Pedro de Moura, o apadrinhado de Paulinho que chegou a ser conselheiro da instituição, depositou R$ 37,5 mil na conta bancária da ONG. De acordo com a investigação, dinheiro proveniente de parcelas desviadas do BNDES. Entre 2002 e 2003, quando Moura operava no Banco, a ONG de Elza Pereira recebeu um total de R$ 1,199 milhão.
Outro comparsa era Ricardo Tosto, conselheiro também indicado pela Força Sindical. A patota conseguiu liberar R$ 124 milhões para a prefeitura de Praia Grande. A Polícia Federal suspeita que isso teria valido a Paulinho uma propina de R$ 325 mil.
O outro inquérito em curso no Supremo trata da contratação, pela Força Sindical, de uma fundação de Piraju(SP) para ministrar cursos profissionalizantes, com R$ 215 mil em verbas do FAT. Dos 26.991 matriculados, 24.948 tinham o mesmo CPF. Enquanto o Legislativo abafa, pelo menos o Judiciário apura".
O reino da Dinamarca está podre, seria a frase correta.

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

NATAÇÃO SANTISTA

De acordo com alguns dirigentes, a natação santista foi decisiva para a manutenção de Santos na quinta colocação dos Jogos Abertos do Interior realizados este ano em Piracicaba. Isso não quer dizer que a natação tenha a estrutura ideal no município. Poderia ser melhor se continuássemos com a atividade também nos clubes. Com a maioria em decadência, a matriz que era clubística deixou de existir faz tempo. Embora o Clube Internacional de Regatas, que já foi a principal força da natação santista, continue pujante, foi na Unisanta que a modalidade se concentrou e ganhou força.
Com a ajuda do poder público municipal, através do Programa Adote um Atleta, a Unisanta é hoje uma das maiores, senão a maior força da natação brasileira. O mesmo poder público que mantém centenas, talvez milhares de crianças e jovens nas duas piscinas existentes na Zona Noroeste. Crianças e jovens que nadam, nadam, sem maiores perspectivas. Ou seja, o poder público está presente nas duas pontas, na iniciação e no alto rendimento, falta estabelecer um elo entre elas.
Uma das idéias, surgidas à época em que o agora vereador Hugo Dupree dava aulas em uma das piscinas daquela região - recordo de algumas crianças encaminhadas por iniciativa sua à Unisanta - seria a implantação de índices técnicos. As crianças e jovens que atingissem tais índices, seriam encaminhadas às equipes daquela universidade. De origem humilde, sem muitos recursos, quem atingisse os índices receberia uma ajuda que pudesse suprir suas necessidades básicas. Tais como, equipamentos, transporte, alimentação e educação.
A parceria já existe e os recursos também, basta o consenso e alguns ajustes no contrato. Refiro-me aos recursos municipais do Programa Adote, do Fadesp(Fundo de Assistência ao Esporte), do Promifae e dos recursos privados e federais solicitados através do Departamento de Marketing existente. Tarefa facilitada pela Lei Federal de Incentivo ao Esporte e pelo conteúdo social do projeto. A Unisanta, dentre outros, poderia dar um incentivo educacional para os atletas através de bolsas e a orientação técnica para os professores da SEMES.

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

ABSURDOS

Eis por que o esporte não pode ser levado a sério neste país. Caso contrário, ficaria mais difícil transformá-lo na moeda de troca "chinfrim" que é. E eis por que ninguém contesta a "farra do boi"que foram os Jogos Pan-Americanos e o que será a Copa do Mundo aqui. E já estão preparando o terreno. Uma instituição de peso, ligada à construção, já declarou que não existe um só estádio em condições de receber os jogos da Copa. Muitos terão que ser demolidos e reconstruídos, os outros reformados. Enquanto isso, com a terra estéril e com os insumos agrícolas pela hora da morte, situação agravada pela inadimplência e conseqüente confisco do maquinário do agricultor, o prenúncio é de escassez de alimentos e com todas as conseqüências já conhecidas. Mas quem está preocupado com isso? Afinal, é apenas uma marolinha!
E não estranhem se alguns estados e municípios paupérrimos abrirem mão de verbas sociais, da saúde ou da educação para a reforma dos seus estádios..


Deputado distribui convites para jogo da seleção



Ricardo Wegrzynovski/Divulgação

O deputado Alberto Fraga (DEM-DF) distribuiu vários convites para o jogo da seleção brasileira contra Portugal, hoje (19) à noite, em Brasília. Os parlamentares receberam as entradas grátis no plenário da Câmara nesta tarde.

Estou fazendo uma caridade”, afirmou ele, com ironia, depois de entregar três ingressos a um deputado. Ele não quis dizer quantas entradas distribuiu. “Estou dando aos que o governador [José Roberto Arruda (DEM)] convidou”, despistou Fraga, secretário de Transportes de Brasília licenciado.

Como mostrou o Congresso em Foco hoje, 8 mil lugares no estádio (40%) não serão pagos, beneficiando autoridades, como senadores e deputados, além de 2.500 moradores. Os 12 mil pagantes vão ter que arcar com um ingresso de R$ 180, para assistir ao amistoso contra Portugal. (Eduardo Militão)*

domingo, 16 de novembro de 2008

SOS LAGOA

A exemplo do surgimento da Agenda 21 de Cubatão, a Agenda 21 de Santos pode estar ressurgindo também de cima pra baixo. A diferença é que a Agenda daquele município surgiu no alto do poder econômico e do poder político. Já a nossa Agenda pode estar ressurgindo, literalmente e naturalmente, no alto do Morro da Nova Cintra. O abraço simbólico na Lagoa da Saudade, deixou claro que o movimento SOS Lagoa está descendo o morro e ganhando simpatia aqui embaixo. E não poderia ser diferente, embora a sensibilização da população para as questões ambientais ainda esteja longe de ser a ideal. Eis por que o envolvimento e a participação de todos os setores é muito importante.
Particularmente, vejo no movimento uma oportunidade para se discutir as questões abrangidas por uma Agenda 21 que teima em não sair do papel. Uma oportunidade ímpar para se despir de vaidades e posições extremadas, tanto de um lado quanto do outro, e somar experiências. É possível, exemplos já existem, que se pode crescer e se desenvolver de forma sustentável. Basta ter a VIDA como meta. Ela transcende quaisquer outros interesses. Principalmente interesses financeiros e pessoais imediatos.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

FLORESTA EM PÉ

Durante a apresentação do Prêmio Eco, em São Paulo, o ministro de Assuntos Estratégicos, Mangabeira Unger, disse que a Floresta Amazônica vale mais em pé do que devastada. Em função, naturalmente, da sua riquíssima biodiversidade.
Descobriu a roda. O problema é que o próprio governo colabora com o desmatamento na medida em que faz acordos com grupos políticos em troca de apoio no Congresso. No caso, com a bancada ruralista. Já passa de uma centena a quantidade de projetos sobre a Amazônia tramitando naquela casa. Todos tratando de desmatamento. Nenhum de reflorestamento. Assistindo a uma das sessões da Comissão que trata do assunto, pude notar que muitos dos integrantes são proprietários de terras na Amazônia. Pra manter as árvores de pé é que não deve ser.
Sem dúvida, temos a maior biodiversidade do Planeta. O problema é que temos um desgoverno na mesma proporção. Por exemplo, temos uma legislação que autoriza a coleta de fauna e flora mas não autoriza o pesquisador a fazer bioprospecção(pesquisas, principalmente, sobre elementos que tenham aplicação comercial na indústria farmacêutica e de cosméticos). Enquanto isso, novas fórmulas vão sendo patenteadas por estrangeiros. E a gente aqui resmungando e esbravejando. Fica mais fácil derrubar tudo e transformar em pasto. Resolve logo dois problemas. O da biopirataria e o da bancada ruralista.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

PLANETA EXAURIDO

Não moro no morro, mas morro de amores pelo morro! Parte da minha infância foi desbravando as várias trilhas ainda existentes naquela região. Adorava subir o Morro do Voturuá em direção à Trilha do Boi Morto. E o horário escolhido era quase sempre o das explosões na Pedreira Sta. Teresa. Não tínhamos a noção do perigo, se é que existia algum perigo. O que nós queríamos era ouvir as explosões que aconteciam debaixo dos nossos pés e voltar com alguns cachos de coquinho brejaúva. Com o tempo a pedreira foi desativada. Hoje, ao seu redor, ainda existe uma vasta área desocupada. Aos poucos está virando pátio de caminhões, depósito de lixo e abrigo para desocupados. Tivéssemos um administrador com a visão de um Jaime Lerner, aquele espaço já teria sido transformado num grande parque turístico, cultural, esportivo e de lazer. Talvez coubesse até uma escola ambiental, dotada de toda infraestrutura necessária para receber alunos de outras escolas. Tais como alojamento, laboratório, refeitório, etc. Refiro-me a São Vicente.

Mais tarde, trabalhando com crianças e jovens pela prefeitura de Santos, fazíamos essas trilhas quase todos os finais de semana em direção à Lagoa da Saudade, Lagoa do Boi Morto, Pedra da Campina, Pedra do Urubu e ao Monte Serrat. Neste último, costumávamos subir pela "Escadinha do Céu". Acesso com quase quinhentos degraus, situado em meio a muita vegetação. Íamos também à Praia de Paranapuã(Praia das Vacas), Praia do Itaquitanduva, Poço das Antas e à Cachoeira de Paratinga. Nas nossas caminhadas, recolhíamos o lixo que outras pessoas deixavam pelo caminho, discutíamos a importância da preservação ambiental, tipos de vegetação, o fenômeno da fotossíntese e muito mais. E nos dias que se seguiam o assunto continuava. Oportunidade em que eram estimulados a escrever sobre a experiência e a discutir em grupo. Hoje, todos adultos, não hesitam em afirmar que foram os melhores momentos das suas vidas. É a magia do contato da criança com a natureza. Interação que ocorre porque é lúdico, porque tem o espírito de aventura. E também porque a criança ainda não está totalmente influenciada pelo materialismo exagerado da nossa sociedade. É, portanto, o momento ideal de se despertar e se resgatar a ternura com a nossa Mãe Terra. Daí a importância de uma escola ambiental, citada acima, junto à natureza.

Eis por que vejo no movimento SOS LAGOA uma oportunidade para se discutir um problema que não é só do morro, é um problema mundial. E mais. Ao invés de ser combatido, o movimento deveria ser aproveitado para destravancar e engrenar a famigerada Agenda 21. O nosso planeta está se exaurindo e os sinais são evidentes. Isso porque os modelos de crescimento atuais são insustentáveis. Não é possível todos os povos, todas as nações, produzindo e consumindo com a mesma voracidade. É uma política que por si só se autodestrói. E o setor da construção não foge à regra. Ainda se houvesse, mas não há nenhuma contrapartida ambiental ou social. E não é por falta de modelos. O problema é o critério da margem de lucro. Para ela ser maior, as despesas são reduzidas. Sendo assim, dentre outras medidas, ficam fora de cogitações a preservação e a compensação da vegetação, a reciclagem e o reaproveitamento do entulho, a armazenagem e a utilização de águas pluviais, o reaproveitamento da água utilizada e a individualização do seu consumo, a utilização de madeira certificada, a utilização de energia de fontes renováveis e melhores condições para os empregados do setor.

Haja terra!

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

INICIATIVAS COERENTES

Foi assinado um protocolo de cooperação técnica entre o governo estadual de São Paulo e o setor da construção. Inédita, a iniciativa é importantíssima para minimizar o impacto ambiental nos empreendimentos públicos e privados. E só o fato de estar sendo implementada antes da posse dos prefeitos eleitos, torna-se mais importante ainda na medida em que for seguida como modelo.
O que chama a atenção no protocolo é a quantidade de itens a serem seguidos. Da preservação e compensação de vegetação à reciclagem e reaproveitamento de entulho, as exigências também passam pela armazenagem de águas pluviais, utilização de madeira certificada, flexibilidade para reformas ou desmonte futuro com o mínimo de danos, utilização de energia de fontes renováveis, recursos arquitetônicos que favoreçam a iluminação e a ventilação naturais, movimentação de terra, sistemas de drenagem, etc. Além disso, o governo se compromete a adotar as mesmas diretrizes nas obras de sua responsabilidade.
Não há como negar a importância da iniciativa. Resta torcer para que ela dê certo e se propague pelos municípios. E que todos cumpram com as suas responsabilidades.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

AMBIENTE URBANO

A quantidade e a diversidade de pássaros na área urbana estão intrinsicamente ligadas à vegetação existente. A prova foi a recente pesquisa realizada na área insular de Santos pelas biólogas Maria Cecília H. Furegato e Sandra Regina P. Pivelli. Em palestra no COMDEMA - Conselho Municipal do Meio Ambiente, elas relataram que a maior incidência de pássaros acontece no Morro da Nova Cintra. Exatamente onde se encontra o que restou de Mata Atlântica na zona urbana do município de Santos. A vegetação se estende das proximidades da Lagoa da Saudade, localizada no Morro da Nova Cintra, envolve toda a Lagoa do Boi Morto, localizada no Morro do Voturuá, terminando no Horto Municipal de São Vicente. Os outros locais, segundo as pesquisas, onde também há incidência de pássaros são: Orquidário, Jardim Botânico, Hospital Guilherme Álvaro e Beneficência Portuguesa.
Diante da situação ambiental caótica, a ponto do IPCC - Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas afirmar que a única saída é o reflorestamento do Planeta, o mínimo que se espera é a preservação desses locais. De posse dos indicadores apresentados pelas biólogas, o COMDEMA bem que poderia ser o vetor dessas sugestões.

domingo, 19 de outubro de 2008

VIDA MENOSPREZADA

Fontes do Ministério Público denunciaram várias irregularidades nas plantações de cana-de-açúcar. Principalmente aquelas relacionadas às condições de trabalho dos milhares de trabalhadores temporários. As mesmas fontes afirmam que "dezoito cortadores de cana morreram nos últimos anos, vítimas de desidratação, ataques cardíacos e outros fatores ligados à exaustão em regiões onde a floresta deu lugar à agricultura". "Isto não inclui o número desconhecido de outros trabalhadores que morreram em acidentes de trabalho". "Até prisioneiros têm melhores condições de vida", declarou o promotor Luiz Henrique Rafael. "A única forma de lazer deles é a cachaça". Acrescentou ele. Há ainda o relatório da Anistia Internacional que denuncia o resgate de mais de mil trabalhadores escravos, em junho de 2007, em uma fazenda de produção de etanol no Pará.
Essa é uma prova inequívoca de que o homem é um meio e não o objetivo final nesse sistema predatório, suicida e excludente. Desmata-se para a plantação de cana e explora-se o trabalhador para aumentar os lucros. E é assim no campo e na cidade. Com o boom da construção civil, o Planeta é perfurado, sangrado, impermeabilizado, compactado, verticalizado e o trabalhador explorado. Isso é crescimento econômico, sim! Porém, de uma minoria! E com um custo ambiental e social muito, mas muito alto! Desenvolvimento é diferente. Pressupõe qualidade de vida para a maioria. E aí entram as questões ambientais, culturais, sociais, etc..etc. Encontrar a solução é atribuição dos governos. Conciliar interesses, desigualdades, é a sua função. E hoje, a mais nobre, a mais importante e a mais urgente é a preservação da VIDA.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

DEMOCRACIA FERIDA

O editorial do jornal A Tribuna, logo após os resultados das eleições, foi sintomático. Evidenciou que uma das funções do Legislativo, dentre outras, é a de fiscalizar o Executivo. Por outro lado, é preocupante quando um dos principais líderes políticos da região exalta a unanimidade que foi o seu governo. Em São Vicente, caso único no Brasil, não existe oposição.

Ora, todos sabem que o apoio nessa relação só acontece com a barganha de cargos. O vereador torna-se responsável pela nomeação de cargos importantes em determinados setores do Executivo. Prática que, embora controversa, seria minimizada se os objetivos tivessem uma orientação partidária. Naturalmente, com os partidos organizados e imunes ao caciquismo reinante. O problema é que os objetivos perseguidos são outros. Buscam os interesses pessoais do político.

Em função dessa prática a máquina incha, torna-se lenta, burocrática e muito, mas muito cara. O que acaba propiciando o suborno e a corrupção. E os exemplos são vários, principalmente no âmbito federal. Tudo em função da unanimidade burra. Prática, infelizmente, cada vez mais disseminada e que só enfraquece a democracia.

Diante das várias crises pelas quais passamos, inclusive da crise financeira mundial, cabe uma análise sobre custos e benefícios dessa prática autofágica. Principalmente às vésperas de novos mandatos.

domingo, 28 de setembro de 2008

ATO DIVINO

Não faz muito tempo, presenciei com indignação a selvageria com que trucidaram uma frondosa mangueira na Pça. Rebouças, na Ponta da Praia. Mais especificamente no espaço ocupado pela SABESP.
Pois bem! Se é verdade que após a tempestade vem a bonança! Também deve ser verdade que após o ato macabro vem o ato divino! Numa iniciativa da Polícia Ambiental, comandada pelo Ten. Cel. Nomura, ali mesmo na Pça. Rebouças foram plantadas cerca de sessenta árvores. A corporação, além de guardiã do meio ambiente, realiza várias ações de recuperação e de educação ambiental. Um dos projetos, talvez o mais significativo, envolve maternidades, estudantes e a comunidade. Consiste em plantar a quantidade de árvores correspondente à quantidade de crianças nascidas durante o ano em determinada região. E sempre no mês de setembro quando é comemorado o Dia da Árvore.
Verdade seja dita, o mérito também é da administração do complexo esportivo Antonio Guenaga localizado naquela praça. Ao ser contactada pelo comando da Polícia Ambiental, aceitou de imediato a proposta. E, para a surpresa de todos, a corporação não só doou as mudas para o plantio no local e para as pessoas presentes, doou também o adubo e cavou todas as covas.
Foi gratificante!

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

ATO MACABRO

Foi uma quarta-feira triste na Ponta da Praia. A mangueira que durante décadas reinava soberana no espaço ocupado pela SABESP, na Praça Rebouças, já não reina mais. Mutilada, decapitada, seus restos mortais terminaram numa caçamba de lixo. E não adiantou o vôo aflito dos pássaros que tinham seus ninhos nos galhos frondosos da saudosa mangueira. Tampouco a indignação das pessoas que saborearam seus frutos e conviveram com ela durante todo esse tempo. O seu destino estava selado.
Tudo começou com uma poda que se transformou em mutilação. Procurado por algumas pessoas para ver o que estava acontecendo, tranqüilizei a todos com o argumento de que ela seria retirada e plantada em outro lugar. Afinal, disse eu, o superintendente da SABESP era também o presidente do Conselho Municipal do Meio Ambiente. A seguir, dirigi-me ao local onde fui informado que a mangueira não seria transplantada. Serrada ao meio, deram espaço para o trator terminar o ato macabro.
Foi triste!

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

FALTAM OS ALICERCES

É A MAIOR DELEGAÇÃO BRASILEIRA NUMA OLIMPÍADA!
Antes do início dos Jogos, essa foi a manchete estampada em vários jornais do país. Seria interessante saber que delegação foi essa? Qual foi a proporção entre dirigentes, convidados e atletas? Uma outra pesquisa, mais importante e abrangente, deveria apurar a relação custo e benefício na administração do esporte brasileiro. Cujo resultado poderia servir para provocar uma ampla investigação em todos os setores que envolvem o esporte neste país. Setores das esferas federal, estadual e municipal.
Certamente, ficaríamos sabendo que os recursos oriundos de governos municipais, estaduais e federal, somados aos recursos das loterias, das empresas estatais e privadas, sáo mais do que suficientes para transformar o Brasil numa potência olímpica. Isso se houvesse seriedade e programas consistentes para o setor. Aliás, bastaria obedecer o Artigo 217 da nossa Constituição . Infelizmente, não é o que acontece. E os recursos, que não são poucos, acabam diluídos na burocracia e na malversação causada pelo emaranhado de Ministérios, Secretarias, Departamentos, Fundações, Fundos, Confederações, Federações, Ligas, Comitês, Clubes, ONGs, etc. Com tantos interesses imediatos, a verdade e que o desporto educacional, prioridade Constitucional, acaba não tendo a mínima importância. E assim o investimento na base segue perdendo de goleada para o investimento no alto rendimento e na realização de eventos.
O resultado é o mesmo que construir um edifício sem alicerce. Desmorona a cada Olimpíada. Até quando?

sábado, 16 de agosto de 2008

OURO OLÍMPICO

Ouro na natação!
Sem medo de errar, considero o feito como uma conseqüência do trabalho desenvolvido pela Confederação da modalidade. Mais organizado, o esporte começou a render alguns frutos que serviram de estímulo para o nosso campeão olímpico, César Cielo. Ricardo Prado, Xuxa e Gustavo Borges, foram alguns deles. Porém, nem tudo são flores. O pai do nadador aproveitou para desabafar. Afirmou que bancou todas as despesas durante o período de treinamento do seu filho nos Estados Unidos. O problema é que a decisão de treinar no exterior motivou o cancelamento do subsídio financeiro que ele recebia do governo.
Ora! Se isso acontece com um dos esportes mais organizados, imaginem o que acontece com os outros! Verdadeiros feudos, o COB, as Confederações e Federações, com a ajuda e a conivência de órgãos governamentais, movimentam milhões, bilhões de reais. Recursos oriundos de impostos, de empresas públicas e das loterias, são utilizados em obras e eventos megalomaníacos. A base pouco importa. Os Jogos Pan-Americanos realizados recentemente no Rio de Janeiro são um exemplo típico. De R$ 400 milhões, as despesas com a sua relização saltaram para R$ 4 bilhões de reais. Pior, chegam notícias de que os equipamentos construídos estão às moscas ou sendo utilizados para outras finalidades.
Insaciáveis, ainda querem realizar uma Copa do Mundo de Futebol e uma Olimpiada aqui.

sábado, 9 de agosto de 2008

LIÇÕES OLÍMPICAS

O clima olímpico é contagiante! É o maior espetáculo da Terra protagonizado pelo esporte! É tão grandioso que o mundo literalmente pára diante dos corpos em movimento! E são inúmeras as modalidades esportivas. Mas uma delas é especial, vem à mente sempre que falamos de Olimpíadas. Ela se destaca pela inclusão que propicia, pela facilidade com que é praticada e por ser o esporte base.
Refiro-me ao Atletismo, o esporte que simboliza os Jogos Olímpicos. É tanta a sua importância que não conseguimos imaginá-lo fora de uma Olimpíada. Com todos esses atributos, deveria ser uma atividade obrigatória em todas as nossas escolas. Assim como é em Cuba e na Jamaica. Aliás, esta última, com 2,7 milhões de habitantes, tem os dois homens mais rápidos do mundo: Usain Bolt (atual recordista mundial dos 100 metros rasos, com 9s72) e Asafa Powell (ex-recordista, com 9s74). Ambos surgiram nas competições escolares e desenvolveram suas capacidades e habilidades numa pista de grama modesta da UTECH, uma das principais universidades jamaicanas. E é onde Asafa Powell continua treinando regularmente.
Aqui em Santos, infelizmente, a modalidade não tem merecido a devida atenção. Ela já teve de ser cancelada dos Jogos Escolares por absoluto desinteresse das escolas. Por outro lado, a matriz clubística com a parceria do poder público secou. Três pistas estão às moscas: a pista da ADPM, a do Portuários e a do SESI. Esta última abrigava uma tradicional escola de Atletismo na Zona Noroeste. E na outra pista, localizada no Brasil F.C., a modalidade está agonizando. Sem receber as taxas, a Federação de Atletismo não permite que os poucos atletas do clube participem das competições oficiais.
A lição que fica é a de que a construção de equipamentos sofisticados e a realização de eventos suntuosos não são sinônimos de seriedade e competência na gestão esportiva.

segunda-feira, 14 de julho de 2008

AMEAÇA EXTERNA OU INTERNA?

Já estão surgindo as conseqüências da saída da atual senadora Marina Silva do comando do Ministério do Meio Ambiente. Foi aprovada, no Senado, na quarta-feira, 09/7, a Medida Provisória 422/08 que trata da legalização de áreas públicas da Amazônia invadidas sem licitação. Ou seja, legalizaram definitivamente a grilagem. E mais, ampliaram de 500 para 1.500 hectares o tamanho das áreas invadidas a serem legalizadas. É a oficialização, segundo os ambientalistas, do desmatamento.
Coincidentemente, a MP 422/08 foi aprovada na Câmara, em 13/5, horas depois da renúncia da então ministra Marina Silva. De volta ao Senado, após a aprovação da MP também nesta casa, a ex-ministra disse: "a medida não só legaliza aqueles que ocuparam terras ilegalmente no passado como abre um precedente para aqueles que estão invadindo agora e que vão invadir no futuro".
Uma outra conseqüência da saída da ministra é a probabilidade de manipulação dos dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais(Inpe) pelo governo. Informações sobre o desmatamento na Amazônia que eram divulgadas quinzenalmente, agora demorarão trinta dias. Segundo o Ministério da Ciência e Tecnologia(MCT), a demora é para tornar a informação mais precisa. Já o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, afirmou em recente entrevista que a divulgação havia sido retida por ordem da Casa Civil.
O saudoso senador Jefferson Perez tinha razão quando afirmou, no seu último pronunciamento no Senado, que não tinha medo das ameaças externas sobre a Amazônia. O que ele temia eram as ameaças internas. A cobiça, o interesse pelo lucro rápido de fazendeiros e madeireiros.

domingo, 29 de junho de 2008

SERVIR AO ESPORTE OU SERVIR-SE DO ESPORTE?

Eu costumo dizer que o Esporte sempre foi considerado e tratado como uma moeda de troca política. Uma ferramenta para servir interesses pessoais. Hoje, sem medo de errar, acrescento que não há nenhum interesse das autoridades em organizar este setor. O motivo, se organizar ficaria difícil manipular.
Chamou a minha atenção uma entrevista com a filha do grande e saudoso Adhemar Ferreira da Silva. Na entrevista, ela confessou ter vendido as medalhas do pai para resolver problemas financeiros. Alegou que a situação da família ficou muito difícil após a morte do pai. É importante salientar que estamos falando do primeiro bicampeão olímpico brasileiro. Nem em Cuba, onde é grande o êxodo de atletas, isso acontece.
Adhemar conquistou duas medalhas de ouro no salto triplo. A primeira em Helsinque, em 1952, quando bateu o recorde mundial de 16 metros, quatro vezes seguidas. Saltou 16,05m, 16,09m, 16,12m e 16,22m. Quatro anos depois, em Melbourne, mesmo com problemas dentários, Adhemar conquistou o ouro com a marca de 16,36 metros.
Porém, o que chamou ainda mais a minha atenção foi quem adquiriu as medalhas. Ninguém mais do que o presidente da Confederação Brasileira de Atletismo e também da Confederação Sul-Americana de Atletismo. O detalhe é que o dirigente Roberto Gesta é um dos maiores colecionadores mundiais de relíquias olímpicas. Tem uma casa no Amazonas onde reserva um espaço de 300m2 para guardar todos esses objetos olímpicos.
O fato deve servir para que façamos uma reflexão do que é servir ao Esporte e do que é servir-se do Esporte...e dos atletas!

sexta-feira, 20 de junho de 2008

ESPORTE: FERRAMENTA SOCIAL OU PESSOAL?

Que o esporte é uma ferramenta social, ninguém duvida! Mas que também é uma ferramenta política e financeira, isso é! O problema é a prioridade que o Poder Público dá a cada uma delas. A nossa Constituição aponta e determina um caminho. A prioridade deve ser a formação, o desporto educacional. Em casos específicos, o alto rendimento. Mas será que isso vem acontecendo? Certamente, não!
Povo festeiro, o brasileiro gosta de foguetório. E os políticos sabem e se aproveitam disso. E sabem também que dá Ibope, por isso têm o apoio da mídia. Investir no desporto de base, em que pese ser o investimento mais importante, é o mesmo que investir em saneamento básico. Não aparece. Sendo assim, o negócio é fazer festa.
A realização do Pan, da Copa do Mundo e das Olímpiadas, são as provas do faz-de-conta no âmbito federal. E não importam os custos. Na realização do Pan, as despesas saltaram de 400 milhões(orçamento inicial) para 4 bilhões de reais. Nos municípios, guardadas as proporções, não é diferente. Não importa a ausência de um trabalho de base consistente. O que importa é apoiar ou organizar eventos. Se não tiver atletas, contrata-se para não fazer feio. Como dizem nos bastidores: "não vamos fazer festa para os outros".
O problema é que esse eterno desdém acaba facilitando o surgimento dos "peixes-raias". Em meados da década de 80, logo que correu pela primeira vez numa pista, o Betinho atingiu a marca de 1m53s nos 600 metros rasos. O índice era de 2 minutos para a idade de 11 ou 12 anos. Logo a seguir, correu nos 10 KM A Tribuna e ganhou na sua categoria e na categoria acima. Alguns especialistas não hesitaram em afirmar que estava surgindo ali o substituto do Joaquim Cruz.
Quando completou a idade mínima, inscrevemos o Betinho no CAMPS e o levamos para trabalhar na SEMES. Lá, além de mais alguma ajuda, ele trabalhava meio período. O outro ele reservava para treinar e estudar. Durou enquanto durou aquela política, que também não era a ideal. Por isso, continuamos perdendo atletas olímpicos e ganhando presidiários. Do Betinho atleta para o "Peixe-Raia", foi um pulo.
O detalhe é que tudo continua igual ou pior. Hoje, não temos mais o Betinho. Mas, representando centenas, milhares de crianças, temos a Tamires, o Pedrinho, o Gabriel e a Keyla que surgiram na pista do Sesi e que não podem e não devem continuar no esquecimento.

domingo, 8 de junho de 2008

MEIO AMBIENTE E MEIO POLÍTICO

No mês em que se comemora o Dia Mundial do Meio Ambiente, o meio político é que deve ser o principal alvo das atenções. Muito mais ainda em um ano eleitoral. A velha briga entre ambientalistas e governantes, quase sempre radicalizada, precisa dar vez a um entendimento. Juntar forças, experiências, em busca de um desenvolvimento sustentável, é o que se espera. Até por que o velho modelo que substitui matas naturais por lavouras e pastos tem se mostrado ineficiente. À medida em que destrói a biodiversidade, desequilibra. E à medida em que desequilibra, destrói mais ainda com agrotóxicos.
Por outro lado, já existem cálculos estimados dos prejuízos que o aumento da temperatura causará às lavouras e à pecuária. Para ambos os casos, a solução pode estar na tecnologia e no sombreamento feito pelas árvores. Ou seja, a árvore que sempre foi um obstáculo, alvo de destruição, torna-se a solução.
O problema é que o novo ministro do Meio Ambiente assinou uma portaria liberando recursos para produtores rurais de 100 municípios que destruiram fortemente os biomas amazônico e do Cerrado. Ironicamente, atendendo uma das reivindicações do governador Blairo Maggi. O Ministro afirma que as restrições só valem para as florestas. O que quer dizer que no Cerrado vale tudo. É triste, mas é a realidade.
O fato só vem provar a balela que são os programas governamentais. Um exemplo está no organograma de uma administração pública. Ali, todos os setores estão em um mesmo nível. Pelo menos no papel sobre a mesa, todos eles têm a mesma importância. Na prática, a realidade é outra. A verticalização existe e é explícita. O Meio Ambiente, assim como o Esporte e o Turismo, não têm a importância dos demais.
Com as eleições municipais à porta, a responsabilidade da mídia tem que se fazer presente. Assim como a sensibilidade e a responsabilidade do eleitor. Exigir dos candidatos programas consistentes para esses setores, é o mínimo que podemos fazer. E programas dotados de metas e prazos a serem atingidos. Até por que, no âmbito municipal, a questão ambiental é muito mais presente e abrangente. Além da importância de um programa de arborização bem elaborado e executado, há necessidade do mesmo ser feito em relação ao lixo, ao transporte público, à fiscalização do descarte de resíduos tóxicos feito pelos navios, ao consumo exagerado e à qualidade da água que consumimos, às invasões de encostas de morros e de áreas de mangue, etc.
Que Deus ilumine a todos nós!

quinta-feira, 22 de maio de 2008

CONCENTRAÇÃO DE RENDA

O Ipea(Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) concluiu um estudo que mostra que 75,4% da riqueza do país está nas mãos dos 10% mais ricos e que os mais pobres pagam 44,5% mais impostos. A explicação para tanta diferença entre o peso dos impostos está na forma de cobrança. Segundo o Ipea, está na chamada tributação indireta, embutida em alimentos e bens de consumo. Como o brasileiro mais pobre gasta a maior parte da sua renda em bens de consumo, com produtos de sobrevivência, acaba pagando mais impostos, conclui o Ipea. Culpa de um sistema tributário injusto que só vem acentuando as desigualdades sociais.
E aí vem a pergunta, e o Governo? Cujo papel seria conciliar, minimizar, tanta desigualdade! É esse o problema! Não existe nenhuma ação nesse sentido! Quantas vezes já ouvimos falar sobre reforma tributária? Sobre impostos extras sobre fortunas ou heranças? Nada acontece, pelo contrário. O que acontece são discussões sobre novos impostos para acharcar ainda mais a população. Agora querem recriar a CPMF, com a desculpa de que os recursos serão destinados para a saúde. Ora, bastaria fechar alguns ministérios inoperantes que sobraria recursos à beça. Infelizmente, economizar não é um verbo conjugado no setor público. Em que pese ser a base do sucesso em qualquer atividade. Inclusive na contenção da inflação que já vem dando alguns sinais de vida.

terça-feira, 13 de maio de 2008

BIODIVERSIDADE

As intervenções do Quinho e do Fernando no texto anterior suscitaram novas reflexões. Uma delas, sobre a nossa biodiversidade - quantidade de espécies animais e vegetais de uma região -. Se considerarmos que grande parte dos medicamentos existentes, inclusive produtos cosméticos e agroquímicos, têm o seu princípio ativo extraído de plantas e animais, dá para imaginar o interesse das nações desenvolvidas pela nossa biodiversidade. Um verdadeiro tesouro estimado em trilhões de dólares.
E aí eu dou razão ao Fernando, a pirataria, ou melhor, a biopirataria corre solta. E acontece através do ecoturismo, das ongs(existem milhares delas) que se aproximam dos povos indígenas e extraem deles informações importantíssimas, dos próprios pesquisadores oficiais e autorizados que fazem pesquisas paralelas financiadas por laboratórios de multinacionais, etc. A prova são as dezenas de patentes registradas por nações desenvolvidas, após a implantação de leis de proteção, sem que nenhum país recebesse qualquer contrapartida. E o Brasil é a maior potência do mundo no setor. Quase 30% de todas as espécies existentes estão aqui. Infelizmente, sendo dizimadas. Culpa da voracidade pelo lucro rápido, propiciado pelo comércio da madeira, do gado, da soja, da cana e pela inércia governamental.
Resta ao governo definir qual o caminho a ser seguido. Se continua sendo o do lucro proveniente da extração pura e simples, dizimando tudo, ou do investimento em ciência, em pesquisas. O que colocaria o país entre o seleto grupo produtor de medicamentos e demais produtos afins, gerando riqueza sem destruir.
Durante a transmissão de uma reunião da Comissão de Deputados, encarregada de discutir o assunto, um detalhe causou preocupação: uma grande parcela daqueles parlamentares é proprietária de terras naquela região. Só falta eles concluirem que a biopirataria só acabará quando a floresta acabar. Portanto, rezemos.
Em tempo: Ao postar este texto, ouço o noticiário que a Ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, pediu demissão. Conhecendo um pouco a biografia da Ministra, sugiro que rezemos ainda mais.

quarta-feira, 7 de maio de 2008

AMAZÔNIA

Aos dez anos de idade, o Julinho é um menino bastante interessado e sensível às questões ambientais, o que é realmente algo positivo e muito animador. Fizemos um acordo em que eu me comprometi a pesquisar e a escrever sobre a Amazônia. Aliás, aqui mesmo neste blog, em 5/10/07, eu postei um texto sobre a privatização da Amazônia.
Mas escrever o que sobre a Amazônia sem citar o desmatamento? Escrever sobre as suas lendas? Sobre a bela Iara, deusa das águas, que atraía os homens para o fundo do mar e dos rios com o seu canto mavioso e a sua rara beleza? Escrever sobre o boto? Sobre o curupira? Sobre a índia que se apaixonou pela lua e se transformou numa vitória régia? Ou escrever sobre a realidade dos "geleiros", barcos de pesca que fazem o arrastão, dizimando tudo com as suas redes de malhas finas? Ou ainda sobre a poluição dos rios pelo mercúrio utilizado no garimpo do ouro?
No entanto, o principal assunto é o desmatamento. Desmata-se para a criação de gado, para a extração de madeira, para a plantação de soja, de arroz, etc. Para se ter uma idéia, o rebanho bovino naquela região é estimado em 85 milhões de cabeças. Se considerarmos que cada boi necessita de aproximadamente 10.000m2 de pasto, dá para calcular o tanto de floresta que já foi destruída para a plantação de capim.
Mata-se a floresta em nome do "progresso". E com ela, vários dos seus defensores. Dois deles tornaram-se muito conhecidos: o seringueiro Chico Mendes e a irmã Dorothy Stang. Sendo que um dos mandantes do assassinato da religiosa foi absolvido recentemente pela justiça. Triste, muito triste!
Um outro problema é o desvio do foco e a inércia dos governos constituídos. Na Câmara Federal, existem dezenas e dezenas de projetos que abordam o desmatamento, visando o "desenvolvimento sustentável". O que nós necessitamos, na realidade, é de projetos de reflorestamento. Aliás, segundo o IPCC, reflorestar o planeta é a única maneira de se conter o processo de aquecimento global. Existe algum projeto nesse sentido? E o saneamento básico das cidades e vilas da floresta? Será que lá existem médicos e hospitais suficientes? E os investimentos em ciência para aproveitar toda aquela biodiversidade? Estes assuntos estão sendo discutidos no Congresso? Ou isso não é desenvolvimento? É para se pensar.
É bom salientar que os habitantes da Amazônia, os chamados amazônidas, não têm nada a ver com toda essa violência à natureza. A subsistência de cada um, do indígena ao seringueiro, passando pelos quilombolas, pelos colonos e pelos ribeirinhos, depende da floresta. E eles sabem disso e são felizes assim.

sexta-feira, 2 de maio de 2008

MEDICINA x SAÚDE

A polêmica causada pelas declarações de um dirigente universitário da Bahia esconde uma outra discussão muito mais importante: a qualidade dos cursos de Medicina. Qualidade que não é das melhores naquela universidade. Fato que não está sendo muito explorado em função do conteúdo discriminatório daquelas declarações. Daí o foco para o berimbau e para a capacidade intelectual do povo baiano.
Em recente matéria jornalística, o governo manifestou a intenção de limitar ou até diminuir a quantidade dos cursos existentes. O que não é suficiente para melhorar a qualidade dos referidos cursos. Por outro lado, sabemos que os cursos de melhor qualidade são os oferecidos pelas universidades públicas. Por esse motivo e pelo fato de serem gratuítos, são os mais procurados. Portanto, freqüentados por quem tem condições de pagar escolas particulares e cursinhos extremamente caros. Cabendo à maioria, através dos impostos, custear esse sistema perverso e ter de custear também seus estudos nas universidades particulares. É certo que já existem alguns programas que amenizam esse problema, mas são paliativos. A solução consiste em melhorar substancialmente a qualidade dos cursos Fundamental e Médio da rede pública.
Quando eu menciono que os cursos de melhor qualidade são os oferecidos pelas universidades públicas, necessariamente não quero dizer que sejam o ideal. A impressão que se tem é que todos os nossos cursos de Medicina são regidos pela batuta da indústria de medicamentos. Resultando em profissionais extremamente voltados para a medicina curativa. Pouco ou nada para a medicina preventiva. Profissionais que têm a bula como bíblia e a receita como oração. O que faz do ser humano, do paciente, um meio e não um fim. Excessos do capitalismo. Daí para o materialismo, para o interesse particular em detrimento do interesse público, é um pulo. A Medicina passa a ser procurada mais pelo status social ou financeiro que ela propicia.
Li, recentemente, sobre os problemas da falta de médicos nos municípios de Coari e Parintins, no Amazonas. Se no interior dos estados mais ricos existem problemas, imaginem lá! Aqueles municípios pagam salários de até R$ 12.500,00 para diversas especializações médicas. Foram feitos anúncios inclusive nas três faculdades de Medicina de Manaus, sem sucesso. Talvez, uma das soluções seria obrigar os alunos formados nas universidades públicas a prestarem serviços nas regiões mais longinquas. Nem que fosse por um certo tempo.

quinta-feira, 17 de abril de 2008

ÁRVORES MUTILADAS

Entendemos que o SESI, e não poderia ser diferente, tem prestado grandes serviços à sociedade santista. Talvez por isso o sentimento de indignação seja ainda mais forte. Sentimento provocado pela mutilação de seis árvores existentes naquela instituição. Todas localizadas bem em frente à escola infantil mantida pelo próprio SESI, que mantém, também, um curso de jardinagem e paisagismo, divulgado através de duas faixas próximas às árvores mutiladas.
Além da agressão, fica o exemplo negativo para os alunos da escola infantil, do curso de jardinagem e para as milhares de pessoas que transitam diariamente naquela avenida, reconhecidamente, uma das mais movimentadas de Santos.
É triste que isso ainda ocorra. E mais triste ainda que tenha ocorrido numa instituição que sempre priorizou a educação. A educação que é a principal ferramenta, também, contra o caos ambiental.

segunda-feira, 31 de março de 2008

AJUDA DIVINA

O prefeito do Rio, César Maia, foi à Bahia rezar. Afirma que foi à Igreja do Bonfim pedir ajuda divina para resolver os problemas da dengue. Solicitando, através de orações, que os mosquitos voassem em direção ao mar. Deveria ter aproveitado e solicitado também ajuda para os problemas da violência e do caos na rede hospitalar.
Porém, tanto empenho e oração já não são necessários para o esgoto sem tratamento que corre a céu aberto em direção às lagoas e praias cariocas. Cerca de vinte mil toneladas por minuto. Afinal, não há necessidade de milagres para se deixar levar pela força da gravidade. Ironia à parte, também não foi necessário nenhum milagre para os Jogos Pan-Americanos serem realizados naquele estado. Mesmo tendo que multiplicar por dez o orçamento inicial. Saltou de quatrocentos milhões para quatro bilhões de reais. E quais foram os resultados? Será que foram convincentes as vitórias sobre Honduras, El Salvador e o Haiti? Alguém está acompanhando a utilização e a manutenção daqueles equipamentos? Anotem e confiram as notícias sobre esses assuntos no futuro.
Seguindo o festival de paradoxos e incoerências administrativas, vamos realizar a Copa do Mundo de Futebol no Brasil. Também não será necessário nenhum milagre. Deus não elabora orçamento, não assina cheques e não transfere recursos de um lado para outro. Aliás, municípios e estados, muitos paupérrimos, já estão se mobilizando para reformar ou construir seus estádios. Mesmo que tenham de tirar da saúde ou da área social. Problemas que serão criados mas que depois Deus resolve.

sábado, 15 de março de 2008

QUALIDADE DOS SERVIÇOS PÚBLICOS E PRIVADOS

No processo de produção de bens ou de prestação de serviços, o objetivo final é a satisfação do cliente. Se ele está satisfeito ou não com o que lhe é oferecido, se atende ou não às suas expectativas, são as preocupações permanentes do fabricante ou do prestador de serviços. No setor privado, a globalização da economia e o aumento da competitividade faz com que a preocupação com a qualidade aumente na mesma proporção. A ponto do cliente ser estimulado a participar do processo de produção de bens ou de serviços prestados. E na busca da excelência, torna-se natural a eliminação de gastos supérfluos e a valorização da competência profissional.
Se no setor privado é assim, no setor público deveria ser igual. Mas não é. Um dos motivos é o faturamento. Não depende da vontade do cliente. Ele é literalmente imposto. Tampouco depende da qualidade dos serviços. A pirotecnia e a maquiagem prevalecem. E a concorrência, papel que deveria ser exercido pela oposição, não existe mais ou não resolve absolutamente nada. No fundo, no fundo, todos querem o mesmo. Sobra então para um ou outro político, comprometido com a ética, bradar no deserto. O que é insuficiente.
Com um campo tão fértil assim, a preocupação com despesas supérfluas no setor público é inexistente. Da mesma forma que a competência e a ética também não contam na valorização do funcionalismo. O que conta é a subserviência. A capacidade de abrir mão de príncipios para poder servir a alguém e não ao público. Fenômeno que acaba ferindo também a Constituição.
"...um servidor público não deve servir a alguém, a um senhor. Deve servir ao público. Uma coisa tão singela, mas tão esquecida..." (Ministra Marina Silva)

domingo, 9 de março de 2008

ATLETISMO NA ZONA NOROESTE DE SANTOS

Já comentei várias vezes sobre a importância da prática do Atletismo. É a modalidade mais fácil de ser praticada, os movimentos são todos naturais, e a menos excludente, todos têm vez: o veloz, o resistente, o gordinho(nos lançamentos e arremessos) e os mais altos(nos saltos). Com todas essas vantagens, acaba sendo a mais indicada para o combate à obesidade infantil. Principalmente nas escolas. Problema que vem crescendo a cada dia.
Pois bem, o Atletismo em Santos continua num marasmo preocupante. Teve uma participaçãp pífia nos últimos Jogos Abertos. E com todas as vantagens citadas, não existe nenhum programa escolar municipal ou estadual. A prova está na ausência absoluta das escolas nos Jogos Escolares. Tanto nos Jogos organizados pela SEMES, quanto nos Jogos organizados pela Delegacia de Esportes do Estado.
E agora, um outro agravante. A única pista com as dimensões oficiais existente em Santos não será mais utilizada. Pelo menos como Escola de Atletismo para a comunidade. O SESI não renovou a parceria com a SEMES. Justamente numa região que tem revelado tantos talentos. Para se ter uma idéia, dois deles sagraram-se Vice-Campeões mundiais: Elias Fonseca(barreiras) e Sanderlei Parrela(meio-fundo). Outros atletas com resultados importantes também foram revelados. Cosme(velocista), Cristiane(pentatlo), Carlos Alberto(meio-fundo), Fagner(decatlo), Maria(lançamento), Luiz Cláudio(barreiras), Márcia Palinkas(velocista) e Paulo Feitosa(fundo), foram alguns deles. Mais recentemente, Pedrinho(velocista) e Tamires(meio-fundo), ambos com onze anos de idade, sagraram-se campeões do Pró-Atletismo realizado no município de Praia Grande.
Para todos eles, exceto um ou outro, o cenário onde tudo começou foi no SESI. E tendo à frente o Prof. Daniel.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

RUAS DE TERRA E CAMPOS VARZEANOS

As ruas de terra que marcaram a minha infância já não existem mais. Da mesma forma que estão deixando de existir os campos da várzea. No estradão, alguns dos últimos campos estão sendo ocupados por prédios de apartamentos. Ambos, as ruas e os campos, eram fontes inesgotáveis de craques. Cenários naturais onde predominava a ludicidade no aprendizado do futebol.
Nas ruas, iniciávamos as nossas atividades com o "pega-pega", o "garrafão", o "jogo de taco", etc. A seguir, o tão esperado "gol-caixote". Eram movimentos naturais e prazerosos. Momentos em que desenvolvíamos todas as nossas capacidades inatas. Capacidades de força, de flexibilidade, de reação, de velocidade, etc. Alicerces para o aprendizado e o desenvolvimento das habilidades com a bola. As ruas estreitas, com valas de esgoto a céu aberto, ajudavam ainda mais no desenvolvimento das várias habilidades. E a ascensão para os campos era natural. Os meninos que se destacavam eram convidados para jogar nos vários times existentes. E como surgiam craques! Dali para um clube profissional era um pulo. Tudo era lúdico, natural e criativo!
Com o desaparecimento daqueles cenários, surgiram as escolinhas de futebol. E junto com elas, profissionais despreparados para trabalhar com crianças. A partir daí, em detrimento do lúdico, a disciplina, a regra e o rendimento passaram a ser as prioridades. A atividade que mais contemplava a infância sob o ponto de vista lúdico, tornou-se mais uma atividade obrigatória(todos os pais desejam para os filhos), maçante e pouco criativa. No esporte mais popular do mundo a infância também passou a ser considerada um entrave para a produtividade.
Talvez seja esse o motivo da profusão de craques naquela época, contra a profusão de atletas na época atual. Fenômeno reforçado ainda mais a partir da aplicação de métodos científicos na preparação física dos jogadores. O que eu não critico. A minha crítica vai para todas as instituições, da família às universidades, que desconsideram a infância e a sua rica motricidade. Ao invés de descartá-la, deveriam considerá-la como a fase mais importante do ser humano. É o mínimo que se pode exigir. E as universidades deveriam considerá-la como objeto de estudos para gerar subsídios à rede de ensino e às escolinhas de esportes.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

MODELO DE DESENVOLVIMENTO

Um dos meus sonhos de infância era conhecer a cidade de São Paulo. Desejo alimentado pelas conversas que ouvia sobre o tamanho e a imponência daquela metrópole. Acostumado com a tranqüilidade das ruas de terra do bairro onde morava, ansiava pisar no asfalto da maior e mais movimentada cidade do país. No fundo, no fundo, o que eu desejava era conhecer um pouco o mundo desenvolvido. Afinal, bonde, trem e rua de terra eram sinônimos de subdesenvolvimento. Sinônimo de desenvolvimento era e continua sendo a quantidade de asfalto, de concreto e, principalmente, de automóveis. É o progresso simbolizado eternamente pela indústria automobilística. Incentivada em todos os governos.
A verdade é que esse modelo precisa ser repensado. Principalmente no seu sistema viário. Sistema erguido para contemplar o transporte individual, há muito deixou de satisfazer o motivo da sua própria existência. Existem estudos do Instituto de Energia e Meio-Ambiente demonstrando a queda da velocidade média do trânsito em São Paulo. Por exemplo, de 24,8 Km/h em 1980, para 18 Km/h em 2006. E, paradoxalmente, a pesquisa aponta um decréscimo no sistema de transporte coletivo. Segundo o Instituto, em 1967, ônibus e trens eram responsáveis por 2/3 do transporte de massa. Em 2002, mesmo com a construção do metrô, 53% do transporte era feito por automóveis. Para ajudar ainda mais a compreensão do fenômeno, a quantidade de veículos particulares em São Paulo aumentou 280% nos últimos trinta anos. E, no mesmo período, o crescimento populacional foi de 23%. As conseqüências disso são os congestionamentos monstruosos e os problemas causados à saúde pública. Inclusive problemas psicológicos. O mesmo Instituto aponta os veículos automotores como os maiores responsáveis pela poluição atmosférica em São Paulo. O que representa 73% do monóxido de carbono, 80% dos hidrocarbonetos e 21% do óxido de enxofre. Poluição que provoca problemas respiratórios e cardíacos. Aponta também índices impressionantes de acidentes de trânsito. Uma morte a cada seis horas.
Eu não conheço nenhum estudo parecido em Santos. O que sei é fruto da experiência de ter utilizado o bonde como transporte. E tínhamos aqui uma ampla malha de linhas do transporte mais rápido, não poluente e econômico que existe. E que deixou de existir em nossa região, conseqüência do "desenvolvimento". Lembro, saudoso, do meu pai acertando o relógio na passagem do Bonde 1. Tomara que a linha turística implantada na atual administração continue a ser ampliada. Na verdade, estou torcendo para que ela atinja todas as nossas regiões. Da mesma forma que torço pela contínua expansão das ciclovias. O alargamento, a nivelação, a qualidade do piso e a arborização das calçadas, contemplariam também o pedestre.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

FELICIDADE AMBIENTAL

Dizem que nos Estados Unidos tudo é pesquisado. Eu não tenho dúvidas disso. Ainda recentemente foram publicados os resultados de uma pesquisa que aponta índices maiores de felicidade nas regiões de maior preservação ambiental. No topo dessa lista estão os países europeus. Na rabeira, os países pobres mergulhados em conflitos. Também numa situação ruim estão os países com densa população e muita poluição(Índia e China). Dos cento e quarenta e nove países avaliados, o que se deu melhor foi a Suiça.
O critério da pesquisa envolveu indicadores de políticas ambientais. Tais como: poluição do ar, recursos hídricos, biodiversidade, recursos naturais, mudança climática, dentre outros. Os Estados Unidos também obtiveram um índice fraco. O que contraria a teoria de que os ricos são mais felizes do que os pobres. E que só vem confirmar o descaso secular daquela nação com as questões ambientais. Os indicadores de felicidade dos brasileiros também não têm sido muito bons. E pioram à medida que devastamos as nossas matas, contaminamos os nossos rios e poluimos o nosso ar.
É por isso que o meu humor melhora quando visito a minha mãe. Lá, mantenho várias árvores frutíferas. O que acaba atraindo pássaros e alguns insetos em extinção. Uma noite dessas vimos dois vaga-lumes. No outro dia, uma libélula. Aquela mesma que se alimentava das larvas de mosquitos. Daí a importância dos quintais arborizados, também em extinção. Onde estou morando é apartamento e a rua é muito árida. Com mais de dois quilômetros, a Rua Oswaldo Cruz tem somente noventa árvores.
Freud já afirmava que a sociedade era triste e que não havia remédio. Alguns pesquisadores atuais afirmam que a sociedade é triste porque não é autêntica. Estamos sempre vivendo em função do que os outros pensam ou determinam. Agora as pesquisas apontam também para a questão ambiental. Talvez seja isso mesmo. O resgate da felicidade passa pelo resgate da personalidade e do meio ambiente.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

CLUBES

Aconteceu recentemente um debate sobre os clubes santistas. E no calor das discussões, sobrou também para os clubes de futebol. Na realidade, para alguns clubes, só milagre! Porque já morreram, faz tempo! Conseqüência da incompetência administrativa e da pressão imobiliária. E no lugar de um administrador, só um ressuscitador resolveria! Para aqueles que ainda sobrevivem, uma administração competente seria o bastante. E competência passa pela capacidade de se tomar atitudes. De cortar regalias. Trocando em miúdos, de economizar. Até por que não existe sucesso sem economia. Economia de tempo, energia e dinheiro. Seja no esporte, nos negócios ou na administração pública.
Um dos exemplos da incompetência administrativa nos clubes foi a criação do chamado sócio remido. Uma condição que desobriga o sócio, após algum tempo, de pagar qualquer taxa. Ou seja, chega uma época em que há mais sócios isentos do que pagantes. Já nos clubes de futebol, a contratação descabida de ex-jogadores para funções técnicas e administrativas é um outro exemplo de incompetência através do paternalismo. Incompetência que também passa pelo descaso com as categorias de base e pelo modismo das "pré-temporadas". Se para um cidadão comum manter-se em forma é uma questão de saúde pública, por que um jogador PROFISSIONAL pode relaxar e abusar nas férias? A ponto do clube ter de gastar milhões com viagens, hospedagens e muito mais, para colocá-lo em forma. Bastaria fazer uma avaliação física em cada um antes das férias e estabelecer um percentual de tolerância. Na retorno, aqueles que transgredissem seriam multados.
Afinal, é possível relaxar nadando, caminhando, cavalgando e até participando de uma pelada despretensiosa.

sábado, 9 de fevereiro de 2008

OS CUSTOS DA CARNE BOVINA

O rebanho bovino brasileiro já ultrapassou em muito a casa das duzentas milhões de cabeças. E isso tem um preço ambiental enorme com a destruição das florestas para a formação de pastos, com o consumo exorbitante de água e com a emissão de gás metano na atmosfera.
Ocupando vastas áreas, sistema considerado pouco produtivo, a maior parte do nosso gado é criada solta no campo. Considerando-se que cada animal necessita de um hectare para engordar, a área necessária para um rebanho de mais de 200 milhões de cabeças é estimada em aproximadamente 2 milhões de km2. O equivalente a 1/4 do território nacional. Com o tempo, florestas só em filmes e fotografias! E a água? Existem estimativas que apontam um consumo de 43 mil litros para cada quilo de carne. Cálculo que envolve a água que o animal bebe, cerca de 50 lts/dia, e a água utilizada na produção do seu alimento. Isso do nascimento ao momento do abate. Matas destruídas, água consumida em excesso e uma das maiores fontes de gás metano. É isso mesmo. Um dos gases que está causando o aquecimento global e que é expelido através do "pum" dos bois.
E com tudo isso o preço da carne ainda é inacessível para a maioria dos brasileiros. E o que fazer? Sinceramente, não sei bem! Talvez diminuindo o consumo de carne bovina. Fonte de proteína que poderia ser substituída pela carne de coelho, dentre outras, produzida e popularizada através de incentivos governamentais. Isso por que o coelho tem a fama de ser um animal que se reproduz bastante e pode ser criado em cativeiro.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

SONHO DE CONSUMO

Eu não tenho a menor dúvida em afirmar que nós estamos inflando uma bolha prestes a explodir. E a receita é governamental. Na massa, o fermento são os juros altíssimos misturado à benevolência com a propaganda criminosa que transforma o carro no sonho de consumo de todo cidadão. Inclusive das CRIANÇAS. O que faz com que uma sociedade subdesenvolvida culturalmente e financeiramente fique completamente à mercê dos predadores: a indústria automobilística e os bancos. Financia-se em 40, 50, 60 e em até 80 meses. E o coitado vai lá e cai na armadilha. Muitos sem ter onde morar e sequer o que comer. Mas o carrão está lá. Não importa se ele está utilizando todo o salário na prestação. Tampouco se somadas todas elas, ele estará pagando dois ou três carros iguais.
A triste realidade é que a quantidade de inadimplentes aumenta a cada dia. Inadimplentes que além de perderem as prestações que já pagaram, perdem o carro e ainda têm de arcar com a diferença imposta pela financeira. Aquela diferença correspondente ao valor arrecadado no leilão, do valor de mercado. Tudo isso e mais o que gastou com impostos, licenciamentos, seguros, multas, etc. Enquanto isso, vamos financiando a construção de estradas, viadutos, túneis, rodoanéis e o problema só se agrava. E a tendência é piorar até explodir. Infelizmente.

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

SAÚDE PÚBLICA

Há algumas semanas levei minha mãe para ser atendida no Hospital São José, em São Vicente. Enquanto aguardava, reparei que as poucas plantas em frente ao hospital estavam ressequidas. Munido de uma garrafa plástica, comecei a molhá-las. Fato que chamou a atenção de um funcionário administrativo do hospital, estudante de biologia. Elogiando a minha iniciativa, confessou que no afã do dia-a-dia não tinha percebido aquele detalhe.
Afinal, saúde também implica em qualidade de vida. E qualidade de vida implica na questão ambiental. Assim como são importantes as questões da atividade física e de uma alimentação equilibrada. Medidas profilácticas que deveriam fazer parte de qualquer programa de saúde pública e de educação. Inclusive dos cursos de medicina, muito voltados para a cura. Quase nada para a prevenção.
Eu fiz este comentário em um fórum digital. Momento em que estava sendo discutida a saúde pública do município de São Vicente.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

ESPORTE DE BASE

Certamente não temos nada a comemorar com o esporte de base em Santos. Embora nem todos tivessem acesso, é voz corrente que havia discriminação em alguns clubes, a matriz esportiva santista era clubística. Era lá que os atletas eram forjados. Hoje já não é mais. A matriz deixou de existir. Ou melhor, os clubes estão deixando de existir. E os motivos são vários. Vão da incompetência administrativa à pressão do mercado imobiliário.
Detectado o problema, temos de encontrar a solução. E o momento é propício. Estamos às portas de novas eleições, o que nos leva a deduzir que os programas de governo estão sendo elaborados. Resta saber se o esporte terá a devida atenção dos candidatos, ou se continuará como uma simples moeda de troca política. Se deverá ser objeto de um programa sério, consistente, ou de projetos aleatórios.
Verdade seja dita, infra-estrutura existe: Legal, financeira, física e humana. Infra-estrutura legal porque temos a orientação e o respaldo da nossa Constituição. O Art. 217 diz que o desporto educacional é prioritário. Motivo fortíssimo para transformar as escolas na nova matriz esportiva. Outro motivo é que elas são os braços de maior alcance social que o poder público dispõe. Em cada bairro, em cada comunidade, elas estão lá. Infra-estrutura financeira porque há interesse do Ministério dos Esportes em investir no desporto educacional. O TCU apurou que aproximadamente 100% dos recursos federais voltados para o esporte eram investidos no alto-rendimento. Infra-estrutura física porque as escolas já existem. Algumas equipadas, outras não. Mas temos as praias e alguns equipamentos públicos e privados que podem ser utilizados. E a infra-estrutura humana, representada pelos profissionais da Educação Física e do Esporte. Resta então definir o que é Educação Física/Motora e o que é Esporte na escola. Até onde vai uma atividade e começa a outra. E a seguir iniciar um trabalho com princípio, meio e fim.
Falamos do esporte no âmbito Federal e Municipal, mas o Estado pode e deve dar a sua contribuição. Uma delas seria adaptar e adotar o mesmo critério nas escolas estaduais. Até para dar seqüência ao trabalho da rede municipal. Outra seria adaptar os Jogos Regionais e os Jogos Abertos do Interior, alterando inclusive os regulamentos para serem disputados por atletas oriundos desse trabalho de base. Atualmente os regulamentos permitem contratações. Inclusive de estrangeiros. O que acaba sendo feito inadvertidamente por alguns municípios.
Na pior das hipóteses, no mínimo as seletivas deveriam voltar a acontecer. É o método mais transparente e fomentador do desporto de alto rendimento. Até por que estamos falando de recursos públicos. E o prêmio para os vencedores, até a próxima seletiva, continuaria sendo a ajuda de custo através do Projeto Adote um Atleta.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

QUEM TEM PRESSA COME CRU

"A pressa é inimiga da perfeição". Frase de efeito mas que se encaixa em todas as nossas ações. Quando o Brasil anunciou o domínio da tecnologia do álcool como combustível, todos exultaram. A partir daquele instante a luz verde acendeu para a fabricação dos carros a álcool, para o plantio da cana e para a instalação das usinas de processamento. Só que ninguém avisou que a cultura da cana e a sua transformação em combustível demandam muita terra e muita energia. Se avisou, o governo fez que não entendeu. Atitude, infelizmente comum, de governantes imediatistas e totalmente desprovidos de sensibilidade ambiental. Aliás, os analistas alegam que a cana não será a fonte definitiva do álcool justamente pelas demandas exigidas. Não é à toa que os países mais desenvolvidos ainda não fecharam questão sobre o assunto. Enquanto importam álcool do Brasil, o que nos dá uma falsa sensação de superioridade, investem cada vez mais em pesquisas na busca de uma outra fonte. E no afã de abastecer o mercado interno e parte do mercado externo, a cultura da cana em nosso país cresce vertiginosamente. Como era de se esperar, sem controle algum. Para se ter uma idéia, o segundo maior bioma brasileiro, o Cerrado, rico em fauna e flora, berço de uma das principais bacias hidrográficas, está sendo invadido de forma desordenada. E pior, a cultura tem avançado muito nas áreas de preservação do bioma. Um outro problema é que a falsa sensação de superioridade tem contaminado até a mídia. Tornando comuns as seguintes manchetes: "BRASIL DOMINA A TECNOLOGIA DO ÁLCOOL", "BRASIL EXPORTA TECNOLOGIA", etc.
Agora, como uma ducha de água fria sobre as nossas cabeças, já se lê: "CIENTISTAS ESTRANGEIROS, ATRAVÉS DE ENZIMAS E BACTÉRIAS GENETICAMENTE MODIFICADAS, CONSEGUEM PROCESSAR A CELULOSE E TRANSFORMÁ-LA EM ENERGIA". Com um detalhe, a celulose está presente em todos os vegetais e fornece energia com uma eficiência 80% superior a do álcool da cana. E notícias vindas dos Estados Unidos informam que já foi descoberta a matéria-prima ideal: uma gramínea muito comum e que cresce em qualquer terreno e qualquer clima. Logo eles estarão oferecendo álcool mais eficiente e mais barato do que o nosso. E tomara que seja rápido mesmo. Antes que o Cerrado e a Floresta Amazônica sejam transformados em canaviais.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

RUAS ARBORIZADAS

Antes de ser considerada a rua mais arborizada de Santos, a Liberdade já havia sido escolhida para as minhas corridas diárias. Foi algo instintivo, pura atração. Aliás, quem corre ou caminha conhece muito bem esse fenômeno. Consegue diferenciar a sombra de uma marquise da sombra fresca de uma árvore. E a Liberdade propicia essa sensação de frescor. Contrastando com a árida Oswaldo Cruz, onde ela inicia, existem trechos que se transformam em verdadeiros túneis verdes. E o contraste com uma das principais e mais tradicionais ruas de Santos é latente. Localizada em um dos bairros mais nobres da cidade, a Oswaldo Cruz tem somente noventa árvores em mais de dois quilômetros de extensão. Sessenta localizadas no lado ímpar da rua(aproximadamente quarenta metros separando uma da outra). E trinta localizadas no lado par(passando para oitenta metros a distância entre uma e outra). Isso se considerarmos o critério da proporcionalidade. O que não é a realidade. Existem longos trechos praticamente desérticos. Um exemplo é a quantidade de árvores existente entre a Av. Epitácio Pessoa e a Rua Lobo Viana. Em ambos os lados da Oswaldo Cruz, somente dez.
Querendo contribuir para alterar esse quadro, convenci a síndica e os moradores do edifício Betânia a plantar uma árvore em frente ao prédio(a única existente no lado par das três quadras que separam a Av. Afonso Pena da R. Dr. Estácio Corrêa). Adquiridas a muda e a terra, produtos cada vez mais raros e caros, pusemos mãos à obra. Durante o trabalho, fui abordado por um furioso morador do prédio vizinho. Aos brados, vociferou que o local seria transformado em um ponto de encontro de desocupados, em um depósito de lixo, etc...etc... Infelizmente, esse ainda é um comportamento muito comum. E por isso o munícipe não deve decidir sobre o assunto. Pelo menos enquanto não houver sensibilização suficiente.