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sexta-feira, 2 de maio de 2008

MEDICINA x SAÚDE

A polêmica causada pelas declarações de um dirigente universitário da Bahia esconde uma outra discussão muito mais importante: a qualidade dos cursos de Medicina. Qualidade que não é das melhores naquela universidade. Fato que não está sendo muito explorado em função do conteúdo discriminatório daquelas declarações. Daí o foco para o berimbau e para a capacidade intelectual do povo baiano.
Em recente matéria jornalística, o governo manifestou a intenção de limitar ou até diminuir a quantidade dos cursos existentes. O que não é suficiente para melhorar a qualidade dos referidos cursos. Por outro lado, sabemos que os cursos de melhor qualidade são os oferecidos pelas universidades públicas. Por esse motivo e pelo fato de serem gratuítos, são os mais procurados. Portanto, freqüentados por quem tem condições de pagar escolas particulares e cursinhos extremamente caros. Cabendo à maioria, através dos impostos, custear esse sistema perverso e ter de custear também seus estudos nas universidades particulares. É certo que já existem alguns programas que amenizam esse problema, mas são paliativos. A solução consiste em melhorar substancialmente a qualidade dos cursos Fundamental e Médio da rede pública.
Quando eu menciono que os cursos de melhor qualidade são os oferecidos pelas universidades públicas, necessariamente não quero dizer que sejam o ideal. A impressão que se tem é que todos os nossos cursos de Medicina são regidos pela batuta da indústria de medicamentos. Resultando em profissionais extremamente voltados para a medicina curativa. Pouco ou nada para a medicina preventiva. Profissionais que têm a bula como bíblia e a receita como oração. O que faz do ser humano, do paciente, um meio e não um fim. Excessos do capitalismo. Daí para o materialismo, para o interesse particular em detrimento do interesse público, é um pulo. A Medicina passa a ser procurada mais pelo status social ou financeiro que ela propicia.
Li, recentemente, sobre os problemas da falta de médicos nos municípios de Coari e Parintins, no Amazonas. Se no interior dos estados mais ricos existem problemas, imaginem lá! Aqueles municípios pagam salários de até R$ 12.500,00 para diversas especializações médicas. Foram feitos anúncios inclusive nas três faculdades de Medicina de Manaus, sem sucesso. Talvez, uma das soluções seria obrigar os alunos formados nas universidades públicas a prestarem serviços nas regiões mais longinquas. Nem que fosse por um certo tempo.

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