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terça-feira, 11 de novembro de 2008

PLANETA EXAURIDO

Não moro no morro, mas morro de amores pelo morro! Parte da minha infância foi desbravando as várias trilhas ainda existentes naquela região. Adorava subir o Morro do Voturuá em direção à Trilha do Boi Morto. E o horário escolhido era quase sempre o das explosões na Pedreira Sta. Teresa. Não tínhamos a noção do perigo, se é que existia algum perigo. O que nós queríamos era ouvir as explosões que aconteciam debaixo dos nossos pés e voltar com alguns cachos de coquinho brejaúva. Com o tempo a pedreira foi desativada. Hoje, ao seu redor, ainda existe uma vasta área desocupada. Aos poucos está virando pátio de caminhões, depósito de lixo e abrigo para desocupados. Tivéssemos um administrador com a visão de um Jaime Lerner, aquele espaço já teria sido transformado num grande parque turístico, cultural, esportivo e de lazer. Talvez coubesse até uma escola ambiental, dotada de toda infraestrutura necessária para receber alunos de outras escolas. Tais como alojamento, laboratório, refeitório, etc. Refiro-me a São Vicente.

Mais tarde, trabalhando com crianças e jovens pela prefeitura de Santos, fazíamos essas trilhas quase todos os finais de semana em direção à Lagoa da Saudade, Lagoa do Boi Morto, Pedra da Campina, Pedra do Urubu e ao Monte Serrat. Neste último, costumávamos subir pela "Escadinha do Céu". Acesso com quase quinhentos degraus, situado em meio a muita vegetação. Íamos também à Praia de Paranapuã(Praia das Vacas), Praia do Itaquitanduva, Poço das Antas e à Cachoeira de Paratinga. Nas nossas caminhadas, recolhíamos o lixo que outras pessoas deixavam pelo caminho, discutíamos a importância da preservação ambiental, tipos de vegetação, o fenômeno da fotossíntese e muito mais. E nos dias que se seguiam o assunto continuava. Oportunidade em que eram estimulados a escrever sobre a experiência e a discutir em grupo. Hoje, todos adultos, não hesitam em afirmar que foram os melhores momentos das suas vidas. É a magia do contato da criança com a natureza. Interação que ocorre porque é lúdico, porque tem o espírito de aventura. E também porque a criança ainda não está totalmente influenciada pelo materialismo exagerado da nossa sociedade. É, portanto, o momento ideal de se despertar e se resgatar a ternura com a nossa Mãe Terra. Daí a importância de uma escola ambiental, citada acima, junto à natureza.

Eis por que vejo no movimento SOS LAGOA uma oportunidade para se discutir um problema que não é só do morro, é um problema mundial. E mais. Ao invés de ser combatido, o movimento deveria ser aproveitado para destravancar e engrenar a famigerada Agenda 21. O nosso planeta está se exaurindo e os sinais são evidentes. Isso porque os modelos de crescimento atuais são insustentáveis. Não é possível todos os povos, todas as nações, produzindo e consumindo com a mesma voracidade. É uma política que por si só se autodestrói. E o setor da construção não foge à regra. Ainda se houvesse, mas não há nenhuma contrapartida ambiental ou social. E não é por falta de modelos. O problema é o critério da margem de lucro. Para ela ser maior, as despesas são reduzidas. Sendo assim, dentre outras medidas, ficam fora de cogitações a preservação e a compensação da vegetação, a reciclagem e o reaproveitamento do entulho, a armazenagem e a utilização de águas pluviais, o reaproveitamento da água utilizada e a individualização do seu consumo, a utilização de madeira certificada, a utilização de energia de fontes renováveis e melhores condições para os empregados do setor.

Haja terra!

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