Compare Produtos, Lojas e Preços

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

SONHO DE CONSUMO

Eu não tenho a menor dúvida em afirmar que nós estamos inflando uma bolha prestes a explodir. E a receita é governamental. Na massa, o fermento são os juros altíssimos misturado à benevolência com a propaganda criminosa que transforma o carro no sonho de consumo de todo cidadão. Inclusive das CRIANÇAS. O que faz com que uma sociedade subdesenvolvida culturalmente e financeiramente fique completamente à mercê dos predadores: a indústria automobilística e os bancos. Financia-se em 40, 50, 60 e em até 80 meses. E o coitado vai lá e cai na armadilha. Muitos sem ter onde morar e sequer o que comer. Mas o carrão está lá. Não importa se ele está utilizando todo o salário na prestação. Tampouco se somadas todas elas, ele estará pagando dois ou três carros iguais.
A triste realidade é que a quantidade de inadimplentes aumenta a cada dia. Inadimplentes que além de perderem as prestações que já pagaram, perdem o carro e ainda têm de arcar com a diferença imposta pela financeira. Aquela diferença correspondente ao valor arrecadado no leilão, do valor de mercado. Tudo isso e mais o que gastou com impostos, licenciamentos, seguros, multas, etc. Enquanto isso, vamos financiando a construção de estradas, viadutos, túneis, rodoanéis e o problema só se agrava. E a tendência é piorar até explodir. Infelizmente.

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

SAÚDE PÚBLICA

Há algumas semanas levei minha mãe para ser atendida no Hospital São José, em São Vicente. Enquanto aguardava, reparei que as poucas plantas em frente ao hospital estavam ressequidas. Munido de uma garrafa plástica, comecei a molhá-las. Fato que chamou a atenção de um funcionário administrativo do hospital, estudante de biologia. Elogiando a minha iniciativa, confessou que no afã do dia-a-dia não tinha percebido aquele detalhe.
Afinal, saúde também implica em qualidade de vida. E qualidade de vida implica na questão ambiental. Assim como são importantes as questões da atividade física e de uma alimentação equilibrada. Medidas profilácticas que deveriam fazer parte de qualquer programa de saúde pública e de educação. Inclusive dos cursos de medicina, muito voltados para a cura. Quase nada para a prevenção.
Eu fiz este comentário em um fórum digital. Momento em que estava sendo discutida a saúde pública do município de São Vicente.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

ESPORTE DE BASE

Certamente não temos nada a comemorar com o esporte de base em Santos. Embora nem todos tivessem acesso, é voz corrente que havia discriminação em alguns clubes, a matriz esportiva santista era clubística. Era lá que os atletas eram forjados. Hoje já não é mais. A matriz deixou de existir. Ou melhor, os clubes estão deixando de existir. E os motivos são vários. Vão da incompetência administrativa à pressão do mercado imobiliário.
Detectado o problema, temos de encontrar a solução. E o momento é propício. Estamos às portas de novas eleições, o que nos leva a deduzir que os programas de governo estão sendo elaborados. Resta saber se o esporte terá a devida atenção dos candidatos, ou se continuará como uma simples moeda de troca política. Se deverá ser objeto de um programa sério, consistente, ou de projetos aleatórios.
Verdade seja dita, infra-estrutura existe: Legal, financeira, física e humana. Infra-estrutura legal porque temos a orientação e o respaldo da nossa Constituição. O Art. 217 diz que o desporto educacional é prioritário. Motivo fortíssimo para transformar as escolas na nova matriz esportiva. Outro motivo é que elas são os braços de maior alcance social que o poder público dispõe. Em cada bairro, em cada comunidade, elas estão lá. Infra-estrutura financeira porque há interesse do Ministério dos Esportes em investir no desporto educacional. O TCU apurou que aproximadamente 100% dos recursos federais voltados para o esporte eram investidos no alto-rendimento. Infra-estrutura física porque as escolas já existem. Algumas equipadas, outras não. Mas temos as praias e alguns equipamentos públicos e privados que podem ser utilizados. E a infra-estrutura humana, representada pelos profissionais da Educação Física e do Esporte. Resta então definir o que é Educação Física/Motora e o que é Esporte na escola. Até onde vai uma atividade e começa a outra. E a seguir iniciar um trabalho com princípio, meio e fim.
Falamos do esporte no âmbito Federal e Municipal, mas o Estado pode e deve dar a sua contribuição. Uma delas seria adaptar e adotar o mesmo critério nas escolas estaduais. Até para dar seqüência ao trabalho da rede municipal. Outra seria adaptar os Jogos Regionais e os Jogos Abertos do Interior, alterando inclusive os regulamentos para serem disputados por atletas oriundos desse trabalho de base. Atualmente os regulamentos permitem contratações. Inclusive de estrangeiros. O que acaba sendo feito inadvertidamente por alguns municípios.
Na pior das hipóteses, no mínimo as seletivas deveriam voltar a acontecer. É o método mais transparente e fomentador do desporto de alto rendimento. Até por que estamos falando de recursos públicos. E o prêmio para os vencedores, até a próxima seletiva, continuaria sendo a ajuda de custo através do Projeto Adote um Atleta.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

QUEM TEM PRESSA COME CRU

"A pressa é inimiga da perfeição". Frase de efeito mas que se encaixa em todas as nossas ações. Quando o Brasil anunciou o domínio da tecnologia do álcool como combustível, todos exultaram. A partir daquele instante a luz verde acendeu para a fabricação dos carros a álcool, para o plantio da cana e para a instalação das usinas de processamento. Só que ninguém avisou que a cultura da cana e a sua transformação em combustível demandam muita terra e muita energia. Se avisou, o governo fez que não entendeu. Atitude, infelizmente comum, de governantes imediatistas e totalmente desprovidos de sensibilidade ambiental. Aliás, os analistas alegam que a cana não será a fonte definitiva do álcool justamente pelas demandas exigidas. Não é à toa que os países mais desenvolvidos ainda não fecharam questão sobre o assunto. Enquanto importam álcool do Brasil, o que nos dá uma falsa sensação de superioridade, investem cada vez mais em pesquisas na busca de uma outra fonte. E no afã de abastecer o mercado interno e parte do mercado externo, a cultura da cana em nosso país cresce vertiginosamente. Como era de se esperar, sem controle algum. Para se ter uma idéia, o segundo maior bioma brasileiro, o Cerrado, rico em fauna e flora, berço de uma das principais bacias hidrográficas, está sendo invadido de forma desordenada. E pior, a cultura tem avançado muito nas áreas de preservação do bioma. Um outro problema é que a falsa sensação de superioridade tem contaminado até a mídia. Tornando comuns as seguintes manchetes: "BRASIL DOMINA A TECNOLOGIA DO ÁLCOOL", "BRASIL EXPORTA TECNOLOGIA", etc.
Agora, como uma ducha de água fria sobre as nossas cabeças, já se lê: "CIENTISTAS ESTRANGEIROS, ATRAVÉS DE ENZIMAS E BACTÉRIAS GENETICAMENTE MODIFICADAS, CONSEGUEM PROCESSAR A CELULOSE E TRANSFORMÁ-LA EM ENERGIA". Com um detalhe, a celulose está presente em todos os vegetais e fornece energia com uma eficiência 80% superior a do álcool da cana. E notícias vindas dos Estados Unidos informam que já foi descoberta a matéria-prima ideal: uma gramínea muito comum e que cresce em qualquer terreno e qualquer clima. Logo eles estarão oferecendo álcool mais eficiente e mais barato do que o nosso. E tomara que seja rápido mesmo. Antes que o Cerrado e a Floresta Amazônica sejam transformados em canaviais.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

RUAS ARBORIZADAS

Antes de ser considerada a rua mais arborizada de Santos, a Liberdade já havia sido escolhida para as minhas corridas diárias. Foi algo instintivo, pura atração. Aliás, quem corre ou caminha conhece muito bem esse fenômeno. Consegue diferenciar a sombra de uma marquise da sombra fresca de uma árvore. E a Liberdade propicia essa sensação de frescor. Contrastando com a árida Oswaldo Cruz, onde ela inicia, existem trechos que se transformam em verdadeiros túneis verdes. E o contraste com uma das principais e mais tradicionais ruas de Santos é latente. Localizada em um dos bairros mais nobres da cidade, a Oswaldo Cruz tem somente noventa árvores em mais de dois quilômetros de extensão. Sessenta localizadas no lado ímpar da rua(aproximadamente quarenta metros separando uma da outra). E trinta localizadas no lado par(passando para oitenta metros a distância entre uma e outra). Isso se considerarmos o critério da proporcionalidade. O que não é a realidade. Existem longos trechos praticamente desérticos. Um exemplo é a quantidade de árvores existente entre a Av. Epitácio Pessoa e a Rua Lobo Viana. Em ambos os lados da Oswaldo Cruz, somente dez.
Querendo contribuir para alterar esse quadro, convenci a síndica e os moradores do edifício Betânia a plantar uma árvore em frente ao prédio(a única existente no lado par das três quadras que separam a Av. Afonso Pena da R. Dr. Estácio Corrêa). Adquiridas a muda e a terra, produtos cada vez mais raros e caros, pusemos mãos à obra. Durante o trabalho, fui abordado por um furioso morador do prédio vizinho. Aos brados, vociferou que o local seria transformado em um ponto de encontro de desocupados, em um depósito de lixo, etc...etc... Infelizmente, esse ainda é um comportamento muito comum. E por isso o munícipe não deve decidir sobre o assunto. Pelo menos enquanto não houver sensibilização suficiente.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

TRISTE LEMBRANÇA

O Ministério do Turismo deve investir na Lagoa do Quarentenário, em São Vicente. Considerando-se a fonte dos recursos, a lagoa deve ter finalidade turística e de lazer. O que me parece estranho e preocupante, já que as lembranças que eu tenho do Quarentenário não são as melhores. Primeiro, aquela área serviu para o confinamento dos bois que chegavam do interior. Ficavam ali até serem levados para os matadouros da região ou serem soltos por vândalos. Quem daquela época não se lembra dos bois soltos pelas ruas? Segundo, e aí o mais preocupante, na segunda metade dos anos 60 algumas indústrias de agrotóxicos começaram a se instalar em Cubatão. Dentre elas, a Clorogil que foi incorporada pela Rhodia em 1976. Solventes e fungicidas, resíduos altamente tóxicos, passaram a ser produzidos, manuseados, armazenados e descartados quase sem nenhum controle. Após a denúncia da existência de depósitos clandestinos e da contaminação de funcionários, as atividades da Rhodia foram encerradas. Isso já na década de 90. Até ali, estima-se que mais de 40 t de resíduos foram enterradas por toda a região da baixada. Uma grande parte próxima de rios e de mangues. E o Quarentenário, antes de ser ocupado pela maioria dos seus moradores, foi um dos locais mais utilizados. Cuja conseqüência foi a contaminação do solo, da água, dos animais marinhos e do leite materno. Resultados das análises feitas na época pela CETESB e comprovadas por alguns estudos acadêmicos.