Certamente não temos nada a comemorar com o
esporte de base em Santos. Embora nem todos tivessem acesso, é voz corrente que havia discriminação em alguns clubes, a matriz
esportiva santista era clubística. Era lá que os
atletas eram forjados. Hoje já não é mais. A matriz deixou de existir. Ou melhor, os clubes estão deixando de existir. E os motivos são vários. Vão da incompetência administrativa à pressão do
mercado imobiliário.
Detectado o problema, temos de encontrar a solução. E o momento é propício. Estamos às portas de novas eleições, o que nos leva a deduzir que os programas de governo estão sendo elaborados. Resta saber se o
esporte terá a devida atenção dos candidatos, ou se continuará como uma simples
moeda de troca política. Se deverá ser objeto de um programa sério, consistente, ou de projetos aleatórios.
Verdade seja dita, infra-estrutura existe: Legal, financeira, física e humana. Infra-estrutura legal porque temos a orientação e o respaldo da nossa Constituição. O Art. 217 diz que o
desporto educacional é prioritário. Motivo fortíssimo para transformar as escolas na nova matriz esportiva. Outro motivo é que elas são os braços de maior alcance social que o poder público dispõe. Em cada bairro, em cada comunidade, elas estão lá. Infra-estrutura financeira porque há interesse do Ministério dos
Esportes em investir no
desporto educacional. O TCU apurou que aproximadamente 100% dos recursos federais voltados para o
esporte eram investidos no
alto-rendimento. Infra-estrutura física porque as escolas já existem. Algumas equipadas, outras não. Mas temos as praias e alguns equipamentos públicos e privados que podem ser utilizados. E a infra-estrutura humana, representada pelos profissionais da Educação Física e do
Esporte. Resta então definir o que é Educação Física/Motora e o que é
Esporte na escola. Até onde vai uma atividade e começa a outra. E a seguir iniciar um trabalho com princípio, meio e fim.
Falamos do
esporte no âmbito Federal e Municipal, mas o Estado pode e deve dar a sua contribuição. Uma delas seria adaptar e adotar o mesmo critério nas escolas estaduais. Até para dar seqüência ao trabalho da rede municipal. Outra seria adaptar os Jogos Regionais e os Jogos Abertos do Interior, alterando inclusive os regulamentos para serem disputados por atletas oriundos desse trabalho de base. Atualmente os regulamentos permitem contratações. Inclusive de estrangeiros. O que acaba sendo feito inadvertidamente por alguns municípios.
Na pior das hipóteses, no mínimo as seletivas deveriam voltar a acontecer. É o método mais transparente e fomentador do desporto de alto rendimento. Até por que estamos falando de recursos públicos. E o prêmio para os vencedores, até a próxima seletiva, continuaria sendo a ajuda de custo através do Projeto Adote um Atleta.