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domingo, 21 de novembro de 2010

FUTEBOL PRA MACHO

Dia desses recebi um e-mail da minha prima Sara, colocando o futebol de rua como o verdadeiro futebol. O futebol pra macho. Dentre as curiosidades, as regras se sobressaiam. A bola, por exemplo, poderia ser qualquer coisa que pudesse se deslocar com um chute. De uma lata até a uma bola de futebol. O gol era feito com o que estivesse à mão. Pedras, camisas emboladas, livros da escola e até o irmão menor de pé e com as pernas abertas. O campo geralmente era em uma rua de terra, limitado nas laterais pelas valas com esgoto a céu aberto. A escolha dos times era no par ou ímpar. A duração do jogo, virava em seis e acaba em doze. A escalação tinha alguns critérios. Por exemplo, gordo na defesa e perna de pau no gol. Não tinha juiz. A única falta que existia era quando o adversário caía na vala. As substituições aconteciam somente quando um moleque era arrastado pra casa pela orelha. Ou então, quando arrancava um tampão do dedo. Mesmo assim estava arriscado a voltar, depois de enrolar o ferimento com um pedaço de trapo qualquer. Na justiça desportiva, os casos de dúvidas eram resolvidos na porrada.
Lembro de um desses jogos. Tava muito equilibrado e já durava quase toda a tarde de um sábado. Lá pelas tantas, uma noiva começou a atravessar uma ponte de madeira. Justamente no momento em que vislumbrei a possibilidade de fazer o gol de desempate e vencer o jogo. Mirei, calibrei o chute, e pimba! Errei. Fui acertar exatamente a vala fétida no momento em que a noiva passava. O vestido branco ficou alvinegro. Acontece que o pai da noiva era um oficial do Exército. Foi um tremendo sururu. O homem pôs o batalhão pra me caçar. Fugi e fui me esconder no galinheiro que existia no quintal da casa do meu tio Elias que morava em outro bairro. Só fui sair de lá por volta da meia-noite. Isso porque meus primos, que sabiam onde eu estava, falavam que meu pai poderia ser preso e torturado.
Quem não jogou, de fato perdeu...

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