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segunda-feira, 22 de outubro de 2007

OÁSIS URBANO

A definição de oásis é a de um local aprazível contrastando com a aridez de outros locais. Eu lembro dos gibis e dos filmes de aventura da minha infância em que os palcos eram os desertos. Locais onde os aventureiros enfrentavam um calor medonho, só amenizado quando encontravam um oásis. Até quem estava lendo o gibi ou assistindo o filme, sentia-se aliviado.
Hoje, quarenta anos depois, a sensação é pior porque é real. O Saara é aqui. O Saara de concreto e de asfalto. O Saara urbano. E se o asfalto e o concreto predominam, os poucos bolsões verdes ainda existentes podem ser considerados oásis. Oásis urbanos. Alguns são públicos. Outros, não. Os hospitais Guilherme Álvaro e a Beneficência Portuguesa, o Orquidário, os Morros, o Jardim Botânico e algumas residências com quintais arborizados, são alguns dos locais que ainda resistem.
Mas, se existe um local que se destaca pelo contraste e pelo fato de ser um estabelecimento comercial, ele está localizado na esquina da Av. Senador Feijó com a Rua Joaquim Nabuco, em Santos. Um pequeno oásis na cinzenta e árida Senador. Naquele local, o comerciante abriu mão da publicidade do seu comércio para plantar árvores, arbustos e trepadeiras ao redor da sua loja. O que acabou se tornando mais atraente do que um luminoso. Local aprazível, cujo proprietário já foi advertido pelas autoridades por estar fazendo o que todos deveriam fazer. Inclusive o poder público.
Ainda bem que tem gente que faz.

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

CRIANÇA

A probabilidade de uma criança feliz se transformar em um adulto saudável e equilibrado é muito grande. O que acaba resultando também na diminuição dos índices de violência. O problema consiste em fazer uma criança feliz numa sociedade materialista, desigual e de valores tão invertidos como a nossa. Uma sociedade onde crianças abandonadas pelos pais e dormindo nas calçadas despertam menos compaixão do que um cão abandonado.
Um outro lado triste são as instituições educacionais se omitindo ou contribuindo ainda mais para o agravamento da situação. Já comentamos sobre as monitoras de creches sem nenhuma formação ou empatia para trabalhar com crianças. E, também, sobre as escolas extremamente materialistas. Preocupadas somente com a formação intelectual dos alunos. Pouco ou nada com a formação emocional.
Um triste exemplo de toda essa realidade ocorreu no Jardim Botânico de Santos. Na ocasião, um menino de nove anos de idade "bolava" aula juntamente com dois meninos mais velhos. Conversando com outras crianças, soube que ele agia sempre assim na aula de música. Fato que eu estranhei pela ludicidade que envolve essa disciplina. Ele tinha verdadeiro pavor da professora. Sentimento que era compartilhado por outros alunos e que levei ao conhecimento da direção da escola em questão.
Durante a conversa, lamentavelmente, fui informado que o menino era um aluno "problema". Respirei fundo e lembro de ter respondido que não existia criança "problema". O que existia era uma sociedade cada vez mais problemática. Administrada e sustentada por adultos problemáticos. Dentre eles, pais, políticos, e professores.
Na verdade, o que a criança necessita está sobrando para alguns animais de estimação. É de atenção, carinho e afeto. Na família e na escola.

domingo, 14 de outubro de 2007

INFÂNCIA X VELHICE

No mês em que comemoramos o Dia da Criança, as discussões e os projetos voltados para a Terceira Idade é que predominam. Eu não tenho a menor dúvida que uma das melhores contribuições para uma vida adulta e uma velhice saudável, principalmente no aspecto psicológico, é fazer uma criança feliz. Infelizmente não é o que está acontecendo com as gerações atuais.
Se antes a criança não tinha a presença constante do pai, agora não tem a da mãe. Justamente na fase em que ela mais necessita da segurança de ambos e do aconchego de um lar. É nesta fase em que os estímulos sensoriais fazem a diferença. Estímulos de afeto, de carinho e de amor. Só para isso ela está preparada. Nunca para absorver regras disciplinares. Principalmente de estranhos sem nenhuma qualificação, sem nenhuma afinidade ou empatia. E na balança da vida esse detalhe fará a diferença. Ou será um adulto equilibrado, ou não.
Eu tive acesso aos resultados de um trabalho executado por alunos da UNICAMP, quando foi constatado que uma grande parcela das monitoras e recreacionistas das creches mantidas por aquela universidade não tinham as qualificações ideais. E aqui eu estou falando de creches mantidas por uma das mais tradicionais e importantes universidades do mundo. Imaginem o que se passa nas milhares de creches espalhadas por este país. Onde, funcionárias contratadas sem nenhum critério, a não ser o político, são designadas para iniciar o processo de lapidação das nossas jóias mais caras.
Ora, se a educação é a solução para todos os nossos problemas, inclusive para os relacionados à violência através de práticas que desenvolvam a empatia, a afetividade, a solidariedade e o amor, é óbvio que temos de começar pelas creches. O assunto é palpitante e deveria ser objeto de uma ampla e elucidativa matéria jornalística. Além de ser abordado nos Conselhos da Criança e do Adolescente.

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

O ÁLCOOL E AS SUAS CONSEQÜÊNCIAS

A Câmara Legislativa de Santos tem realizado várias audiências públicas. Eu mesmo já participei de algumas. E todas em que eu participei a quantidade de pessoas sempre esteve aquém do esperado. Um dos motivos, na minha opinião, é a inibição das pessoas mais simples diante da suntuosidade do prédio da Prefeitura. O outro é o horário e o dia escolhido. Na maioria das vezes, no meio da semana e no horário comercial.
Foi exatamente o que aconteceu com uma das audiências mais importantes. A que discutiu os malefícios do álcool e as medidas para minimizá-los. O assunto foi debatido numa segunda-feira à tarde. O que inviabilizou a minha presença e a de outras pessoas. Uma audiência dessas era pra ter a participação maciça daqueles que têm alguém na família dependente do álcool. E também daqueles que perderam parentes ou amigos em acidentes no trânsito causados pelo álcool. Com toda a certeza as galerias da Câmara seriam insuficientes e o resultado da audiência seria outro. Até porque está cada vez mais difícil encontrar uma família que não tenha passado ou esteja passando por esse problema. Eu mesmo tive o meu pai e agora tenho o meu irmão. E a minha mulher teve o pai e alguns primos.
Para se ter uma idéia do tamanho do problema, vinte e três por cento dos motoristas abordados durante uma blitz noturna em Santos estavam alcoolizados. Fato veiculado pela Rádio Bandeirantes. Não é à toa que numa escala de malefícios, o álcool ocupe o quinto lugar. Cerca de 60% dos casos de violência nos lares, têm na sua origem o álcool. É pior que a maconha e o crack e não existe nenhum controle social sobre ele. Muito menos sobre a sua propaganda. Um outro dado impressionante é a quantidade de pontos de disbribuição. Mais de um milhão de bares. Pode faltar pão e leite em muitos deles, mas a cervejinha e a cachaça não! E tudo começa com uma cervejinha que agora virou atração turística. Por isso a "lei seca" que proibiria a venda de bebidas alcóolicas à noite não vinga na nossa cidade. É mole!

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

MEIO-AMBIENTE

Embora não sendo conselheiro, a minha particípação na última reunião do COMDEMA (Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente) foi extremamente positiva. Além de ter assistido à excelente palestra sobre as espécies de pássaros ainda existentes na região insular de Santos, contribui com algumas sugestões sobre questões afins. Falei sobre a importância dos quintais arborizados, cada vez mais raros, e das dificuldades dos moradores em descartar os galhos provenientes das podas. E do quanto seria importante a prefeitura recolher também os galhos das residências para serem triturados e transformados em adubo orgânico. Motivado pelas manchetes veiculadas nos jornais da região, nas quais a SABESP pede que se economize água, comentei sobre os abusos cometidos nos chuveiros das praias. Dei também a idéia de se anexar projetos de jardinagem e paisagismo em todos os projetos de reforma ou construção de equipamentos esportivos, culturais ou educacionais. Tais projetos seriam elaborados e acompanhados, na sua execução, pelos técnicos da SEMAM e do COMDEMA. Sugeri, ainda, a proibição de novas instalações de estabelecimentos dotados de forno à lenha. E, paralelamente, a criação de incentivos que possam motivar os proprietários a substituir os já existentes por fornos elétricos. Neste caso, o benefício seria duplo. Estaríamos deixando de contribuir com o desmatamento e com a liberação de carbono na atmosfera através da queima de lenha.
Resta saber se as propostas serão aceitas. Ou ao menos discutidas.

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

PRIORIDADE NO ESPORTE

O último editorial do Jornal do Esporte foi na mosca. Fato que merece elogios. Isso porque as ações públicas na área do esporte sempre tiveram o apoio da mídia. E as ações sempre tiveram esse viés pirotécnico apontado na matéria. Principalmente por parte dos municípios mais abastados. Contratações de atletas e até de equipes inteiras de outras regiões, inclusive do exterior, tornou-se comum. O que além de ser um absurdo, sob o ponto de vista da lisura e da ética, contraria a nossa Constituição. Está lá no Art. 217: é dever do Estado aplicar os recursos públicos prioritariamente no desporto educacional, em casos específicos, no alto rendimento. O detalhe é que o descumprimento da nossa Constituição começa pelo Governo Federal. Há algum tempo atrás, o TCU apurou que cerca de 95% de todos os recursos federais para o esporte eram aplicados no alto rendimento. Recursos do Ministério, das Empresas Públicas e das Loterias. Com os gastos realizados com os Jogos Pan-Americanos, aquele índice foi para a estratosfera. Imaginem aonde irá parar com a realização da Copa do Mundo de Futebol no Brasil.
Voltando para o nosso Estado, eu lembro que nos Jogos Abertos do Interior de 2003, realizados em Santos, o então Secretário Estadual de Esporte e Lazer, Lars Grael, manifestou-se várias vezes contrário à política de contratações feita por alguns municípios. Ótimo, pensei. Ele vai fazer alguma coisa para mudar esse quadro. Ledo engano. Tudo continua como dantes porque os regulamentos dos Jogos permitem. Foi o que eu disse pessoalmente ao Secretário durante um seminário acontecido em São Paulo.
E sejamos francos, o que os Jogos Abertos de 2003 deixaram de positivo para o município? Absolutamente nada. A não ser o prejuízo com as reformas do piso e do telhado do Clube de Regatas Santista e dos aluguéis pagos àquele clube, além de outras despesas. A extinção da matriz esportiva que eram os próprios clubes, por exemplo, não foi contida. Conseqüência da conjuntura econômica e das administrações incompetentes de muitos deles. Fenômeno que deveria estar fomentando uma outra discussão e outras ações no nosso município, ao invés de se lançar candidato à sede de mais uma edição dos Jogos Abertos do Interior. Por exemplo, para onde deve ser transferida a matriz esportiva que era clubística? Tanto o Editorial quanto a nossa Constituição já estão apontando o caminho.
Por outro lado é alentador saber que o novo Delegado Regional de Esportes está preocupado com a atual situação. Da mesma forma que acho positivo a Comissão Permanente de Esportes e Lazer da Câmara Legislativa do Estado de SP estar sendo presidida por um deputado da nossa região. Resta saber se eles terão poder de fogo para alterar esse quadro. Até porque envolve muitos interesses corporativos. Além de envolver a própria estrutura educacional com a definição e a implementação de programas de Educação Física e de Esporte na rede escolar.
A grande verdade é que o esporte sempre foi uma moeda de troca política. E uma moeda desvalorizada, bem chinfrim. Ou então um produto de maquiagem para esconder desmandos administrativos. O que é triste e irônico porque todas essas pirotecnias esportivas acabam se transformando também em desmandos administrativos. E tudo isso acontece porque somos muito passivos. Conseqüência de uma formação extremamente técnica e pouco questionadora. E aí a discussão também envolve a quantidade e a qualidade dos cursos de Educação Física existentes.

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

PRIVATIZAÇÃO DA AMAZÔNIA

E por falar em Agenda 21, o Governo Federal privatizou a Amazônia. Logo o governo do PT que é contra as privatizações. Uma prova é o seu envolvimento na campanha para reverter o processo que privatizou a Companhia Vale do Rio Doce.
A Amazônia contém um terço das florestas tropicais do mundo, um quinto dos recursos hídricos e um terço de toda a biodiversidade do planeta. Para se ter idéia da grandiosidade amazônica, são mais de cinco mil espécies de árvores. E tudo isso tem um papel importante no clima do planeta. Elas retiram uma média de 150 milhões de toneladas por ano de carbono da atmosfera, contribuindo para o resfriamento do planeta. Alguns outros dados mostram que a Amazônia possui 427 espécies de anfíbios; 3.000 de peixes; 378 de répteis; 427 de mamíferos e l294 de aves.
O Governo argumenta que a privatização acabará com o desmatamento predatório. Será substituído pelo "manejo florestal sustentável". Ou seja, é a oficialização do desmatamento. E aqui nós encontramos um outro paradoxo. Se o Governo não tem condições de fiscalizar e conter o desmatamento predatório, como fiscalizará o "manejo florestal sustentável"? Até porque não fiscaliza nem o que acontece na sala ao lado.
Um outro fator a ser considerado é o da origem das empresas interessadas na exploração das florestas. As estrangeiras, segundo fontes que vêm acompanhando todo esse processo, são as mesmas que fizeram um baita estrago na Ásia. Especialmente na Malásia. Lá também havia o compromisso de reposição das espécies retiradas, o que nunca ocorreu. Sobrando um gigantesco desastre ambiental. O consolo é que depois de tudo dizimado o Congresso se manifesta e resolve tudo(sic) com uma CPI.
É a mensagem do Cacique Seattle se profetizando.

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

AGENDA 21

Sem dúvida, a Agenda-21 foi o melhor resultado obtido na Eco-92. É um documento que estabelece a importância do envolvimento de cada governo, empresa ou qualquer outro setor da sociedade na busca de soluções para os problemas sócio-ambientais. E a época não poderia ser melhor para o lançamento do documento. Envolveu todo o misticismo da mudança de século que se avizinhava. Iríamos preparar o planeta para o Século 21.
A realidade é que já adentramos o novo século, o novo milênio e os resultados continuam pífios. Na nossa região, somente Cubatão tem uma Agenda-21 implantada. Santos já teve uma que já não existe mais. O que fez surgir um movimento que articula já há algum tempo a sua reimplantação no nosso município. As discussões preliminares vêm acontecendo quase sempre no Fórum da Cidadania. De onde surgiu a idéia de um seminário que irá acontecer no SENAC da Av. Conselheiro Nébias, 309. A abertura será às 19h de sexta-feira, 05/10. E no sábado, 06/10, durante o dia todo. Quando então acontecerão as discussões para a obtenção de propostas.
Compareçam.

terça-feira, 2 de outubro de 2007

ESTADO PAQUIDÉRMICO

O Presidente Lula já disse que se tiver de contratar mais gente ele irá contratar e ponto. E ninguém duvide, porque é assim mesmo. É um processo autofágico incontrolável que vem corroendo a Nação. E não é só no âmbito federal. O fenômeno está presente em todos os estados e municípios. É a coisa pública utilizada descaradamente em benefício da coisa privada, da coisa pessoal. Cuidar do patrimônio público e trabalhar para o público virou motivo de deboche. O certo é assaltar os cofres públicos ou trabalhar para alguém.
Na condição de funcionário público municipal, prestes a me aposentar, solicitei uma audiência pública na Câmara Municipal , através do Fórum da Cidadania, para discutir a última reforma administrativa. Obviamente, antes do projeto ser votado. Na época, argumentei que uma reforma administrativa no setor público sem um Plano de Cargos, Carreiras e Salários, fomentaria a inércia, o desânimo. Principalmente entre os funcionários com algum princípio ético. Para os demais, haveria motivação. Porém, somente para servir a alguém e não ao público. Porque é assim que funciona. Principalmente nos setores considerados inexpressivos. Aqueles utilizados como "moedas" de troca política. Para se obter algum cargo que possa ser incorporado ao salário e até melhorar a aposentadoria, o funcionário tem de fazer o "jogo político" de alguém influente para ser nomeado. Quando não é assim, salvo raras exceções, alguém sem nenhuma afinidade com o setor é nomeado para chefiar profissionais com vários anos de experiência.
O que também empaca a máquina.