Que o esporte é uma ferramenta social, ninguém duvida! Mas que também é uma ferramenta política e financeira, isso é! O problema é a prioridade que o Poder Público dá a cada uma delas. A nossa Constituição aponta e determina um caminho. A prioridade deve ser a formação, o desporto educacional. Em casos específicos, o alto rendimento. Mas será que isso vem acontecendo? Certamente, não!
Povo festeiro, o brasileiro gosta de foguetório. E os políticos sabem e se aproveitam disso. E sabem também que dá Ibope, por isso têm o apoio da mídia. Investir no desporto de base, em que pese ser o investimento mais importante, é o mesmo que investir em saneamento básico. Não aparece. Sendo assim, o negócio é fazer festa.
A realização do Pan, da Copa do Mundo e das Olímpiadas, são as provas do faz-de-conta no âmbito federal. E não importam os custos. Na realização do Pan, as despesas saltaram de 400 milhões(orçamento inicial) para 4 bilhões de reais. Nos municípios, guardadas as proporções, não é diferente. Não importa a ausência de um trabalho de base consistente. O que importa é apoiar ou organizar eventos. Se não tiver atletas, contrata-se para não fazer feio. Como dizem nos bastidores: "não vamos fazer festa para os outros".
O problema é que esse eterno desdém acaba facilitando o surgimento dos "peixes-raias". Em meados da década de 80, logo que correu pela primeira vez numa pista, o Betinho atingiu a marca de 1m53s nos 600 metros rasos. O índice era de 2 minutos para a idade de 11 ou 12 anos. Logo a seguir, correu nos 10 KM A Tribuna e ganhou na sua categoria e na categoria acima. Alguns especialistas não hesitaram em afirmar que estava surgindo ali o substituto do Joaquim Cruz.
Quando completou a idade mínima, inscrevemos o Betinho no CAMPS e o levamos para trabalhar na SEMES. Lá, além de mais alguma ajuda, ele trabalhava meio período. O outro ele reservava para treinar e estudar. Durou enquanto durou aquela política, que também não era a ideal. Por isso, continuamos perdendo atletas olímpicos e ganhando presidiários. Do Betinho atleta para o "Peixe-Raia", foi um pulo.
O detalhe é que tudo continua igual ou pior. Hoje, não temos mais o Betinho. Mas, representando centenas, milhares de crianças, temos a Tamires, o Pedrinho, o Gabriel e a Keyla que surgiram na pista do Sesi e que não podem e não devem continuar no esquecimento.
4 comentários:
É meu caro Ibrahim, enquanto o povo se reunir para gritar: "SOU BRASILEIROOOOO COM MUITO ORGULHOOOOO COM MUITO AMOOORR" em treinos da seleção brasileira, e não conseguir se unir para cobrar da classe política uma administração séria e com respeito ao dinheiro publico, este país vai continuar perdendo atletas para o tráfico e para as quadrilhas, pois o dinheiro é mais rápido e mais fácil de ganhar, trabalhar ou desenvolver uma atividade esportiva dá trabalho e precisa dedicação.
Citando as palavras de uma senhorinha que encontrei na fila do supermercado:" O brasileiro só pensa em dinheiro, e nunca em cultura, mas de nada adianta ser rico e burro!!" Sabias palavras de uma senhora de mais de 80 anos desencantada com os rumos que está tomando esta nação.
Acabo de ler que o TRE não aceitou que fossem colocados na internet os nomes dos candidatos que tem pendências na justiça, isto definitivamente não é um país sério.
Estou perdendo as esperanças nesta geração que se aproxima, jovens alienados que vivem de rótulos sem o mínimo senso de Patriotismo, a não ser quando joga a seleção.
A imprensa está nivelando por baixo de vez, o número de "mesas redondas" sobre futebol na Tv é assustador, um bando de técnicos de fim de semana que vivem falando sobre futebol com ares de autoridade, enquanto isso o resto dos esportes do Brasil ficam relegados ao esquecimento, novos atletas sem chance alguma de patrocínio continuam tentando vencer no esporte, mas o mercado é cruel, e o tráfico é mais rentável.
PANIS ET CIRCENSIS.
Em tempo: Vejo que o jornal A tribuna retirou o fórum do ar, pena para alguns de nós que insistia-mos em postar naquele tópico. vazio de idéias e de ideais.
Abração.
É, Fernando! O futebol hoje exclui muito mais do que inclui. Até emissora do governo só fala de futebol nos seus programas esportivos! Vendem uma ilusão e levam milhares de jovens à frustração. Abandonam os estudos, o trabalho, e o pior, na maioria das vezes com o apoio da família. Na mídia só aparece a minoria que se deu bem. A maioria absoluta dos jogadores anda de clube em clube numa pindaiba danada. E o governo perdoando dívidas dos clubes! E mais! Cria loteria para ajudar os clubes a quitarem suas dívidas. Além de autorizar empresas estatais(Petrobrás) a patrocinarem clubes de futebol no exterior(Argentina). Patrocinar o Flamento já é um absurdo.
Forte abraço
Estou de plenop acordo com o seu comentário sr.ibraim um gde abraço e até a proxima .....
Ôpa, Valério! É uma honra! Você faz parte daquela história. Surgiu no Circuito de Atletismo, assim como o Betinho, o Clévio, o Cosme, o Marcelo, a Cristiane, o Fernandinho, o Feijão, o Eduardo(do Educa), o Feitosa e muitos mais. Se naquela época sentimos necessidade de dar uma revigorada no Atletismo, hoje ele está completamente morto. Na ADPM, no SESI e no Portuários já não tem mais nada. O Brasil não paga a FPA faz anos(por isso não está participando das competições oficiais). É uma lástima. E está assim pelo despreparo e mansidão dos profissionais do esporte. Infelizmente.
Um forte abraço, meu amigo...
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