A crise financeira que assola o nosso planeta já tem os culpados. Um deles, ou melhor, uma delas é a minha sobrinha Ana Paula. Branca, loira, só não tem os olhos azuis. Portanto, deve ser culpada somente por uma parte dos problemas. Já os meus amigos maratonistas, Marcos Gozzi e a Keka, ambos de Santos, e a minha amiga também maratonista, Mariane, do Guarujá, estão fritos. Brancos, loiros e de olhos azuis, terão que se explicar para o mundo e correr muito.
É bom que todos saibam que quem fez essas acusações foi “o cara”. Ele mesmo, o presidente Lula. O mesmo que exige a cor da pele nos requerimentos de inscrição e de matrícula nas empresas e nos estabelecimentos de ensino públicos. E sabem o que aconteceu após o esdrúxulo e infeliz comentário? Absolutamente nada. Ou melhor, todos acharam graça e aplaudiram. Inclusive os loiros de olhos azuis. Vamos imaginar o contrário, como sugeriu um artigo recente no Estadão. O que aconteceria se um simples mortal culpasse os negros pelo atraso secular do nosso país? Ou até mesmo pela crise que estamos passando? No mínimo seria preso e responderia a um processo. É essa a diferença. Mas como foi “o cara” quem acusou os loiros, nada aconteceu.
Voltando ao assunto da cor da pele, conversando sobre cotas para negros nas universidades, duas amigas negras manifestaram-se contrárias. Pelo menos tem sido assim com a maioria das pessoas com quem eu converso sobre o assunto, inclusive as de pele negra. Estas têm se considerado desrespeitadas e discriminadas com a medida. São unânimes em afirmar que o que falta é um ensino público de qualidade. Um ensino que possa preparar todos, negros e brancos, para um vestibular e para a vida.
A verdade é que a origem dos problemas econômicos independe da cor da pele. Ela está na ausência de governo. Eu diria que está na escassez mundial de governantes reais, autênticos e menos imediatistas. De governantes capazes de enxergar e planejar a longo prazo e de tomar as atitudes corretas e necessárias. De governantes menos demagogos, tagarelas e tendenciosos.
É bom que todos saibam que quem fez essas acusações foi “o cara”. Ele mesmo, o presidente Lula. O mesmo que exige a cor da pele nos requerimentos de inscrição e de matrícula nas empresas e nos estabelecimentos de ensino públicos. E sabem o que aconteceu após o esdrúxulo e infeliz comentário? Absolutamente nada. Ou melhor, todos acharam graça e aplaudiram. Inclusive os loiros de olhos azuis. Vamos imaginar o contrário, como sugeriu um artigo recente no Estadão. O que aconteceria se um simples mortal culpasse os negros pelo atraso secular do nosso país? Ou até mesmo pela crise que estamos passando? No mínimo seria preso e responderia a um processo. É essa a diferença. Mas como foi “o cara” quem acusou os loiros, nada aconteceu.
Voltando ao assunto da cor da pele, conversando sobre cotas para negros nas universidades, duas amigas negras manifestaram-se contrárias. Pelo menos tem sido assim com a maioria das pessoas com quem eu converso sobre o assunto, inclusive as de pele negra. Estas têm se considerado desrespeitadas e discriminadas com a medida. São unânimes em afirmar que o que falta é um ensino público de qualidade. Um ensino que possa preparar todos, negros e brancos, para um vestibular e para a vida.
A verdade é que a origem dos problemas econômicos independe da cor da pele. Ela está na ausência de governo. Eu diria que está na escassez mundial de governantes reais, autênticos e menos imediatistas. De governantes capazes de enxergar e planejar a longo prazo e de tomar as atitudes corretas e necessárias. De governantes menos demagogos, tagarelas e tendenciosos.
2 comentários:
Ibrahim, eu tentei postar o link desta matéria mas o Blogger corrompia a página, então tomei a liberdade de postar a matéria na íntegra.
Leia e tire suas conclusões do circo que está virando esse sistema de cotas.
Abraços.
UFSM
Cotas de muita polêmica
Aprovada como cotista afro-brasileira no vestibular, candidata teve matrícula cancelada
FERNANDA MALLMANN
A permanência de Tatiana Oliveira, 22 anos, dentro da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), depois da aprovação no Vestibular 2009 para Pedagogia, não durou um mês. Ela começou o ano letivo no dia 9 de março e, na terça-feira passada, foi comunicada que sua matrícula foi cancelada. No centro da discussão para a perda da vaga, está o sistema pelo qual ela foi aprovada: no vestibular, ela se inscreveu como cotista afro-brasileira.
Logo depois da aprovação, na confirmação de vaga, Tatiana entregou os documentos que a UFSM exige para que os candidatos se tornem alunos. No caso dos cotistas afro-brasileiros, o Manual do Candidato diz que é necessária uma autodeclaração do aprovado dizendo que é negro ou pardo. Tatiana fez o que foi pedido e começou as aulas normalmente. A surpresa veio no dia 18 de março, quando ela foi convocada para comparecer a uma entrevista na Reitoria.
Segundo Tatiana, na reunião estavam sete pessoas (três eram negras). Por alguns minutos, eles a teriam questionado sobre a sua raça, se já havia sofrido preconceito e o porquê da sua opção pelo sistema de cotas. Tatiana, filha de mãe branca e pai pardo e neta de avô negro, respondeu:
– Eu falei que me considero parda. Menos parda que meu pai, porque minha mãe é branca. Respondi que nunca sofri preconceito e que escolhi me inscrever nas cotas porque ele dá chance para que nós, de cor parda, possamos ingressar na universidade. Falei a verdade – diz Tatiana.
Depois da entrevista, na terça-feira, ela foi comunicada pela coordenadora do seu curso que a sua matrícula foi cancelada. A decisão revoltou Tatiana e sua mãe, a técnica em Enfermagem Adriana Oliveira.
– O que a UFSM quer? Que só entre quem já sofreu preconceito? Ninguém aqui usou de má-fé para conseguir uma vaga. Pelo jeito, agora teremos de definir a cor da minha filha na Justiça – indigna-se Adriana.
Discriminação – Conforme o pró-reitor de Graduação da UFSM, Jorge Luiz da Cunha – que assina os documentos de cancelamento da vaga de Tatiana –, em todos os casos em que há dúvida sobre o que o aprovado declarou na confirmação de vaga – em qualquer uma das modalidades de cotas: afro-brasileiro, estudante de escola pública, portador de deficiência ou indígena –, ele pode ser chamado após estar cursando a faculdade. Esses alunos são submetidos a uma entrevista com representantes da Comissão de Implementação e Acompanhamento do Programa de Ações Afirmativas de Inclusão Racial e Social da UFSM.
No caso de Tatiana, a avaliação da comissão é que a estudante nunca se considerou afro-brasileira.
– Ela respondeu à comissão que nunca sofreu discriminação, que nunca se considerou parda, que se considera mais clara que outros integrantes da sua família, e que, no vestibular, foi a primeira vez que se disse “parda”. Partindo do espírito das políticas de ações afirmativas na universidade, a comissão, que inclusive tem representantes do Movimento Negro, entendeu que ela não se sente participante desse grupo – destaca.
Quanto ao fato de ter sido comunicada que não teria direito à vaga quase um mês depois do início das aulas, Cunha diz que não há problema.
– Ela poderia ter sido comunicada inclusive depois. Há um artigo na lei do processo administrativo das instituições federais que diz que qualquer erro pode ser corrigido assim que percebido. Nós fazemos isso depois da matrícula porque é o tempo que temos para verificar documentação.
De acordo com Cunha, o caso de Tatiana não é exceção. Segundo ele, outros alunos, neste ano e no ano passado (quando o sistema de cotas da UFSM foi implantado) tiveram vagas canceladas em função de não comprovarem sua condição. Outros processos de avaliação também estariam em andamento. O pró-reitor não soube precisar quantos casos de cancelamento já ocorreram.
Na segunda-feira, a família de Tatiana pretende ir ao Ministério Público Federal para tentar reaver a vaga.
– Tudo o que eu quero é que eu consiga minha vaga – desabafa Tatiana.
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