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quinta-feira, 18 de outubro de 2007

CRIANÇA

A probabilidade de uma criança feliz se transformar em um adulto saudável e equilibrado é muito grande. O que acaba resultando também na diminuição dos índices de violência. O problema consiste em fazer uma criança feliz numa sociedade materialista, desigual e de valores tão invertidos como a nossa. Uma sociedade onde crianças abandonadas pelos pais e dormindo nas calçadas despertam menos compaixão do que um cão abandonado.
Um outro lado triste são as instituições educacionais se omitindo ou contribuindo ainda mais para o agravamento da situação. Já comentamos sobre as monitoras de creches sem nenhuma formação ou empatia para trabalhar com crianças. E, também, sobre as escolas extremamente materialistas. Preocupadas somente com a formação intelectual dos alunos. Pouco ou nada com a formação emocional.
Um triste exemplo de toda essa realidade ocorreu no Jardim Botânico de Santos. Na ocasião, um menino de nove anos de idade "bolava" aula juntamente com dois meninos mais velhos. Conversando com outras crianças, soube que ele agia sempre assim na aula de música. Fato que eu estranhei pela ludicidade que envolve essa disciplina. Ele tinha verdadeiro pavor da professora. Sentimento que era compartilhado por outros alunos e que levei ao conhecimento da direção da escola em questão.
Durante a conversa, lamentavelmente, fui informado que o menino era um aluno "problema". Respirei fundo e lembro de ter respondido que não existia criança "problema". O que existia era uma sociedade cada vez mais problemática. Administrada e sustentada por adultos problemáticos. Dentre eles, pais, políticos, e professores.
Na verdade, o que a criança necessita está sobrando para alguns animais de estimação. É de atenção, carinho e afeto. Na família e na escola.

5 comentários:

Ingrid disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Ingrid disse...

Parece que é mentira a incapacidade que as pessoas têm e que na falta disso transferem o problema para a criança ainda um ser em total formação moral, intelectual e social, já à rotulam como como o "problema", quando o problema é único e absoltuto de uma sociedade doente e hipócrita que enquanto não tomarem suas posições de verdadeiros seres humanos e formadores de caráter, mais fácil será continuar transferindo seus problemas aos mais " fracos ".

Ibrahim Tauil disse...

Ingrid, que honra!
Transferir os problemas para os mais fracos. Eis a questão! Para muitos "professores", trabalhar com crianças é o ideal. Pode-se fazer o que quiser que elas não reclamam. E se reclamarem, pode-se argumentar que é para o bem delas.
Em 28/9 eu postei um texto denominado AFETIVIDADE. Se puder, dê uma olhada.
Beijos

O Mascate disse...

Não esqueçam que as escolas se transformaram em ótimos negócios assim como a saúde, onde o estado falha o particular atua com lucros exorbitantes.
Os pais que não tem tempo para os filhos transferem para os professores a tarefa de educar, coisa que tem que ser feita em casa, o professor tem a obrigação de ensinar.
Grandes escolas particulares e pais idiotas que acreditam serem seus filhos o centro do universo fizeram da educação um grande negócio onde o professor de educador passou a ser servente do aluno com a incumbência de manter o cliente satisfeito a qualquer preço, podemos perder professores mas nunca os clientes, esse é o lema das escolas de hoje, diante de um quadro em que meu pai estudou com mestres, eu estudei com professores, e meus filhos estudam com funcionários públicos, o que mais há de se fazer?
Nas universidades os mestres formavam opiniões, os professores tentavam passar idéias contra a ditadura e ser de esquerda era legal, e hoje os empregados dessas instituições não sabe o que estão fazendo lá, pois a ditadura acabou, a esquerda é uma piada de mal gosto, e os alunos querem o "diproma" para tentar algum concurso público que garanta o futuro da sua sobrevivência encostado no estado.
estamos nos tornando os vira - latas das história, o mundo avança a passos largos e nós nos arrastando na mediocridade de um povo sem forças que só pensa em reunir 2.000.000 de pessoas em uma passeata Gay e não reúne nem 500 em um protesto por melhores condições de educação ou de saúde, enquanto isso o cachorrinho da madame tem 3 refeições por dia, médico e banho, e as crianças pobres continuam sem amor, sem alimentos, sem saúde sem educação e sem futuro....Pobre Brasil!!

Ibrahim Tauil disse...

Fernando
Nós estamos vivendo uma época em que a família está em desuso, em extinção. Filhos órfãos de pais, filhos de pais ausentes, são criados pelos avós ou em creches. Daí a importância das monitoras e recreacionistas de creches serem formadas. Além de terem a empatia necessária para trabalhar com essa faixa etária. Fase mais importante na formação emocional do ser humano. Infelizmente, não é o que acontece. O viés político prevalece nas contratações. Na seqüência, as escolas precisam inserir a prática da afetividade, da compaixão, do companheirismo. Isso para amenizar o excessivo individualismo do "vencer a qualquer custo".
Mais uma vez, obrigado...