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sábado, 4 de setembro de 2010

OS CACIQUES DA TRIBO TAUIL

As lembranças que eu guardo dos meus tios são as lembranças da minha infância e de parte da minha juventude. A tia Alice(Glória), a mais velha, era quem dava as ordens, quem comandava. Lembro de algumas broncas que ela dava em meu pai(Jamil) e nos outros irmãos. Ela era alfaiate. Na época, uma das poucas, senão a única mulher alfaiate. Uma das travessuras que fazíamos, eu e meu primo Paulo, seu filho, era transformar seus alfinetes em anzóis e pescar no aquário de um vizinho.
Já o tio Elias era mais compenetrado, mais sério. Não esqueço de uma passagem em que eu estava sobre uma pilha de caixotes brigando com um vizinho. Entre nós dois, um muro cheio de cacos de vidro. Do lado de lá, sobre uma escada, o moleque tascava lama em mim. E do meu lado, sobre os caixotes, eu tascava água nele com uma mangueira. Não deu outra, ele acertou em cheio o meu rosto. Ao tentar me desviar, os caixotes balançaram e cairam. Instintivamente estendi o braço esquerdo para me segurar no muro. Cheio de vidro, fiquei pendurado por um caco enterrado na palma da minha mão. O tio Elias, que morava ali perto, veio me socorrer, enquanto a mulherada gritava. Ele tinha sangue frio.
O tio Lole(Jorge), meu padrinho, morava em um sobradinho ao lado do estádio do Santos F.C. Época em que os muros do estádio eram baixos e podíamos assistir os jogos da sacada da casa dele. O sobradinho está lá até hoje. Outra lembrança é a da praia. Bom nadador, ele me colocava nas costas e se lançava ao mar. Eu ali, agarrado em seu pescoço como se fosse o pescoço do Tarzan. Foi também o primeiro da família a ter um carro. Um chevrolet preto. Foi nele que fiz a minha primeira viagem a São Paulo. Fomos assistir, Santos 1 x 1 Palmeiras, no estádio do Pacaembu. Depois do jogo, fomos conhecer a Av. Paulista. Senti uma grande emoção ao pisar naquele asfalto e ver todos aqueles prédios. Morava em rua de terra e casa de madeira, aquilo pra mim era sinônimo de desenvolvimento. Estava enganado. Hoje eu vejo por que a maioria dos nossos governantes, também daquela época, gostam tanto de concreto e asfalto.
A tia Olga(Maria) foi a minha madrinha. Lembro do seu olhar amoroso e da sua comida saborosa...rsrs...Principalmente da "dobradinha". Moleque esperto, comentava com a tia Dulce, muher do tio Lole, da "dobradinha" deliciosa da tia Olga . Não dava outra, ela tentava preparar uma "dobradinha" ainda melhor e me convidava pra almoçar. Depois era só elogiar a "dobradinha" da tia Dulce pra tia Olga e aguardar também o convite pro almoço. Eu provocava a competição e me aproveitava. Mas era por uma boa causa...E um bom rango...rsrs...
Agora o tio Nelson, o grande "Paiação", foi se juntar a eles. Foi bater a sua bolinha em outros campos. Ele era canhoto e tinha uma certa habilidade no futebol. Outra habilidade era a da comunicação. Teve programa de animação em uma rádio. Isso na época dos auditórios e programas ao vivo e com platéia. Foi diretor do Clube de Regatas Santista, onde costumava promover e animar eventos para crianças. E com elas ele era feliz. Tinha a ousadia de brincar junto. Com a natureza e a infância sendo extintas pelos adultos, o "Nersão" vai fazer falta.

2 comentários:

Unknown disse...

Ai tio, que lindo.....
E o vô? Vc não falou dele!
Bjs

Ibrahim Tauil disse...

Tem um texto em que eu falo somente dele. "As lições e a herança deixadas por meu pai"...Bjs...