O jornal
inglês The Guardian publicou recentemente uma reportagem relatando o
drama de uma região da Índia que utilizou o herbicida endossulfam
na sua lavoura. Segundo as pesquisas, cerca de 50% dos domicílios
daquela região tem um adulto ou uma criança sofrendo severas
deficiências. Dentre outros, epilepsia, paralisia cerebral e
seríssimos problemas de pele e respiratórios. Os pesquisadores
ainda não sabem o que acontecerá com as centenas de milhares de
pessoas que foram expostas ao veneno e que estão atingindo a idade
adulta. Principalmente com os filhos que elas planejam ter. Em função
disso, a Suprema Corte da Índia proibiu o uso do endossulfam mas
permite que as empresas vendam para outros países. Veneno, aliás,
proibido em mais de 60 países.
Faço
este preâmbulo para dizer que o endossulfam ainda é utilizado no
Brasil. Com ele, pelo menos dez produtos proibidos na União
Européia, Estados Unidos, China e até no Paraguai ainda são
utilizados nas lavouras brasileiras. Não é por menos que ostentamos
o título de campeão mundial do uso de agrotóxicos. De acordo com o
presidente do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para
Defesa Agrícola, o consumo foi de um milhão de toneladas em 2009.
Se fosse
cumprida, a lei que regulamenta a utilização de agrotóxicos no
campo minimizaria os efeitos nocivos. O problema é a fiscalização
ineficiente. Lei, aliás, que não foi regulamentada para a área
urbana por vários motivos. Um deles é o solo compactado que acaba
acumulando água, o que pode envenenar pequenos animais. O outro é a
impossibilidade de isolar o local da aplicação por 24 horas como é
feito no campo, além da dificuldade da dispersão do veneno pelo
vento.
Proibido por lei, alguns municípios
teimam em continuar utilizando o chamado mata-mato, expressão suave
para mascarar os riscos associados a estes produtos. O correto e
recomendado pelo CONAMA é a contratação de mão de obra para
capinar, não envenena e gera emprego. Outra sugestão seria a
contratação de moradores em situação de rua para as frentes de
trabalho, minimizando assim outro problema.
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