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quarta-feira, 2 de maio de 2012

AGROTÓXICOS


O jornal inglês The Guardian publicou recentemente uma reportagem relatando o drama de uma região da Índia que utilizou o herbicida endossulfam na sua lavoura. Segundo as pesquisas, cerca de 50% dos domicílios daquela região tem um adulto ou uma criança sofrendo severas deficiências. Dentre outros, epilepsia, paralisia cerebral e seríssimos problemas de pele e respiratórios. Os pesquisadores ainda não sabem o que acontecerá com as centenas de milhares de pessoas que foram expostas ao veneno e que estão atingindo a idade adulta. Principalmente com os filhos que elas planejam ter. Em função disso, a Suprema Corte da Índia proibiu o uso do endossulfam mas permite que as empresas vendam para outros países. Veneno, aliás, proibido em mais de 60 países.
Faço este preâmbulo para dizer que o endossulfam ainda é utilizado no Brasil. Com ele, pelo menos dez produtos proibidos na União Européia, Estados Unidos, China e até no Paraguai ainda são utilizados nas lavouras brasileiras. Não é por menos que ostentamos o título de campeão mundial do uso de agrotóxicos. De acordo com o presidente do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Agrícola, o consumo foi de um milhão de toneladas em 2009.
Se fosse cumprida, a lei que regulamenta a utilização de agrotóxicos no campo minimizaria os efeitos nocivos. O problema é a fiscalização ineficiente. Lei, aliás, que não foi regulamentada para a área urbana por vários motivos. Um deles é o solo compactado que acaba acumulando água, o que pode envenenar pequenos animais. O outro é a impossibilidade de isolar o local da aplicação por 24 horas como é feito no campo, além da dificuldade da dispersão do veneno pelo vento.
Proibido por lei, alguns municípios teimam em continuar utilizando o chamado mata-mato, expressão suave para mascarar os riscos associados a estes produtos. O correto e recomendado pelo CONAMA é a contratação de mão de obra para capinar, não envenena e gera emprego. Outra sugestão seria a contratação de moradores em situação de rua para as frentes de trabalho, minimizando assim outro problema.






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