Alguém já disse que uma rua sem árvores é uma rua sem alma. Uma crítica, certamente, ao valor excessivo que se dá às obras realizadas pelo homem. E a árvore é uma obra divina! “Árvores são poemas que a terra escreve para o céu!” Escreveu o filósofo e poeta libanês, Khalil Gibran. Eu diria que uma cidade sem árvores é uma cidade sem alma, uma cidade sem vida.
Houve uma época em que as árvores eram adoradas. Eram consideradas verdadeiras divindades, sentimento substituído pelo sentimento de adoração ao ser humano. De lá para cá o interesse pelas árvores passou a ser o interesse financeiro. E o sentimento, o de verdadeira aversão. Árvore, na opinião da maioria das pessoas e de muitos dirigentes, prejudica a lavoura, prejudica o pasto, suja, quebra calçadas, danifica isso, danifica aquilo e por aí vai. Certamente desconhecem a sua importância na alimentação dos lençóis freáticos que formam as nascentes. Na redução do impacto causado pelas chuvas, evitando a erosão do solo, o assoreamento dos rios e as tragédias que vitimam milhares de pessoas todos os anos. Na absorção da água que volta à atmosfera, em forma de vapor, através da transpiração das folhas que ajudam na formação das nuvens. Na alteração do clima, tornando-o mais ameno - uma só árvore pode transpirar até 500 litros de água por dia -. Na redução do aquecimento através da interceptação solar pelas suas copas, criando ambientes mais agradáveis nas horas mais quentes do dia, fator que reduz o consumo de energia, reduzindo o gasto com refrigeração. Na diminuição da influência dos ventos fortes e na realização de uma verdadeira faxina no ar - estudos apontam a remoção de 1,2 toneladas/hectare de dióxido de carbono -. No processo que comprovadamente auxilia a manutenção da saúde e a recuperação de doentes, pesquisadores descobriram que uma substância produzida pelas árvores que as protegem do apodrecimento também beneficiam o sistema imunológico do ser humano. No Japão é costume pacientes caminharem no bosque, é o chamado “Banho de Floresta”. E por fim, desconhecem a importância das árvores na conservação da biodiversidade. Da vida de todas as espécies.
Num mundo regido por interesses puramente financeiros das minorias que ditam os rumos das decisões políticas, a única saída para a preservação das florestas e a incrementação da arborização urbana terá de ser financeira também. E aí o processo fica muito difícil, quase impossível. A não ser que as vantagens financeiras sejam direcionadas para a maioria da população, com políticas de incentivo às pesquisas direcionadas à geração de renda com a floresta em pé e da conscientização do cidadão de que o seu imóvel na área urbana será mais valorizado na mesma proporção em que a sua região for mais arborizada.
Para isso é necessário o comprometimento das ações governamentais com a vida e com a diminuição dos desníveis sociais. Algo muito difícil com o surgimento e a proliferação cada vez maior de políticos e governantes frouxos, corruptos e insensíveis.