Era uma manhã de segunda-feira e o comércio ainda estava fechado. De passagem pela Rua D. Pedro II, no centro de Santos, parei diante de duas crianças que dormiam na calçada. Eu estava anotando o endereço para poder acionar o Serviço Social da Prefeitura, quando ouvi alguns gritos. Ao me virar, vi uma senhora bem vestida correndo atrás de um cãozinho abandonado. Gritava e acenava para que o segurassem, sem êxito. O animal fugiu em disparada. Ofegante, ela comentou o quanto sofria ao ver animais abandonados. Recuperando o fôlego, desviou-se com cuidado das duas crianças que continuavam dormindo na calçada, despediu-se e continuou o seu caminho.
Neste mesmo espaço eu comentei sobre a "animalização do homem". Um fenômeno crescente que se completa com a "humanização dos animais". E a saída para essa inversão cruel de valores está na escola. A mesma escola que tem se dedicado quase que exclusivamente para a competição. Em preparar o aluno para competir e vencer. E assim ele acaba vendo o seu semelhante como um adversário, um inimigo. Urge que se comece a discutir também a questão sentimental na escola. E o assunto não pode e não deve ficar somente nas discussões. É necessário que se criem metodologias que possam desenvolver a prática da camaradagem, da amizade, da empatia e do afeto.
3 comentários:
Meu caro Ibraihm, a tempos atrás tive um contratempo com algumas pessoas que eram de minhas relações justamente por pensar de uma forma "caolha" aos olhos da sociedade moderna, ou seja, pensar e não ser hipócrita é estar fora da moda.
Acontece que em uma mesa de um restaurante conversávamos sobre assuntos diversos quando não sei de onde surgiu o assunto sobre animais abandonados, eu coloquei a minha opinião que: As pessoas são capazes de enxergar um cão abandonado ao lado de um menor também abandonado, mas a criança eles não enxergam, e a criação de tantas ONGS ´para animais e nenhuma para seres humanos, puts, fui pregado na cruz por causa desse posicionamento, o mínimo que me falaram é que pessoas que não gostam de animais não podem ser boas pessoas.
Imagine, eu apenas dei a minha opinião e fui pré julgado e condenado por coisas que eu não havia dito, daí vc conclua o nível de idiotização do ser humano em relação aos animais.
É de se lamentar que os humanos estão conseguindo se relacionar com os animais mas não conseguem dar bom dia para o vizinho no elevador.
Por causa desse fato que relatei, eu por conta própria excluí esse grupo de pessoas do meu grupo de amizade, pois eu não conseguiria mais conviver com gente tão estúpida.
Legal, Fernando! É uma honra tê-lo aqui. Certa vez eu li uma entrevista dada por um psicólogo, na qual ele afirmava que esse fenômeno se dá em função da necessidade do ser humano se sentir dominador. O cão, ao contrário do felino, tem essa característica submissa. Já ouvi também que o cão é muito mais esperto do que possamos imaginar. Se faz passar por submisso para obter regalias. A realidade é que há um exagero. Não sei se já fizeram alguma pesquisa, mas eu gostaria de saber a proporção de cães por habitante. Considerando-se que eles também defecam e urinam, pela quantidade que eu imagino, já era pra ter uma Estação de Tratamento e um Emissário Submarino para esgoto canino.
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